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18 de julho de 2022

  • Quais são as perspectivas da soja?

    A safra 2021/22 foi marcada por estoques apertados no Brasil e no mundo devido à quebra de safra na América do Sul

    A safra 2021/22 foi marcada por estoques apertados no Brasil e no mundo devido à quebra de safra na América do Sul como resultado dos efeitos do fenômeno La Niña e ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Na média do Brasil, de acordo com a Conab, a produtividade ficou em 50,5 scs/ha, redução de 14,1% em relação à safra anterior, o que frustrou as expectativas resultando em uma produção total de 124 milhões de t, 10,2% inferior à da safra passada mesmo com aumento de 4,4% na área plantada.

    O produtor brasileiro foi beneficiado novamente pelo aumento das cotações da oleaginosa em relação à temporada passada. A média do valor da saca de soja entre fevereiro e maio desse ano na CBOT, por exemplo, foi 14% superior à do mesmo período do ano passado. E, em Sorriso foi de 8,8% a mais quando comparado à safra anterior. Ainda que nem todos os produtores tenham conseguido aproveitar essas elevações das cotações por terem realizado fixações de parte da safra antecipadamente, os preços médios obtidos ainda foram superiores aos realizados na safra passada e propiciaram margens bastante atrativas.

    Olhando para a safra 2022/23, a nossa perspectiva é que os preços seguirão em patamares elevados historicamente, mas algum arrefecimento é esperado diante da expectativa de aumento da produção em importantes países produtores e exportadores. De acordo com o USDA, a produção de soja no mundo deverá aumentar 11% somando 391 milhões de toneladas. Além de considerar um crescimento de 2% na produção dos Estados Unidos, tal cenário pondera que a safra na América do Sul deverá alcançar 208 milhões de toneladas, aumento de 20% sobre a safra passada. Ainda assim, a relação estoque/uso deverá oscilar ao redor de 26%, nível abaixo das safras anteriores embora superior ao da 2021/22.

    É importante destacar que a consolidação dessa produção estimada pelo USDA está sujeita a revisões, uma vez que ainda estamos no meio do período de desenvolvimento da lavoura nos Estados Unidos e a safra na América do Sul terá seu plantio iniciado apenas no final do terceiro trimestre do ano.

    No tocante à produção no Brasil, espera-se que os números voltem a patamares superiores aos da safra 2020/21, alcançando o volume recorde 149 milhões de t. Nosso cenário supõe um crescimento de 2% da área plantada e níveis de produtividade próximos aos observados em 2020/21 . A despeito de ainda haver riscos quanto à disponibilidade plena de fertilizantes e os altos preços do insumo podendo levar a uma redução de seu uso, assumimos que a combinação entre os bons níveis de estoques de fertilizantes no solo e aplicações mínimas possibilitarão bons níveis de produtividade no Brasil caso não ocorram grandes choques climáticos.

    No tocante à demanda, a nossa expectativa é que ela siga firme na esteira do aumento da produção de ração no mundo e da onda de esverdeamento da matriz energética, o que puxará o consumo de óleos vegetais para a produção de biocombustíveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) já aumentou a obrigação da utilização de biodiesel no país. Além disso, a produção de diesel verde1 deverá se acelerar ainda mais em solo americano com os investimentos recentes em aumento de capacidade.

    É válido ressaltar também que embora seja esperado um incremento da produção de óleos vegetais no mundo, a relação entre oferta e demanda quando olhada de maneira agregada deverá seguir justa. No Brasil, o consumo também deverá crescer puxado pelo aumento da produção de ração e pela busca de óleos vegetais, seja para as exportações ou a reboque de uma possível recomposição da mistura do biodiesel no diesel no mercado local, caso ocorra.

    Ainda assim, e considerando que as exportações poderão alcançar 88 milhões de t, as nossas primeiras projeções mostram que os estoques de passagem deverão voltar a aumentar, o que, consequentemente, poderá limitar o valor dos prêmios nos portos no Brasil.

