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20 de julho de 2022

  • Cigarrinha: ‘Temos que conscientizar o produtor sobre manejo adequado e consistente’

    Especialista na cultura do cereal fala sobre a importância da adoção de estratégias corretas para conter o aumento da presença do inseto nas lavouras

    Engenheiro agrônomo e especialista na cultura do milho da Bayer, Paulo Roberto Garollo conta que viu uma cigarrinha do milho pela primeira vez em 1995. Foi em uma plantação no interior de Goiás, estado onde vive até hoje. Como se especializou na cultura do cereal, o estudo sobre a cigarrinha se tornou obrigatório.

    Cigarrinha é vetor para enfezamento do milho

    O inseto é conhecido e temido por ser vetor de agentes que provocam o enfezamento do milho. Folhas pálidas ou avermelhadas são os principais sintomas e, entre as consequências, a redução no porte das plantas e a deficiência na formação da espiga e dos grãos.

    Todavia, de alguns anos para cá, o aumento da população da cigarrinha em si, mesmo que não esteja infectada com os agentes causadores do enfezamento, tem causado preocupação e prejuízos.

    “Provavelmente você deve ter visto folhas pretas, porque ela se alimenta entre as últimas folhas do terço superior e, principalmente, no terço médio que é onde ela concentra a oviposição. Aí eu tenho a produção ‘melada’, que vem do excesso de açúcar que a cigarrinha excreta, caindo nas folhas. E ele se torna fonte de alimento de um fungo, se expandindo em forma de colônia, tomando conta da folha. É assim que se forma a fumagina na folha e na própria palha”, conta o especialista.

    Temperatura ideal para desenvolvimento da praga

    Garollo comenta que, principalmente no Brasil central, a temperatura entre 27 ºC e 30 ºC contribui significativamente para o desenvolvimento da cigarrinha. A faixa é ideal para todas as fases da vida do inseto. Com o aumento da área de lavoura de milho, o crescimento da população é exponencial.

    Entre os produtores, existe uma grande preocupação com relação à eficiência dos produtos utilizados no combate à cigarrinha. Mas, para o especialista, mais importante do que o produto é a estratégia adotada.

    “Qual o produto que eu tenho que usar e para qual momento? Qual seria o melhor produto? Todos os produtos que estão lá, para serem registrados, passaram por pesquisas que comprovam pelo menos 80% de eficiência. E os melhores produtos dificilmente chegarão a 90% no campo. Essa diferença é muito pouca significativa. Então o que devemos fazer? Melhorar a estratégia: qual ‘arma’ eu uso para este momento e qual eu uso para aquele momento? Isso fará toda a diferença”, afirma.

    Campanha de manejo eficiente

    Garollo ainda sugere que seja lançada uma campanha “para o agricultor fazer de forma correta o manejo da cigarrinha”. Ele argumenta que o agricultor que não faz o controle corretamente, não acredita ou não está sendo bem orientado, acaba sendo um “doador” para aquele que faz.

    “Toda hora está chegando inseto de algum lugar. Desse modo, a sensação de quem está fazendo corretamente é que não há controle algum, que nada mata a cigarrinha. O primeiro passo, então, é que nós teríamos que conscientizar todos os agricultores nas regiões onde ocorre a pressão da praga, para que todos fizessem de maneira mais adequada e consistente o manejo da cigarrinha”, conclui.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Proprietário rural pode emitir Certificado de Cadastro de Imóvel

    O documento comprova a inscrição das propriedades e posses rurais no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR)

    Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) referente ao exercício de 2022 já pode ser consultado e emitido.

    O documento comprova a inscrição das propriedades e posses rurais no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) – base de dados federal, gerenciada pelo Incra, com informações das áreas públicas e privadas.

    Para obter o CCIR, o interessado deve acessar o banner indicativo no site do Incra ou diretamente no endereço https://sncr.serpro.gov.br/ccir/emissao. Também pode baixar o aplicativo “SNCR Mobile” para uso em dispositivos móveis, como tablets e celulares.

    Quem não tem acesso à internet conta com o serviço nas Salas da Cidadania das superintendências regionais e unidades avançadas do Incra ou em uma Unidade Municipal de Cadastramento (UMC), instalada em parceria com as prefeituras.

