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8 de agosto de 2022

  • Manejo nutricional estratégico reduz perdas na seca

    A técnica chamada terminação intensiva a pasto (TIP) consiste em fornecer 90% do que o animal precisa no cocho e 10% no pasto

    Durante uma seca, com menor disponibilidade de forragem de qualidade, é hora de colocar em prática estratégias para manter os índices a níveis satisfatórios, como terminação intensiva, bezerro turbinado pós-desmama, conservação de volumosos e produção de forragem.

    Em experimentos realizados pela Embrapa em parceria com a Connan, em Campo Grande (MS), foi possível conseguir 2,35@ a mais por animal, quando comparado à suplementação proteico-energética de 1,5 kg de ração/dia.

    A técnica chamada terminação intensiva a pasto (TIP) consiste em fornecer 90% do que o animal precisa no cocho e 10% no pasto, o que equivale a 2% de peso vivo em ração, ou aproximadamente 8 kg de ração concentrada por cabeça/dia.

    O objetivo, segundo os idealizadores, é obter um ganho médio de 600 a 900 g de carcaça/dia, no período de 90 dias. Na estação das chuvas e para machos castrados, a recomendação é a de se oferecer 1,5% do peso vivo em ração concentrada.

    “O TIP mensura o ganho em carcaça e isso é lucro. Começamos com 0,5% de peso vivo até chegarmos aos índices atuais, tornando a solução viável e de fácil uso”, afirma Leopoldo Pepiliasco, zootecnista da Connan. A tecnologia é testada pelas empresas desde 2012 e permite que o pecuarista utilize a estrutura já existente na propriedade e invista somente em ração e suplementos para a engorda.

    O especialista comenta que analisaram alternativas presentes no mercado, antes da TIP, como o confinamento, que apresenta altos custos de implementação, estrutura, mão-de-obra capacitada e outras condicionantes; e os sistemas como o uso de grão inteiro, que resulta em uma dieta de risco elevado, pelas condições fisiológicas do bovino, dentre outros fatores.

    Bezerros e desmama

    Outra opção para o produtor rural é ‘turbinar’ o bezerro na fase pós-desmama. Essa fase estressante para o animal aliada a pastagens com baixo valor nutritivo é um ponto de preocupação. A técnica, validada por pesquisadores da Embrapa, baseia-se em fornecer maior suplementação proteico-energética ao animal.

    O pesquisador Rodrigo Gomes explica que é recomendável uma dieta com aproximadamente 25% de proteína bruta, palatável e rica em minerais. O bezerro recebe o equivalente a 5 gramas por quilograma do peso vivo.

    “É estratégico aumentar o consumo de suplemento, consumir mais energia, proteína, mineiras, vincular aditivos, assim se obtém melhor desempenho no momento de estresse, que é a desmama”, frisa o zootecnista. A dieta deve ser mantida até o final da seca e o animal entra nas águas em boas condições.

    Manejo de pastagens

    A manutenção do pasto, com o devido manejo, é também uma estratégia para enfrentar o período. Especialista no assunto, o pesquisador da Embrapa Ademir Zimmer enumera ajuste de lotação, adubação e diferimento de pastagens, e produção de volumoso e suplementos como opções para o produtor.

    Em pesquisas da Embrapa Gado de Corte (MS), por exemplo, mediu-se a eficiência produtiva e financeira da adubação do capim-marandu, em diferentes alturas de pastejo. Em 15 cm, o ganho de peso vivo (kg/ha) foi de 276, com saldo por kg de adubo, de R$ 2,25 reais. Já em 45 cm de altura, o ganho foi de 524 kg/ha, com um saldo de R$ 8,75 reais. Um aumento de 290% em relação a 15 cm.

