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1 de setembro de 2022

  • Produtividade de soja e milho do Brasil sobe em 20 anos

    A rentabilidade, porém, não supera a dos principais países concorrentes

    As produções de soja e de milho avançaram significativamente no mundo todo no decorrer dos últimos 20 anos, com taxas de crescimento de 3,7% e 3,6% ao ano, respectivamente, no período.

    O Brasil, os Estados Unidos e a Argentina são os principais produtores de soja e, juntos, respondem por mais de 80% da produção mundial. Dentre os principais produtores da oleaginosa, o Brasil se destaca como o país que apresentou a maior taxa de crescimento da produção nessas últimas duas décadas, registrando aumento de 5,9%. Enquanto isso, os EUA avançaram 2,7%, e a Argentina, 1,6% ao ano.

    Nesse período, o Brasil deixou o posto de segundo maior produtor de soja para ocupar o primeiro lugar no ranking mundial, quando, na safra de 2001/02, a produção brasileira somou aproximadamente 52 milhões de toneladas.

    Vinte anos depois, na temporada 2021/22, a média é de 122 milhões de toneladas, conforme dados da Conab (2022). Já a produção de soja dos EUA somou 75 milhões de toneladas na safra 2001/02 e 120,7 milhões de toneladas na 2021/22. A Argentina manteve o posto de terceiro maior produtor mundial, produzindo cerca de 35,5 milhões de toneladas na safra 2001/02 e 43,4 milhões na 2021/22.

    Produção de milho

    No caso do milho, os principais países produtores são Estados Unidos, China, Brasil e Argentina, que, juntos, respondem por 68% da produção mundial. Os EUA e a China foram os países com as maiores participações na produção mundial de milho nos últimos 20 anos, quando, somados, contribuíram com mais de 300 milhões de toneladas entre as safras 2001/02 e 2021/22.

    O Brasil também contribuiu para o aumento da oferta mundial, quase triplicando sua produção no período, que passou de 44,5 milhões em 2001/02 para 116 milhões de toneladas em 21/22.

    A produção de milho da Argentina subiu de 15,5 milhões para 55 milhões de toneladas, um aumento de quase 3,5 vezes no período. Em termos de taxa de crescimento nesses últimos 20 anos, os Estados Unidos registraram alta de 2,1% ao ano; a China, de 4,9%; o Brasil, de 5,6%; e a Argentina, de 6,9%.

    Competitividade de soja e milho

    A partir desse panorama de produção, foram analisadas as competitividades desses principais países produtores de soja e milho. Para avaliar o desempenho de cada país, foram considerados os valores médios — das últimas cinco safras — de duas fazendas típicas de:

    • Argentina (Oeste de Buenos Aires e Zona Norte de Buenos Aires);
    • Brasil (Sorriso e Cascavel);
    • Estados Unidos (Iowa e Dakota do Sul);
    • Ucrânia (Oeste da Ucrânia e Poltova).

    Os sistemas produtivos considerados na análise foram soja e milho primeira safra, exceto para o Brasil, que possui duas safras e para o qual foram considerados soja primeira safra e milho segunda safra.

    Custo de produção de soja

    O custo operacional efetivo (COE) médio da produção de soja nas duas regiões argentinas foi calculado em US$ 269,3 por hectare. Em seguida vêm as regiões ucranianas, com US$ 315,5/ha; as norte-americanas, com US$ 508,3/ha; e as brasileiras, com US$ 551,7/ha.

    “Dentre os principais países produtores de soja, o Brasil foi o que teve o maior custo de produção, que foi o dobro do da Argentina, 1,75 vez maior que o da Ucrânia e 7,8% superior ao dos EUA no período avaliado”, afirma a equipe do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

    Em termos de quantidade produzida, o COE médio das regiões argentinas ficou em US$ 79 por tonelada. Em seguida vem o das regiões ucranianas, de US$ 134,7/t; o das brasileiras, de US$ 158,1/t; e o das norte-americanas, de 162,4/t.

    “Nesse contexto, nota-se que a competitividade brasileira melhorou em relação à dos EUA, devido à sua maior produtividade média. No caso do Ucrânia, a competitividade diminuiu por conta da menor produtividade média. Vale ressaltar que o maior custo de produção no Brasil se deve ao alto custo de fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes, diesel e manutenção preventiva das máquinas e mão de obra”, observa a Esalq-USP.

    Custo de produção de milho

    No caso do milho, o COE da Argentina foi calculado em US$ 451,5/ha; o do Brasil, em US$ 496,5/ha; o da Ucrânia, em US$ 640,3/ha; e o dos Estados Unidos, em US$ 904,2/ha.