    É necessário pagar a Taxa de Serviço Cadastral, por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU), emitida com o certificado. O valor depende do tamanho da área e deve ser quitado até 16 de agosto, sem cobrança de juros e correção, exclusivamente na rede de atendimento do Banco do Brasil.

    Caso a quitação não ocorra até a data limite, haverá cobrança de multa e juros. Débitos da taxa de anos anteriores serão cobradas no atual certificado. Em caso de impressão de segunda via do documento já quitado, não será preciso pagar novamente a taxa.

    Importância

    O CCIR constitui prova do cadastro do imóvel rural no SNCR. É indispensável para desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda o imóvel rural e para homologação de partilha amigável ou judicial (sucessão causa mortis) de acordo com os parágrafos 1º e 2º do artigo 22 da Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966.

    Sem a apresentação do certificado, os proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer título de imóvel rural não poderão, sob pena de nulidade, realizar qualquer tipo de alteração na titularidade, dimensão da área, localização, tipo de exploração realizada e classificação fundiária.

    O CCIR também é obrigatório para o produtor solicitar crédito agrícola em bancos e instituições financeiras.

    As informações constantes do documento são exclusivamente cadastrais e, nos termos do parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, “não fazem prova de propriedade ou de direitos a ela relativos”.

    Informações

    Dúvidas sobre o CCIR podem ser esclarecidas junto ao Incra e às Unidades Municipais de Cadastramento (UMC).

    O instituto disponibilizou, este ano, um canal de comunicação via mensagens instantâneas para orientar o titular de imóvel rural cadastrado sobre o CCIR (emissão, pagamento, atualização e outras questões).

    O atendimento é via WhatsApp, por meio de assistente virtual. É necessário salvar no celular o telefone (61) 3411-7001 para iniciar a conversa via aplicativo de mensagem. Neste primeiro momento, todas as operações no WhatsApp são informativas.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Estudo considera soja brasileira como exemplo no uso de biofertilizantes

    Para pesquisadores, outras culturas poderiam seguir técnicas de manejo utilizadas na oleaginosa para reduzir impactos ambientais e aumentar a produtividade

    Os biofertilizantes são aplicados em cerca de 80% da área plantada com soja no Brasil. Essa técnica de manejo, com a substituição do adubo químico, reduz impactos ambientais e econômicos, ao que os cientistas chamam de microbioma.

    A estratégia consiste no efeito conjunto de fungos, bactérias e outros microrganismos em prover os nutrientes necessários às plantas, garantindo maior produtividade nas lavouras.

    Reconhecimento

    O sucesso desse tipo de técnica foi destacado em artigo publicado na revista Frontiers in Microbiology sobre o impacto da pesquisa em microbioma nos diferentes setores da economia, como a agricultura, em produtos fermentados e na saúde humana.

    A iniciativa faz parte do MicrobiomeSupport, programa patrocinado pelo Horizon 2020 da União Europeia que envolve pesquisadores e empresas de 28 países, entre eles o Genomics for Climate Change Research Center (GCCRC), um dos Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE) apoiados pela Fapesp em parceria com a Embrapa.

    “O Brasil é um dos poucos países do mundo a obter sucesso na utilização de biofertilizantes na soja. O país é o maior produtor e exportador da commodity e, atualmente, 80% da área plantada de soja utiliza microrganismos para fixar o nitrogênio. Isso tem um impacto ambiental positivo muito grande”, afirma Rafael de Souza, pesquisador associado do GCCRC e um dos autores do artigo.

    Segundo ele, estima-se que 430 milhões de toneladas de CO2 equivalente não sejam lançados na atmosfera por conta do uso das bactérias fixadoras de nitrogênio. “Há ainda a proteção de mananciais, pois o nitrogênio químico tende a contaminar os rios”, completa.

    Impactos econômicos

    Na parte econômica, o impacto do uso de microrganismos do solo também é grande. “A guerra na Ucrânia mostrou a forte dependência que temos pela importação de fertilizantes químicos”.

