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15 de agosto de 2022

  • Tecnologia de ressonância magnética reduz perdas de fertilizantes

    Pesquisa define a quantidade de anti-umectante necessária para suprimir a absorção de água pela ureia

    Um estudo inédito permitiu monitorar e avaliar estratégias preventivas para evitar o empedramento dos fertilizantes quando em contato com alta umidade.

    A pesquisa, que utiliza ressonância magnética, permitiu determinar, com precisão e rapidez, as propriedades hidráulicas de solos, uma das informações mais relevantes para a agricultura e o melhor uso da água.

    O trabalho foi desenvolvido pelo agrônomo da Embrapa Solos, Etelvino Henrique Novotny, em colaboração com o Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP). O cientista tem direcionado sua pesquisa para a espectroscopia, método para análise de substâncias baseado no estudo da interação da matéria com a energia, tornando-se um dos 50 pesquisadores mais citados da América Latina.

    Absorção de água pela ureia

    A pesquisa avalia a eficácia de anti-umectantes em fertilizantes, estudando não somente a absorção de água, mas sua distribuição nos diferentes componentes do produto, obtendo informações de importância prática, como a exata quantidade e o momento em que a água é absorvida pela ureia e pelo anti-umectante.

    “Conseguimos definir a quantidade de anti-umectante necessária para suprimir a absorção de água pela ureia, de acordo com o tempo de exposição à alta umidade, ou seja, é possível ‘projetar’ quanto de anti-umectante o fertilizante necessita para, por exemplo, ficar à noite exposto à umidade na lavoura, sem que o processo de empedramento se inicie”, explica Novotny.

    Segundo ele, também é possível definir exatamente quando a ureia começa a se solubilizar, que é a primeira etapa do empedramento.

    Ressonância magnética

    O método de ressonância magnética em baixo campo torna possível acompanhar, em tempo real, a dinâmica de absorção de umidade pelos fertilizantes e outros produtos. Com isso, é possível avaliar com muito mais precisão diferentes estratégias que visam diminuir as perdas por empedramento.

    “Tão importante quanto as novas fontes de fertilizantes é minimizar suas perdas e otimizar seu uso, aumentando a sustentabilidade da agropecuária e diminuindo a dependência. Seguindo o conceito da sustentabilidade, será possível produzir mais com menos, reduzindo a necessidade de importações, exaurindo menos recursos não renováveis”, avalia.

    De acordo com o pesquisador, cerca de 80% da matéria-prima e produtos industriais (além dos fertilizantes, alimentos, fármacos e agroquímica) são na forma de pós ou particulados, muitos sujeitos ao empedramento.

    Outros estudos

    O pesquisador da Embrapa Solos lembra que diversos outros estudos inéditos com a utilização de equipamento de ressonância magnética nuclear em baixo campo na Ciência do Solo estão em andamento, com resultados promissores, como a determinação das curvas de retenção de água no solo e monitoramento da dissolução de fertilizantes no solo em tempo real.

    No Brasil, Novotny tem dado continuidade aos estudos utilizando a tecnologia de ressonância magnética desenvolvida pela startup Fine Instrument Technology (FIT). Único equipamento fabricado no país, o SpecFit já vem sendo utilizado em análises diversas de produtos da agroindústria em parceria com a Embrapa Instrumentação (São Carlos).

    Análises rápidas

    As análises são realizadas em poucos segundos, de forma não destrutiva e podendo ser feitas, na maioria das vezes, sem a necessidade de se abrir as embalagens.

    “Nossa tecnologia tem permitido usos inovadores, como na seleção de sementes oleaginosas, análises de grãos e de alimentos industrializados – inclusive para identificação de adulteração de produtos – para a identificação do teor de gordura e maciez de carnes e, agora, também de fertilizantes. As fronteiras estão se expandindo”, ressalta a CEO da FIT, Silvia Azevedo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Área irrigada do Brasil pode crescer 4,2 milhões de hectares, diz estudo

    De acordo com dados do IBGE, em 2021, a área de cultivo irrigada no país correspondia a 8,2 milhões de hectares

    Uma pesquisa divulgada pela TCP Partners, uma empresa de investimentos e gestão, prevê que a área irrigada do Brasil pode crescer 4,2 milhões de hectares até 2040.

    Segundo o estudo, desde 2006, a agricultura irrigada no Brasil apresenta uma taxa de crescimento médio de 4,7% ao ano.