    Nos valores médios de 2022, os ganhos em produção (direto), em 45 cm, foram de R$ 1,8 mil (R$/ha/ano); os por redução nos gastos (indireto), R$ 80 reais; os ganhos por liberação de área (indireto), R$ 150 reais; há ainda os ganhos por antecipação receita (indireto), que somam R$ 40 reais. O benefício total em 200 hectares (R$/mês), a uma altura de 45 cm, ultrapassa os R$ 34,5 mil reais, sempre tendo como altura de referência 15 cm.

    Zimmer enfatiza que adubar o pasto custa caro sim, “mas vale a pena, desde que o manejo seja adequado, trabalhando as suplementações para que valha o investimento”.

    Conservação de volumoso

    A pastagem precisa de fatores fundamentais para o seu crescimento, porém, na seca, há limitação de luz e água, e consequentemente os animais, seja de corte ou leite, não suprem suas exigências completamente.

    As alternativas para conservação de forragem são diversas “não há a melhor, cada propriedade tem circunstâncias ou realidades que contribuem para a tomada de decisão”, alerta o pesquisador Vitor Oliveira da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer-MS).

    Uso de capim elefante, feno-em-pé, silagem (milho, cana-de-açúcar, capim, parte aérea da mandioca) e silagem de pré-secados são algumas escolhas à disposição do pecuarista. Independente da opção assinalada, Oliveira destaca que é necessário obter todo o potencial da tecnologia escolhida, durante a estação das águas, e assim utilizá-la na seca.

    Os especialistas da Embrapa, Connan e Agraer reforçam que o planejamento sempre começa na fase anterior, que haverá seca todos os anos, dessa forma, é cuidar do pasto e da nutrição do rebanho nas águas para não ter perdas na seca.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Impacto da seca na safra 21/22 de soja foi de R$ 72 bilhões

    CNA e Embrapa Soja se reuniram para discutir alternativas para remediar o problema nas próximas temporadas

    A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Embrapa Soja discutiram, nesta sexta-feira (5), estratégias para o enfrentamento da seca na cultura e o Programa Soja Baixo Carbono.

    O pesquisador José Salvador Foloni apresentou os impactos do estresse hídrico na cultura da soja e as propostas de trabalhos da Embrapa para melhorar a resiliência da cultura frente aos fatores climáticos adversos.

    Segundo ele, o impacto da seca na safra 2021/2022 na soja foi calculado em R$ 72 bilhões, com perdas severas principalmente no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná.

    Edição genética a favor da resistência à seca

    De acordo com o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, a entidade avança na metodologia de edição genética (CRISPR), que está sendo empregada no Brasil para inserir as características agronômicas relevantes, neste caso a tolerância à seca, sem abrir mão da produtividade.

    “Neste caso a soja não será considerada uma OGM [organismo geneticamente modificado], pois não possui sequências gênicas de outras espécies e não precisa passar pelo processo dispendioso de desregulamentação para acesso a mercados.”

    O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, citou casos de sucesso do Sistema CNA/Senar, como o programa Forrageiras para o Semiárido, que além de aumentar a produtividade, garantiu a resiliência e a capacidade produtiva de forrageiras no semiárido brasileiro mesmo em períodos de estiagem.

    “O produtor está cobrando novas tecnologias e a pesquisa aplicada precisa se aproximar do setor privado para dar respaldo ao problema. Para isso aprofundaremos as discussões, com o apoio das Federações, para entendimento das melhores formas de compartilhamento de esforços em prol das novas tecnologias nas principais regiões produtoras”, afirmou.

    Programa Soja Baixo Carbono

    Durante a reunião, a chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Gomes Rufino, falou sobre as atualizações do Programa Soja Baixo Carbono.

    A iniciativa visa criar critérios mensuráveis das técnicas de manejo empregadas pelo produtor na produção de soja, com foco em ações de mitigação das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEEs).

    De acordo com a Embrapa, a proposta é criar uma metodologia brasileira baseada em protocolos científicos validados internacionalmente.

