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7 de julho de 2022

  • Leite: preço ao produtor tem alta real de 20,6% no ano, aponta Cepea

    Com o custo de produção elevado, a projeção é que os valores praticados nos próximos meses continuem firmes no campo

    O preço do leite captado em maio/22 e pago aos produtores em junho/22 registrou aumento de 5,3% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,6801/litro na média Brasil líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Segundo a entidade, essa é a quinta alta mensal consecutiva, levando a uma valorização real de 20,6% (valores deflacionados pelo IPCA de maio/22) desde janeiro.

    Os preços do leite no campo seguem em alta, devido à menor produção. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de leite cru industrializado pelos laticínios brasileiros diminuiu 10,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021. Com isso, as indústrias de laticínios seguem em disputa pela compra do leite cru, matéria-prima para a produção de lácteos, para tentar evitar a capacidade ociosa de suas plantas, aponta o Cepea.

    A restrição de oferta do leite – e, consequentemente, dos lácteos – é explicada pela entressafra da produção. Com o inverno e clima mais seco, a qualidade e disponibilidade das pastagens cai e, por isso, a alimentação do rebanho é afetada, levando à queda na produção.

    Os técnicos do Cepea destacam que, neste ano, o fenômeno climático La Niña também intensificou os efeitos sazonais de diminuição da oferta.

    Custos de produção do leite

    A pesquisa da entidade informa que, ainda que o componente climático seja importante para explicar esse cenário, o principal fator que explica essa alta substancial dos preços é o aumento dos custos de produção. Segundo o Cepea, o custo operacional efetivo da atividade esteve em alta nos últimos três anos – de janeiro de 2019 a maio de 2022, o avanço no COE foi de expressivos 56%.

    Dessa forma, toda estrutura de produção teria se encarecido nos últimos anos, espremendo as margens dos produtores. Diante desse cenário, muitos pecuaristas enxugaram investimentos ou saíram da atividade. Para assegurar alguma rentabilidade, produtores também recorreram ao abate de animais, atraídos pelos elevados preços da arroba. De acordo com dados do IBGE, o número de vacas e novilhas abatidos no primeiro trimestre de 2022 aumentou 11,4% e 17,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.

    Altas no preço do leite represadas

    Levando-se em conta que a produção de leite é uma atividade de ciclo operacional longo, o Cepea sustenta que esse cenário observado atualmente é resultado de um longo período de aumentos consistentes nas cotações dos insumos agropecuários, que corroeu margens de produtores e de laticínios por muitos meses.

    Agentes do setor consultados pelo Cepea relatam que essas altas nos preços dos produtos de leite vinham sendo represadas, já que a demanda brasileira está bastante fragilizada. Contudo, a redução drástica da oferta levou a uma situação generalizada de queda nos estoques de derivados lácteos, o que tem sustentado o avanço dos preços ao consumidor.

    Perspectivas

    A expectativa do setor é de que os preços do leite no campo sigam firmes, à medida que a oferta continuou baixa em junho. O levantamento do Cepea mostra que, em Minas Gerais, o preço médio mensal do leite spot subiu 26,2% de maio para junho, em termos reais, chegando a R$ 3,80/litro na média mensal.

    Grande parte desse aumento ocorreu da primeira para a segunda quinzena do mês, quando o preço médio subiu 20,8% e atingiu R$ 4,16/litro. Com a matéria-prima mais cara e estoques enxutos, os derivados lácteos seguiram fortemente valorizados em junho.

    De acordo com a pesquisa do Cepea e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na negociação entre laticínios e canais de distribuição do estado de São Paulo, os preços médios mensais do leite UHT e da muçarela avançaram quase de 18% de maio para junho.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Mais de 30 entidades se unem contra a suspensão do carbendazim

    Produto é um dos 20 mais usados no país no combate a fungos que atacam as lavouras

    Mais de 30 organizações ligadas à produção agrícola no Brasil se uniram na tentativa de reverter uma decisão tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana. Essas entidades buscam derrubar a suspensão imposta contra o carbendazim, um dos 20 defensivos mais utilizados no país para combater a propagação de fungos que atacam — e destroem — as lavouras.

    Para Glauber Silveira, que é presidente da Câmara Setorial da Soja e comentarista do Canal Rural, a decisão da Anvisa sobre o carbendazim mostra que, infelizmente, o produtor rural brasileiro só tem levado “chumbo”. Ele lembrou que a autoridade sanitária determinou a retirada imediata do produto do mercado, apesar de, tecnicamente, ele estar em fase de reavaliação.

    “Isso é um absurdo”, enfatizou Silveira, que, ao participar da edição desta quarta-feira (6) do telejornal Mercado & Companhia, detalhou qual é, de fato, a solicitação do setor. “O que as entidades pedem é que ele [o produto] possa ser utilizado enquanto está sendo reavaliado porque, muitas vezes, na reavaliação [final] acaba sendo liberado para seguir no mercado”, pontuou.

    Silveira destacou que o Brasil não é o único país a usar o carbendazim. Ele lembrou que outras mais de 80 nações também consomem o produto no dia a dia do agronegócio. Além disso, ele lamentou o fato de, ao menos por aqui, não haver nenhum similar que possa substituir — ao menos de forma imediata — esse defensivo. Diante de tal situação, o especialista externou o receio de ver os custos aumentarem para os produtores rurais.