    Produtores – margens boas, mas caindo em relação à safra anterior

    As nossas estimativas apontam para mais um ano de margens atrativas para o produtor na safra 2022/23, porém menores que as observadas na safra anterior. Por mais que esperemos um aumento de custos diante da elevação dos preços em dólares dos defensivos e fertilizantes, principalmente desse último, e aumento de despesas com diesel e mão de obra, os balanços apertados devem deixar pouco espaço para quedas abruptas das cotações garantindo uma boa rentabilidade.

    Apesar do cenário positivo, alguns cuidados devem ser tomados para garantir os bons níveis de margens. É importante, por exemplo, que o produtor esteja atento à melhora recente da relação de troca para adquirir os insumos.

    Embora o cenário de risco de disponibilidade de fertilizantes tenha se reduzido diante dos bons níveis de importação, ficar no final da fila de pedidos pode significar não ter o insumo disponível no momento corretocaso haja algum problema na interiorização de tais produtos. Não se pode deixar de mencionar também que os custos financeiros deverão subir substancialmente diante do aumento das taxas de juros no Brasil e no mundo, o que deverá implicar em maior comprometimento do resultado operacional com despesas financeiras.

    É válido destacar que o ambiente de negócios seguirá influenciado pelo grande nível de incertezas derivado dos desdobramentos da guerra no Leste Europeu e também dos eventos relacionados à Covid-19. Diante desse cenário, é de se esperar, por exemplo, que a volatilidade cambial seguirá elevada e que atrasos logísticos poderão ocorrer.

    Diante desse cenário, é imperativo que gestores monitorem bem seus riscos (mercado, operacional, financeiro etc.), com especial atenção ao descasamento cambial. É importante também preservar bons níveis de liquidez para fazer frente aos possíveis aumento do ciclo de caixa.

    As informações são do relatório da Consultoria Agro BBA.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • MILHO: produtores devem ter mais um ano de boas margens

    Para o Brasil, os baixos estoques observados na safra 2020/21 devem voltar a aumentar com a previsão de uma produção recorde na safra 2021/22 em 115 milhões de toneladas

    Ao longo do 1º semestre de 2022 a média do valor da saca de milho na CBOT foi 21% superior frente ao mesmo período do ano passado. A razão para essa elevação na CBOT vem do cenário de balanço de oferta e demanda global apertado que ganhou mais preocupações com a interrupção do fluxo comercial oriundo da região do Mar Negro derivado dos conflitos entre Ucrânia e Rússia, que juntos representam 18% da produção mundial de milho, sendo a Ucrânia o quarto maior produtor mundial. Adicionalmente, a região é importante produtora e exportadora de trigo, produto substituto ao milho na ração animal.

    No mercado interno, os preços se mantiveram firmes na média do 1º semestre de 2022 frente ao mesmo período no ano passado a despeito da chegada da 1ª safra, que teve seu total produzido afetado pela seca e altas temperaturas na Região Sul do Brasil, e do cenário de bom desenvolvimento da safrinha, que deverá totalizar 88 milhões de t de acordo com a Conab apesar de alguns cinturões de produção também terem enfrentado desafios para o desenvolvimento da lavoura. Olhando para a frente, a nossa perspectiva é que os preços do milho em Chicago se mantenham firmes também safra 2022/23 diante da perspectiva de uma relação entre oferta e demanda ainda em patamares apertados com a produção global sendo impactada pela redução de área de milho nos Estados Unidos e queda de produção na Ucrânia que, de acordo com USDA, deverá ter uma retração de 15%.

    Como consequência desse cenário, devemos observar uma diminuição no estoque de passagem global, que, nas estimativas do USDA, só não será maior pois o consumo mundial também deverá cair. Assim, a relação “estoque/uso” deverá seguir próxima dos 26% como nas duas últimas safras. Além disso, caso tenhamos algum problema em um importante país produtor, a relação de oferta e demanda poderá voltar a ser deficitária e abrir espaço para um novo aumento das cotações.

    Especificamente para o balanço norte-americano, o USDA projeta uma redução da produção da ordem de 4%, em consequência da queda da área plantada com milho no país em detrimento, principalmente, do crescimento da superfície cultivada com soja no país. Com esse cenário, a relação entre o estoque e uso local tende a seguir abaixo da média dos últimos anos.