    De acordo com dados do IBGE, em 2021 a área de cultivo irrigada correspondia a 8,2 milhões de hectares. A previsão é de que até 2040 ocorra um crescimento aproximadamente 50% em termos relativos para o período.

    Segundo o estudo Mercado de Irrigação Agrícola do Brasil, a cultura de cana-de-açúcar fertirrigada representa 2,9 milhões de hectares ou 35,4% em relação ao total, seguido pelas demais culturas em pivôs centrais (arroz, cana e café) com 1,4 milhões de hectares ou 17,6% em relação ao total.

    A região Sudeste concentra a maior participação no percentual de área irrigada, com 39,8%, seguida pelo Sul com 25%, enquanto o Norte representa apenas 5,5%.

    Potencial

    Para Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe da TCP Partners, as variações climáticas sempre foram motivo de preocupação para a atividade agropecuária, o que certamente favoreceu o desenvolvimento de tecnologias em diversas áreas.

    “O mercado é próspero e minimiza riscos climáticos, além de potencializar a produtividade do agronegócio. E a indústria de irrigação é um importante pilar para a expansão do agronegócio em seus vários segmentos, como frutas, hortaliças e grãos, pastagens”, explica o economista.

    A área de grãos cultivada no Brasil apresentou entre 2006 e 2021 uma taxa de crescimento de 2,5% ao ano. Há ainda a previsão que a produção de grãos chegue a cerca de 333 milhões de toneladas até 2031, aumento de aproximadamente 80 milhões de toneladas ou 32% em termos relativos para os próximos 10 anos.

    O incremento de novas áreas agricultáveis é uma resposta direta para garantir uma oferta mundial de alimentos a um preço que amenize o ambiente inflacionário derivado da forte demanda por commodities.

    Portanto, para sustentar o crescimento da produção de grãos e outros produtos agrícolas, a irrigação é um elemento fundamental, assim como a genética, defensivos agrícolas e fertilizantes.

    “O segmento de irrigação tem muitas oportunidades e atrai muitos investidores. É possível identificar um número relevante de empresas de pequeno e médio porte e a presença em multinacionais de capital aberto atuando no mercado brasileiro. Acreditamos que o negócio de irrigação será promissor uma vez que é parte da solução de redução de riscos e assim, deverá atrair investidores, produtores, governos e demais agentes que atuam no agronegócio”, finaliza Jacomassi.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Parasita causa prejuízo de R$ 65 bilhões na soja brasileira

    Saiba como controlar nematoides fitoparasitas, que também causam dano indireto na cultura, favorecendo a entrada de fungos nas plantas

    A cada dez safras de soja, uma é perdida. A conclusão alarmante faz parte de pesquisa inédita realizada pela Syngenta em parceria com a consultoria Agroconsult e a Sociedade Brasileira de Nematologia.

    O estudo apontou números preocupantes sobre prejuízos e perdas decorrentes de nematoides e doenças iniciais. De acordo com o levantamento, já existe uma estimativa de R$ 65 bilhões em perdas por conta desse problema somente na cultura da soja.

    O que são nematoides?

    Vermes microscópicos capazes de parasitar as plantas, com prejuízo direto ao desenvolvimento e produtividade de todas as culturas, os nematoides fitoparasitas também causam dano indireto, favorecendo a entrada de fungos nas plantas.

    Impossíveis de serem identificados a olho nu, os nematoides não podem ser erradicados uma vez que identificados no solo, o que torna o controle e o manejo imprescindíveis para evitá-los e, assim, manter o bom desenvolvimento, produtividade e rentabilidade da lavoura: que começam sempre por um solo saudável.

    Prejuízos para todas as culturas

    A pesquisa realizada sobre a distribuição e crescimento dos nematoides no Brasil percorreu todo o país durante 2021 e traz detalhes importantes sobre a problemática em todas as regiões, nos mais diversos cultivos e para todas as espécies encontradas.

    Se o cenário permanecer como está, a expectativa é de que produtores brasileiros (contando todas as culturas) tenham um prejuízo somado de até R$ 870 bilhões em menos de 10 anos.

    Situação grave no Sul, Centro-Oeste e Norte

    Hoje, as regiões mais impactadas pela presença dos nematoides no solo são Sul, Centro-Oeste e Norte, em especial no Cerrado. Em alguns estados, os vermes estão presentes em mais de 99% das amostras.

