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25 de julho de 2022

  • LEITE: preços ao produtor podem subir mais de 15%

    Desde janeiro deste ano, o leite no campo acumula valorização real de 19,8% (valores deflacionados pelo IPCA de junho/22)

    O preço do leite captado em maio/22 e pago aos produtores em junho/22 registrou aumento de 4,6% frente ao mês anterior (a quinta alta consecutiva), chegando a R$ 2,6801/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. Desde janeiro deste ano, o leite no campo acumula valorização real de 19,8% (valores deflacionados pelo IPCA de junho/22). As pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam forte elevação dos preços em julho (referente à captação de junho): estima-se que a “Média Brasil” líquida possa subir mais de 15%, ultrapassando o patamar de R$ 3,00/litro.

    Preços dos derivados disparam em junho
    Os preços do leite longa vida (UHT), do queijo muçarela e do leite em pó (400g) no estado de São Paulo encerraram o mês de junho com médias de R$ 5,22/litro, de R$ 36,55/kg e de R$ 30,55/kg, respectivas altas reais de 17,7%, de 17,2% e de 6,7% em relação ao mês anterior, conforme pesquisa realizada pelo Cepea com apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Em relação ao mesmo período do ano passado, as valorizações foram de 31,94% para o UHT, de 14,95% para a muçarela e de 10,53% para o leite em pó (400g), em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de junho/22).

    Importações de lácteos sobem 30% em junho
    As importações de lácteos subiram 30,2% entre maio e junho, totalizando 85,26 milhões de litros em equivalente leite, segundo a Secex. Com isso, o volume internalizado de lácteos já supera em 17,28% o registrado em junho/21. Ainda assim, comparando-se a quantidade total adquirida nesse primeiro semestre (365,4 milhões de litros em equivalente leite) com o mesmo período do ano passado, observa-se queda de 34,41%.

    COE da pecuária leiteira volta a subir; alta no 1º semestre é de 4,35%

    Depois da leve queda em maio, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresentou ligeira alta de 0,10% em junho, considerando-se a “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). No acumulado de 2022 (de janeiro a junho), a elevação do COE é de 4,35% – vale lembrar que, no mesmo período do ano passado, o COE havia aumentado 11,49%.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Pesquisa da Embrapa atesta alta qualidade tecnológica do trigo brasileiro

    As características especiais identificadas habilitam o uso do trigo brasileiro na panificação industrial

    O Brasil produz trigo de alta qualidade. É o que atesta a pesquisa conduzida pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Embrapa Trigo (RS) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) com o trigo cultivado no Cerrado Mineiro.

    Além do desempenho tecnológico, mostra bom rendimento no campo e na agroindústria, com características especiais que habilitam seu uso na panificação industrial, segundo a Instrução Normativa nº 38/2010, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

    A expectativa é que o resultado incentive ações de pesquisa e desenvolvimento para geração de novas cultivares adaptadas ao solo nacional e estimule políticas públicas de fomento à cadeia produtiva, reduzindo a dependência brasileira da importação do cereal.

    O estudo foi publicado no Journal of Food Processing and Preservation sob o título:  Brazilian Cerrado Wheat: Technological Quality of Genotypes Grown in Tropical Location (“Trigo do Cerrado Brasileiro: qualidade tecnológica dos genótipos cultivados em locais tropicais”, em tradução livre), e contou com financiamento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

    Foram estudadas 34 amostras provenientes de 12 genótipos de trigo desenvolvidos pela Embrapa e cultivados sob sistemas irrigados e de sequeiro, em cinco municípios do Cerrado Mineiro.

    Os testes clássicos de caracterização físico-química e reológica (viscosidade) das amostras de trigo tropical mostraram qualidade tecnológica muito boa. As análises indicaram elevada força de glúten na maior parte delas, comprovando que o cereal é apropriado para ser utilizado na panificação ou mesmo em mescla com trigo de força menor, em caso de ser melhorador.

    “Existe um enorme potencial comercial a ser explorado com o cultivo do trigo em ambientes tropicais, como o Cerrado Brasileiro”, conta Martha Zavariz, pesquisadora do Laboratório de Qualidade de Grãos, da Embrapa Trigo.

    A região de Cerrado é caracterizada por não ter chuva na época de colheita, assim, os grãos são sadios com baixa atividade da enzima alfa-amilase, ou seja, não se apresentam germinados, sendo, portanto, adequados para produção de farinha para fazer pão. Além disso, os grãos, em geral, apresentam textura dura, gerando um bom rendimento em farinha, o que é muito interessante para os moinhos em termos comerciais. “Na moagem industrial, quando os grãos são duros, a casca ou farelo separa-se mais facilmente do endosperma (parte branca do interior do grão), permitindo rendimentos mais elevados em farinha branca”, explica.