    Em relação à China, importante importador global do cereal, apesar de o USDA esperar uma leve redução da produção local, o órgão aponta que as importações do milho tenderão a reduzir quando comparado com a safra 2021/22, atingindo 18 milhões de t. Entretanto, recentemente os governos chinês e brasileiro avançaram no acordo do protocolo sanitário que deve pavimentar o caminho para que o milho nacional também seja destinado à esse importante mercado.

    Para o Brasil, os baixos estoques observados na safra 2020/21 devem voltar a aumentar com a previsão de uma produção recorde na safra 2021/22 em 115 milhões de t. Isso somado à um cenário de leve aumento de área a ser produzida com milho verão na safra 2022/23 e também de um crescimento de 5% no plantio de milho safrinha, que seria abaixo da média de 9% dos últimos 3 anos, deverá trazer um conforto maior em relação à disponibilidade local de tal sorte que conseguiríamos amortecer possíveis aumentos das exportações – ocupando espaços deixados pela Ucrânia, por exemplo – e ainda assim reduzir os níveis de prêmios sobre as paridades com as cotações internacionais.

    Em outras palavras, no nosso cenário, diferentemente do observado em 2021 e 2022 (até o momento de escrever essa publicação), as cotações deverão atravessar 2023 oscilando ao redor dos níveis de paridades de exportação, ou seja, em patamares levemente menores do que em 2022. Entretanto, fundamental para a determinação dos preços no Brasil será a taxa de câmbio, que, conforme nossas expectativas (ver capítulo Cenário Econômico) tende a seguir desvalorizado ao longo de 2023.

    Produtores – mais um ano de boas margens

    As nossas estimativas apontam para mais um ano de boas margens para a cultura do milho na safra 2022/23. De fato, embora esperemos algum arrefecimento, os preços do milho tendem a seguir em bons patamares e amortecer, mesmo que parcialmente, os impactos das altas dos custos de produção nas margens.

    Milho

    Ainda assim, como já comentado no capítulo de outras culturas, alguns cuidados devem ser tomados para garantir os bons níveis de rentabilidade. É válido chamar atenção, por exemplo, da recente melhora da relação de troca para adquirir os insumos, principalmente após as quedas dos preços dos nitrogenados para patamares próximos dos observados no período préguerra entre Ucrânia e Rússia. Embora o cenário de risco de disponibilidade de fertilizantes tenha se reduzido, ainda não se pode descartar a hipótese que possíveis desafios para a entrega de tais insumos poderão ocorrer, o que poderia afetar a disponibilidade de produtos para os que estiverem no final da fila.

    É válido destacar que o ambiente de negócios seguirá influenciado pelo grande nível de incertezas derivado dos desdobramentos da guerra e também dos eventos relacionados à Covid. Diante desse cenário, é de se esperar, por exemplo, que a volatilidade cambial seguirá elevada e que atrasos logísticos poderão ocorrer, como observado recentemente.

    Na China, houve perda de eficiência operacional nos portos do país a reboque da crise de Covid-19. Diante desse cenário, é imperativo que gestores gerenciem bem seus riscos (mercado, operacional, financeiro, etc), com especial atenção ao descasamento cambial. Adicionalmente, dados os maiores custos e gargalos logísticos esperados para o próximo ano, será importante.

    ao produtor preservar bons níveis de liquidez para fazer frente à possíveis aumentos do ciclo de caixa, seja para operar em um mercado antecipado para compra de insumos e/ou para alongamento do prazo de recebimento das agroindústrias.

    A análise é da Consultoria do Agro Itaú BBA.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Algoritmo adaptado à agricultura brasileira pode viabilizar a irrigação de precisão no país

    Dentre as aplicações do algoritmo está o manejo de irrigação por taxa variável em pivô central

    Compreender a variação espaço-temporal do consumo hídrico em áreas irrigadas é fundamental para o manejo inteligente da água na agricultura.