    A espécie Pratylenchus ssp., por exemplo, é a mais identificada, chegando a mais de 75% das áreas analisadas. No mapa abaixo, é possível ter uma dimensão da situação atual.

    Soja em alerta

    Um dos dados mais expressivos apontados pela pesquisa é o prejuízo causado pela presença dos nematoides na soja. Perdas de R$ 374 bilhões em menos de 10 anos somente nesta cultura são previstas.

    É importante lembrar que os nematoides podem ser encontrados em animais, no solo, na água, e atuam próximos às raízes dos bulbos das plantas. Eles se alimentam das raízes, podendo remover o conteúdo celular e impedir a absorção de água e de nutrientes pelas culturas. Na soja, ficam grande parte do seu ciclo de vida dentro das raízes da oleaginosa.

    Mas como se proteger?

    Pesquisadores consideram a eliminação completa dos tipos de nematoides na soja quase impossível, mas existem medidas que permitem o controle de modo que não ofereça ameaça econômica ao cultivo.

    Vale destacar que os períodos ideais para combate desses micro-organismos são a entressafra e o plantio. Para controlá-los, o Climate FieldView™ recomenda oito medidas:

    1. Identificação e monitoramento da área contaminada

    Para implementar um sistema de controle eficaz, é necessário conhecer os microrganismos que estão afetando a área. Para isso, é necessário enviar a um laboratório de análises nematológicas uma amostragem de solo. Depois, realizar o monitoramento é essencial para manter o desenvolvimento da lavoura.

    2. Controle biológico

    Existem defensivos biológicos que podem controlar os nematóides. Veja quais são os principais para o controle na soja:

    • Paecilomyces lilacinus: fungo que compromete a reprodução dos nematóides;
    • Trichoderma harzianum: fungo que controla as lesões radiculares causadas pelos nematóides;
    • Pochonia chlamydosporia: fungo que parasita e mata ovos e fêmeas de nematóides;
    • Bacillus amyloliquefaciens: essa bactéria pode ser aplicada em tratamento de semente ou em sulco de plantio
    • Pratylenchus brachyurus: nematóide das lesões radiculares.

    3. Plantio de cultivares tolerantes

    Existe a possibilidade de escolher e realizar o plantio de genótipos tolerantes. No entanto, é importante saber que nem sempre eles garantem resultados satisfatórios da lavoura. A prática deve ser feita com o complemento de outras medidas, como a rotação de culturas e medidas fitossanitárias.

    4. Rotação de culturas

    Esse é um dos métodos mais recomendados para controlar nematoides, de acordo com pesquisadores. A rotação com plantas não-hospedeiras restringe a multiplicação do patógeno. Como exemplo de opções de culturas para a rotação com a soja, o trigo, a cevada e a aveia branca (inverno), milho, algodão e o girassol (verão) são indicados.

    5. Tratamento de sementes

    O manejo dos organismos pode ser feito pelo método complementar de tratamento de sementes. Para isso, é necessário agir contra o causador da doença no momento do plantio da soja.

    6. Plantas antagonistas

    Outra forma de lutar contra nematóides é usar as plantas antagonistas. Elas melhoram o controle biológico e promovem auxílio aos combatentes naturais. Alguns exemplos são o centeio, a mamona e o feijão de porco. São divididas em dois tipos: plantas armadilhas e hospedeiras desfavoráveis.

    Todas elas causam danos ou prejudicam o desenvolvimento dos nematóides, evitando que seu ciclo de crescimento se complete.

    7. Medidas fitossanitárias

    O controle fitossanitário evita a disseminação de nematoides entre campos ou localizações geográficas. O método é simples e implica limpeza de máquinas e equipamentos, higienização de ferramentas e implementos agrícolas de forma cuidadosa.

    A melhor maneira de evitar a propagação de pragas é utilizar, primeiramente, os equipamentos em áreas não infestadas, para depois cuidar das áreas com necessidade de controle de infestação.

    8. Controle químico

    O controle é feito com a aplicação de produtos em sulco ou em pulverização terrestre, que atuam para aumentar o vigor das plantas. Porém, é recomendável integrar outros métodos de controle e não só o químico, isoladamente, como rotação de culturas e medidas fitossanitárias e monitoramento da área contaminada.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/