    Análises inéditas mostram também potencial prebiótico

    Além dos estudos reológicos clássicos, a equipe de pesquisa realizou uma abrangente caracterização do amido, a partir de análises inéditas com o trigo do Cerrado.

    A equipe promoveu uma correlação estatística com 36 variáveis, que compreenderam desde aspectos ligados ao plantio até a transformação industrial do trigo em farinha para uso alimentício. “Identificamos um equilíbrio entre os teores do amido danificado e da força de glúten nas amostras analisadas, adequados para produção de pães de qualidade, com miolo macio, crosta crocante e visual atraente”, revela Cristina Takeiti, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

    Especialmente as variedades cultivadas no município mineiro de Piumhí (MG) expressaram um alto nível de amido resistente, devido ao clima e ao solo da região.

    “Esse trigo apresenta uma estrutura molecular de amido mais cristalina, compacta e organizada, o que indica ser mais resistente à digestão, compatível, portanto, com potencial efeito prebiótico” aponta Mariana Larraz, professora e pesquisadora do curso de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição da Unirio. “Essa fração de amido resistente possui ação metabólica de fibra alimentar, trazendo benefícios para a microbiota intestinal e, consequentemente, para a saúde humana. Trata-se de um diferencial superinteressante do trigo cultivado no Cerrado Mineiro para o desenvolvimento de alimentos funcionais que contribuem para a promoção de uma alimentação mais saudável”, complementa a pesquisadora.

    Em síntese, os dados analisados pelos pesquisadores e publicados no artigo científico indicam que o Cerrado possui grande potencial para se tornar uma das maiores regiões produtoras de trigo de alta qualidade no mundo. Para alcançar esse patamar, segundo o professor e pesquisador do curso de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição da Unirio Luiz Carlos Gutkoski, que atua há mais de 30 anos em estudos de qualidade tecnológica de trigo, é preciso continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento de novas cultivares de trigo adaptadas ao solo nacional e avançar em políticas públicas para incentivar a cadeia produtiva.

    Expansão do trigo nacional pode reduzir dependência de exportação

    Com a alta global de preços de cereais como o trigo, que aumentou mais de 50% nas últimas quatro décadas segundo o índice global de preços da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a expansão da produção de trigo em território nacional com qualidade e produtividade pode tornar o país menos dependente dos impactos do mercado internacional.

    Por que o Brasil ainda importa trigo?

    Com alta produtividade e qualidade de cultivo em várias regiões do país, como o Cerrado Mineiro, qualquer um pode se perguntar o motivo de o Brasil ainda importar trigo. A resposta para esta questão não é simples, e sua solução envolve a atuação de vários atores da cadeia produtiva.

    A questão logística afeta negativamente a triticultura, devido aos altos preços do transporte terrestre em um país com dimensões continentais como o Brasil. “O excedente do trigo produzido no Rio Grande do Sul é exportado para outros países, e não abastece as regiões Norte e o Nordeste do país, por exemplo,” explica Luiz Carlos Gutkoski, professor e pesquisador do curso de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição da Unirio.

    Uma das razões é que não há onde armazenar os grãos de trigo produzidos em excesso no Brasil. Segundo o professor, nos silos de armazenagem de grãos no Brasil, o carro-chefe é a soja, em segundo lugar, o milho, e o trigo vem apenas em terceiro lugar. Faltam políticas de compra pública e de armazenamento de grãos, que ainda é precário em um país tropical como o Brasil. “O trigo brasileiro é de nível internacional, mas os produtores precisam de segurança para ampliar a área plantada e contar com a compra garantida pelo governo. É preciso investir em políticas públicas para este setor e para outras culturas de inverno, para ser mais rentável ao produtor investir nesta cultura”, conta Gutkoski.

    Para tentar superar esta dificuldade, no setor privado começa a ser observada uma estratégia comercial dos moinhos em subsidiar uma parte da produção nacional de trigo com garantia de compra após a colheita. Com a cevada, por exemplo, praticamente toda a produção é comprada pelas fábricas de cerveja nacionais.

    Melhoramento genético contribui com variedades produtivas e resistentes

    Outra questão importante sobre o cultivo de trigo na região de Cerrado é a suscetibilidade à seca e a brusone, que é a principal doença do trigo na região tropical. Martha Zavariz, que há 23 anos colabora com a área de melhoramento de trigo na Embrapa, destaca a necessidade de contínuo desenvolvimento de novas cultivares com resistência à seca e a brusone, combinadas com elevada produtividade de grãos e qualidade tecnológica adequada ao uso final, seja para uso doméstico ou industrial para essa região.