    Sustentabilidade do grão

    O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, disse que quantificar e promover a sustentabilidade da soja brasileira para o mercado internacional é um tema fundamental.

    “Além de pensarmos em certificação, precisamos promover os princípios de melhoria contínua das propriedades rurais. Temos que escolher o caminho da liderança para o tema e a força e capilaridade do Sistema CNA/Senar será fundamental neste processo”.

    A CNA pretende alinhar o tema com as Federações de Agricultura e os sindicatos rurais, além de convocar uma reunião da Comissão Nacional para validação e contribuição dos integrantes em relação aos dados apresentados pela Embrapa.

     Fonte: https://www.canalrural.com.br/
  • Brasil negocia primeiro embarque de milho para a China

    Havia a expectativa de que o cereal enviado ao país asiático seria o da safra 22/23, a ser plantado, mas os chineses precisam de milho antes

    Fontes do governo confirmam haver possibilidade de o Brasil embarcar o primeiro lote de milho para a China ainda este ano.

    Inicialmente havia a expectativa de que o cereal a ser enviado ao país asiático seria o da safra 2022/23, a ser plantado, mas os chineses precisam de milho antes.

    Para tanto, o Brasil precisa atender os requisitos de ordem técnica exigidos pela China, segundo um interlocutor que acompanhou a negociação.

    Esses critérios estão sendo analisados pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.

    “O que vai definir se os embarques serão de milho desta ou da próxima safra é o cumprimento dos requisitos. As exportações não estão mais sendo negociadas do ponto de vista fitossanitário, mas há trâmites a serem cumpridos para a implementação do protocolo ainda nesta safra, como a habilitação dos estabelecimentos”, disse uma fonte ao Estadão/Broadcast Agro.

    Milho brasileiro na China

    De acordo com o interlocutor, a China concordou com a antecipação dos embarques da safra 2022/23 para milho produzido em 2021/22, abrindo mão do monitoramento de eventuais pragas que possam ter acometido as lavouras do cereal, em virtude da sua necessidade de suprimento.

    “Reforço o que disse o ministro: eles querem nosso milho ‘imediatamente’ e, por isso, cederam nas exigências”, afirmou a fonte.

    Em reunião para apresentar os protocolos de exportação à China nesta sexta-feira (5), o governo sinalizou aos exportadores que os primeiros embarques de milho poderiam ser realizados ainda neste ano e que o governo chinês já teria emitido licenças para empresas exportarem milho a partir do Brasil.

    As empresas brasileiras têm até o dia 19 para manifestar interesse em exportar o cereal para a China junto ao ministério da Agricultura, que fará a avaliação das unidades e então concederá a habilitação.

    Abramilho

    Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, pelo protocolo, o governo brasileiro teria de fornecer orientações à cadeia para monitoramento das pragas que preocupam a China, mas não é possível fazer isso para o milho desta safra porque ele já foi colhido.

    “O governo da China passou um informe ao governo brasileiro de que estava liberado nesta safra de cumprir todas as normas do protocolo. Mas, para 2023, terá de cumprir”, disse Silveira.

    Conforme o representante, pragas quarentenárias são uma preocupação em todo o mundo, mas o controle das 18 indicadas no protocolo é possível de ser feito. “No caso do milho a gente não vê problema nenhum: é capricho e não tem erro. Isso para nós não assusta.”

    Silveira, que também já foi presidente da Aprosoja, destacou ainda a importância da exportação de farelo para a China. “Se a China comprar farelo, vamos poder aumentar capacidade de esmagamento”, disse.

    Segundo ele, a China está cada vez mais preocupada em garantir o abastecimento para produção de carne suína, de aves e ovos.

    “Tem que ter farelo de soja e milho. A China está se antecipando, ainda mais agora com o estresse com os EUA, de quem comprava soja e tinham acordo para milho, e com a questão da Ucrânia”, disse. “Aqui no Brasil temos estabilidade como exportador.”

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/