    Carbendazim, um novo paraquat?

    No sentido de riscos de mais gastos para quem está na linha de frente das lavouras, Glauber Silveira lembrou do caso do paraquat, defensivo que teve seu uso proibido no Brasil em setembro de 2020. Desde então, os agricultores têm sofrido, relatou. “Com o paraquat, o estrago foi enorme. O produtor tem que usar outros produtos para tentar substituir, mas que não substituem [com a mesma qualidade]”, analisou, alertando que, para quem dependia do paraquat, o custo médio aumentou em cerca de R$ 900.

    Projetos de lei no Congresso Nacional

    O comentarista do Canal Rural aproveitou a participação no ‘Mercado & Companhia’ para reforçar que entidades como AprosojaAbramilhoAbrapa e CNA apoiam o projeto de lei (PL) de número 6.58/2021, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O apoio se dá porque, entre outros fatores, o texto permite que o produtor rural — independentemente de seu tamanho — possa desenvolver seus próprios bioinsumos. O que não ocorre, contudo, com um PL que corre no Senado Federal. “E isso nos deixa muito preocupados”, afirmou Silveira.

    Por fim, ele indicou que suspensões de produtos e a possibilidade de se proibir a produção interna poderá fazer com que o Brasil, no médio prazo, venha a sofrer com a temida insegurança alimentar.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Clima favorável faz Conab estimar produção de grãos em 272,5 mi de toneladas

    Volume, se confirmado, representará aumento de 6,7% na comparação com a temporada anterior

    A produção de grãos prevista para a segunda safra está estimada em 272,5 milhões de toneladas no ciclo 2021-2022. É o que indica o 10º Levantamento da Safra, divulgado nesta quinta-feira (7) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

    De acordo com a entidade, esse volume, se confirmado, representará aumento de 6,7% na comparação com a temporada anterior, o que equivale a acréscimo próximo de 17 milhões de toneladas. No que se refere ao total de área utilizada para a produção, o aumento será de 4 milhões de hectares, chegando a 73,8 milhões.

    “Com cerca de 60% do milho segunda safra em maturação e 28% colhidos, a colheita total do cereal está estimada em 115,6 milhões de toneladas, 32,8% a mais que no ciclo passado. Apenas na segunda safra da cultura, o aumento chega a 45,6%, com 88,4 milhões de toneladas”, informou a Conab.

    Caso os números sejam confirmados, esta será a maior produção de milho segunda safra já registrada em toda a série histórica. “No entanto, é preciso ressaltar que, mesmo com estágio avançado da cultura, cerca de 19% das lavouras de segunda safra de milho ainda se encontram sob influência do clima”, acrescenta a companhia, ao esclarecer que as previsões são projetadas levando em conta um cenário de “condições climáticas favoráveis”.

    Mais grãos: sorgo, feijão e arroz

    Outro grão que tende a bater recorde de produção é o sorgo, conhecido também como milho-zaburro, utilizado na preparação de ração para animais, em especial frangos. O produto tem como vantagem a maior resistência à estiagem. Segundo a Conab, os estados que registraram os maiores percentuais de crescimento são Mato Grosso do Sul, o Piauí e a Bahia, “com incrementos de 362,6%, 227,2% e 98%, respectivamente”.

    A produção total estimada para o feijão é de 3,1 milhões de toneladas, com destaque para o cultivo da segunda safra que, segundo a estatal, deve registrar aumento de 26% na comparação com o ciclo passado. Com isso, a produção passará de 1,1 milhão de toneladas para 1,4 milhão.

    Essa recuperação se deve, de acordo com a Conab, às boas condições climáticas registradas em comparação ao ano-safra 2020/21.

    A estiagem ocorrida no Sul do país e em parte de Mato Grosso do Sul prejudicou as lavouras de arroz e soja. Com isso, a produção prevista de soja é de 124 milhões de toneladas, enquanto que para o arroz a colheita estimada é de 10,8 milhões de toneladas.

    Trigo

    O trigo ganhou destaque entre as culturas de inverno, com possibilidade de bater novo recorde de produção, chegando a 9 milhões de toneladas. “Com esse volume, o crescimento na colheita de trigo chega a 75% em comparação à safra de 2019, quando foi registrada produção de 5,1 milhões”. diz a Conab.

    “Esse é um dado muito importante, uma vez que o trigo é uma cultura que o país importa metade do que consome, destacou o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. Segundo ele, ao ofertar produtos como trigo, milho e sorgo, o Brasil está “consequentemente contribuindo para a queda da inflação”.

    Revisões

    O 10º levantamento apresenta estimativas sobre grãos que, em geral, foram revisadas para cima, na comparação com as divulgadas no relatório anterior. As exceções ficaram como a soja e o algodão, “em virtude da diminuição esperada na produção”.

    No caso da soja, “as estimativas de sementes/outros usos e perdas e estoque final também diminuíram 0,11% e 4,42%, respectivamente, sendo o estoque de passagem de 2022 estimado em 4,65 milhões de toneladas”.

    “Já o suprimento e o estoque final de algodão foram reduzidos em 0,67% e 2%, respectivamente. Quanto ao mercado internacional da fibra, a perspectiva, entretanto, é que as exportações finalizem o ano em 2,05 milhões de toneladas de pluma”, acrescentou.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/