    Um estudo, conduzido pelo pesquisador Wagner Wolff, possibilitou o desenvolvimento de um algoritmo para mapeamento da evapotranspiração (ET) em culturas agrícolas, otimizado por observações de campo. Wolff foi pós-doutorando no Departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), sob a supervisão do professor Marcos Vinicius Folegatti. Atualmente, coordena um projeto apoiado pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fapesp, com o objetivo de validar essa tecnologia no mercado de agricultura irrigada do Brasil.

    “Existem diferentes algoritmos de balanço de energia na superfície por sensoriamento remoto [SEB-RS, conforme as iniciais da expressão em inglês]. O problema é que esses algoritmos foram formulados para condições específicas de sensores remotos, níveis de sensoriamento [orbital por meio de satélites e suborbital por meio de drones], climas, solos e culturas. Sua generalização para áreas com muita diversidade, como ocorre na agricultura brasileira, é um grande desafio. O principal diferencial do algoritmo que desenvolvemos é a característica de ele ser ajustado a partir de observações no campo. Para cada processamento, os parâmetros e modelos do algoritmo são atualizados e o mapeamento da evapotranspiração é realizado com alta exatidão. Brincamos que, antes da ‘irrigação de precisão’, tem que haver ‘irrigação de exatidão’. Somente assim podemos ter certeza de que o manejo de irrigação por taxa variável funcione”, diz o pesquisador ao Pesquisa para Inovação.

    Denominado Ground-Truthed Surface Energy Balance (GT-SEB), o algoritmo utiliza observações in situ de evapotranspiração para calibragem. O estudo foi realizado em duas áreas experimentais: a primeira na Fazenda Areão da Esalq, na cidade de Piracicaba, e a segunda na fazenda experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul.

    Alimentado por dados de sensores remotos em satélites e drones e de estações meteorológicas, o GT-SEB explora observações de campo para fusão de dados. Para cada área de processamento, restrições são impostas, gerando novos parâmetros e modelos. Assim, uma melhor performance é obtida, incertezas são reduzidas e o algoritmo apresenta uma maior generalização para diferentes condições climáticas.

    “Utilizamos imagens dos sensores orbitais Operational Land Imager [OLI] e Thermal Infrared Sensor [TIRS], instalados no satélite Landsat 8, e imagens de um sensor suborbital de alta resolução, com a câmera Altum acoplada a um drone. As variáveis meteorológicas necessárias para o processamento do algoritmo foram obtidas de estações adjacentes às áreas experimentais. Dois processamentos extras que utilizam observações in situ de evapotranspiração caracterizam o diferencial do GT-SEB perante os outros algoritmos: um para escolha automática dos ‘pixels âncoras’ e outro para otimização dos parâmetros do algoritmo. Ambos visam a redução do erro entre a ET observada e a ET estimada pelo GT-SEB”, detalha Wolff.

    Pivô central

    O algoritmo foi descrito na revista Agricultural Water Management. Dentre suas aplicações está o manejo de irrigação por taxa variável em pivô central. Nesse tipo de sistema, uma área circular é projetada para receber uma estrutura suspensa que, em seu centro, recebe uma tubulação. Por meio de um raio que gira em toda a área circular, a água é aspergida por cima da plantação. Assim, o pivô é a fonte fornecedora de água e de energia elétrica.

    Mediante o mapeamento da evapotranspiração, é possível determinar zonas de manejo de irrigação como se fossem “fatias de pizza”. Para cada “fatia”, a velocidade de avanço do pivô central é controlada de forma que a água a ser aplicada varie setor por setor. Em comparação com o manejo de irrigação convencional, determinando a demanda de irrigação apenas pelo sensor no campo e irrigando de forma fixa, o manejo de irrigação por taxa variável possibilitou uma economia de 31% no uso de água e energia.

    “Atualmente, o GT-SEB faz parte do desenvolvimento do IrrigaTruth, um sistema inteligente que facilita o manejo de irrigação de precisão em pivôs centrais para agricultores, sendo um produto da startup WaterTruth”, afirma Wolff, que é um dos fundadores.

    A pesquisa contou com apoio da Fapesp.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/