    “O Brasil importa aproximadamente 77% do fertilizante nitrogenado utilizado nas culturas agrícolas. A soja é a única exceção. Ela não depende dessa importação justamente por conta dos fixadores biológicos de nitrogênio, o que gera uma economia de aproximadamente US$ 10 bilhões em fertilizante nitrogenado” afirma o pesquisador.

    De acordo com o consultor da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) e coautor do estudo, Solon Cordeiro de Araujo, os biofertilizantes trazem uma economia enorme para o agricultor. Isso porque, enquanto o fertilizante químico custa em torno de R$ 1.000,00 por hectare, o inoculante (produto que leva o microrganismo) custa menos de R$ 50,00 por hectare.

    “O trabalho realizado no caso da soja foi selecionar determinadas bactérias, isolá-las e aplicá-las na lavoura, de modo a incrementar a quantidade desses microrganismos benéficos no solo. Com isso, as bactérias substituem o fertilizante nitrogenado. Portanto, em vez de fornecer via produto sintético [químico], os agricultores utilizam o biofertilizante, denominado inoculante, que aproveita o nitrogênio do ar e fornece o nutriente diretamente para a planta”, explica Araujo.

    Expansão dos biofertilizantes

    O impacto é particularmente importante, considerando que o Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo, com mais de 40 milhões de hectares plantados.

    Ao destacar os resultados econômicos e ambientais gerados a partir da pesquisa em microbioma no Brasil, os autores do artigo também pretendem estimular que outras culturas agrícolas do país adotem o uso dos biofertilizantes, assim como também mais pesquisa seja realizada para a substituição de outros adubos químicos por microrganismos.

    Isso porque a planta necessita principalmente de três linhas de adubo para se desenvolver: o nitrogênio, o fósforo e o potássio. No caso da soja, apenas o nitrogênio é fornecido como biofertilizante, os outros dois nutrientes são utilizados na forma de adubo químico. Nas outras culturas, como milho, feijão e arroz, por exemplo, geralmente utiliza-se adubação química para os três nutrientes.

    Atuação tripla

    Os biofertilizantes de nitrogênio vêm sendo desenvolvidos no Brasil desde que se introduziu a soja, ainda na década de 1960. “O Brasil optou por essa linha, de desenvolver e aperfeiçoar a bactéria e os produtos à base de bactéria, para que pudesse substituir o nitrogênio químico”, diz Araujo.

    De acordo com o artigo, foi o trabalho conjunto de três setores que permitiu a substituição do nitrogênio químico pelo microbioma nas lavouras de soja. “Isso é resultado do trabalho de três setores. Primeiro, a pesquisa, com a academia, a Embrapa e as universidades, trouxe a tecnologia necessária para o país; o regulatório, ou seja, o legislativo permitiu a regulamentação desses produtos; e também a indústria, na adoção e comercialização”, diz Souza.

    A pesquisa com microrganismos está presente desde a implantação da soja no país. No entanto, houve um maior crescimento no número de artigos e produtos nos últimos dez anos em decorrência das ferramentas de sequenciamento genético mais acessíveis.

    “O caso da soja brasileira é importante também para abrir portas para que outros produtos ganhem mercado e outras culturas agrícolas passem a utilizar biofertilizantes”, diz Souza.

    Modelo para outras culturas

    A expectativa é o crescimento do desenvolvimento de tecnologias baseadas em microbioma no país. Além dos avanços na pesquisa, que permitem selecionar melhor os microrganismos e produzir inoculantes mais potentes, os pesquisadores destacam outra série de fatores que devem contribuir para seu uso em diferentes culturas.

    “Fala-se em tempestade perfeita para o impulsionamento do uso de biofertilizantes no Brasil. Hoje temos uma variedade grande de startups e centros de pesquisa interessados em desenvolver novos produtos em microbioma para diferentes culturas agrícolas”, considera Souza.

    Para ele, os números de economia e proteção ambiental são consideráveis. “Fora isso, ficou clara a necessidade de maior autonomia frente aos fertilizantes químicos, pois eles são, em sua maioria, importados. Com isso, o caso da soja brasileira pode ser um impulsionador para que se avance ainda mais no uso de biofertilizantes no país”, afirma.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/