    O Programa de Melhoramento Genético de Trigo da Embrapa desenvolve cultivares adaptadas a cada uma das regiões brasileiras. Para isso realiza inúmeros testes em campo e cruzamentos entre genótipos de trigo para avaliar quais novas plantas e manejos fitotécnicos são indicados para cada região. Para a tropical são feitos cruzamentos a partir de genitores que confiram maior resistência à seca, produtividade, bem como qualidade tecnológica adequada principalmente à panificação, que é o maior nicho de mercado no Brasil (mais de 55% da demanda).

    “A cultivar BRS 264 adotada em ambientes tropicais tem se mostrado bem resistente à seca e excelente para produção de pães”, afirma a pesquisadora. Por ser um produto de ótima qualidade, a farinha produzida a partir desse trigo pode ser comercializada a preço superior e resultar em produtos alimentares, como diversos tipos de pães, biscoitos tipo “cracker” e massas alimentares secas que atendam a demanda de consumidores mais exigentes.

    Nesse sentido, para a pesquisadora, é imperativo o contínuo investimento público em programas de melhoramento de trigo no Brasil. “Estamos sempre desenvolvendo novas cultivares de trigo para atender às necessidades que surgem no campo e também às demandas da indústria moageira e de uso final ao longo do tempo. É um trabalho contínuo que beneficia todo o complexo agroindustrial do trigo”, conclui Martha.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Soja: apesar de aumento da ferrugem, produtor tem vencido a doença

    Safra 2021/22 registrou 41,5% mais casos da praga ante a temporada passada. Para pesquisadora da Embrapa, isso não é, necessariamente, ruim

    A safra 2021/22 de soja brasileira teve 41,5% a mais registros de ferrugem asiática do que a temporada passada.

    Ao todo, o Consórcio Antiferrugem computou 545 casos da doença que é considerada a mais severa da cultura, ante 385 no ciclo 2020/21.

    Os estados com ocorrência de ferrugem em 21/22:

    • Mato Grosso (234)
    • Rondônia (108)
    • Goiás (72)
    • Pará (60)
    • Paraná (18)
    • Rio Grande do Sul (15)
    • Mato Grosso do Sul e Bahia (8)
    • Tocantins (6)
    • Piauí (5)
    • São Paulo (4)
    • Maranhão (3)
    • Minas Gerais (2)
    • Santa Catarina e Roraima (1)

    Apesar do aumento de casos entre uma safra e outra, a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, considera que as estratégias de manejo estão funcionando.

    Isso porque a maioria dos casos (231, para ser exato) foram relatados a partir do estágio de enchimento de grãos, algo que vem ocorrendo nas últimas safras, o que mostra que as ações de prevenção da doença, entre elas o vazio sanitário e a adoção de cultivares precoces, estão funcionando.

    Por qual razão os mesmos estados têm mais casos?

    Historicamente, estados como o Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul lideram entre os que mais registram casos de ferrugem asiática. No entanto, Cláudia destaca que isso não significa que eles tenham algum surto incontrolável da doença.

    “Alguns estados apresentam maior número de relatos em função muito da distribuição de municípios e também dos relatos. Às vezes o Paraná tem o maior número de ocorrências pelo maior número de municípios. Então, essa distorção sempre ocorre no site, mas não significa que a gente tenha uma epidemia mais severa em alguns estados”, garante.

    Queda no Rio Grande do Sul

    A fitopatologista Caroline Wesp Guterres acompanha de perto os registros de ferrugem asiática no Rio Grande do Sul. Segundo ela, nesta safra, o fungo não encontrou condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento por conta da longa estiagem enfrentada, o que explica as 15 ocorrências de ferrugem apenas.

    O estado possui um programa para verificar a incidência da doença, o Monitora Ferrugem RS, que é mais uma ferramenta para auxiliar os produtores na tomada de decisão e adoção de medidas de manejo da doença.

    Cultivares precoces

    O manejo da ferrugem asiática passa, por exemplo, pelo vazio sanitário, a utilização de cultivares precoces, o plantio da soja na época recomendada e a aplicação correta dos fungicidas.

    Para o engenheiro agrônomo da Cambaí Sementes, Rossano Dagios, além de fungicidas eficientes, é importante ter a mistura de dois ou três ativos e preconizar o uso de curativos, principalmente.

    “Além disso, a utilização de fungicidas multissítios ajuda a evitar resistência do patógeno e ter uma maior efetividade no controle. O segundo fator fundamental são os intervalos de aplicação: temos que considerar 15 dias no máximo”, ressalta.

    Segundo ele, em algumas lavouras que já tem uma incidência maior, é preciso trabalhar de 10 a 12 dias. “Devemos ter o cuidado com as condições ambientais no momento de aplicar o fungicida, uma temperatura abaixo dos 30 ºC , com umidade relativa acima dos 55% e velocidade do vento entre 5 a 6 km por hora”, detalha.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/