    “Assim, observa-se que as fazendas norte-americanas apresentam o maior custo de produção, enquanto as fazendas argentinas têm o menor. Levando em consideração unidade produzida, o Brasil apresenta o maior custo por tonelada produzida, enquanto a Argentina continua tendo o menor COE por tonelada”, afirma a Esalq-USP.

    Assim, o COE médio do país vizinho ficou em US$ 49,8/t; o da Ucrânia, em US$ 80,5/t; o dos EUA, em US$ 82,5/t; e o do Brasil, em US$ 92,4/t. O custo de produção do milho no Brasil é quase o dobro do da Argentina, 12% superior ao do produto norte-americano e 15% maior que o do ucraniano.

    O sistema de produção que apresentou o maior valor médio de receita líquida operacional foi o das propriedades típicas dos EUA, de US$ 711,0/ha, seguido pelo das fazendas ucranianas, de US$ 600,0/ha; das argentinas, de US$ 469,0/ha; e das brasileiras, de US$ 336,6/ha.

    No entanto, em termos de rentabilidade, as fazendas argentinas apresentaram o melhor retorno financeiro nas últimas cinco safras, com alta de 146,4%. O retorno das propriedades ucranianas subiu 120,9%; o das norte-americanas, 96,2%; e das brasileiras, 61,5%. O resultado médio das últimas cinco safras mostra que o Brasil tem valores positivos, mas não o suficiente para superar seus principais concorrentes.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Preço do leite pago ao produtor no Brasil atinge recorde, diz Cepea

    O preço do leite pago ao produtor registrou a sétima alta consecutiva em agosto e, com isso, alcançou novo recorde

    preço do leite pago ao produtor registrou a sétima alta consecutiva em agosto e, com isso, alcançou novo recorde da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, iniciada em 2004.

    Em relatório, a entidade diz que o avanço já era esperado por agentes do setor.

    A pesquisa mostra que o leite captado em julho e pago aos produtores em agosto se valorizou 11,8%, chegando a R$ 3,5707/litro na “média Brasil” líquida do Cepea.

    “O valor médio do leite acumula avanço real de 60,7% desde janeiro/22 (os dados foram deflacionados pelo IPCA de julho/22)”, indica.

    Queda do leite

    O Cepea ressalta, no entanto, que pesquisas ainda em andamento indicam que o movimento de alta deve ser interrompido, com possibilidade de forte queda no preço do leite a ser pago ao produtor em setembro.

    “O encarecimento do leite no campo ao longo dos últimos meses se deve à baixa disponibilidade (da matéria-prima)”, explica a entidade.

    Segundo o Cepea, o avanço da entressafra intensificou a restrição de oferta de leite, mas, neste ano, o setor enfrenta um enxugamento mais drástico da produção, devido à combinação de seca e mudanças estruturais no campo, desencadeadas pelo aumento nos custos de produção nos últimos anos e pelos menores níveis de investimentos na atividade.

    “Nesse cenário, a produção no campo entre junho e julho ficou abaixo da expectativa do setor, mantendo acirrada a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores de leite cru”, acrescentou. Com a captação abaixo do esperado, o Cepea apurou que houve diminuição importante nos estoques de lácteos e, consequentemente, o encarecimento expressivo dos derivados ao consumidor entre esses meses. “Porém, os preços atingiram patamares tão elevados nas gôndolas que, desde a segunda quinzena de julho, observa-se enfraquecimento da demanda”, observa.

    Leite no varejo

    De acordo com o Centro de Estudos, os estoques seguem aumentando no varejo.

    O levantamento do Cepea, que monitora as negociações diárias entre indústria e atacado paulista, mostrou diminuição nos preços dos lácteos ao longo de agosto.

    “Na média mensal, o leite UHT e a mussarela se desvalorizaram quase 15% e 10% de julho para agosto, respectivamente”, aponta.

    Para a entidade, tais quedas no mercado de derivados devem ser transmitidas ao campo, resultando, em diminuição no preço do leite captado em agosto e a ser pago ao produtor em setembro.

    Outro fator que deve interromper o movimento altista do produtor em setembro é o forte aumento das importações, que cresceram 27% em julho, diz o Cepea.

    A oferta no campo também deve voltar a aumentar nos próximos meses.

    “O incremento considerável nos preços do leite e a queda nas cotações da ração começaram a estimular uma recuperação gradual da produção no campo – sobretudo no Sul do país”, indica.

    Ao mesmo tempo, o Cepea analisa que é esperado o retorno das chuvas da primavera, o que tende a favorecer a disponibilidade das pastagens e, com isso, eleve a oferta de leite.

    “Forma-se um novo cenário no mercado, em que a demanda enfraquecida e o aumento das importações elevam os estoques de derivados, ao mesmo tempo em que a produção no campo dá sinais de recuperação”, comenta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • USDA aponta redução para a safra mundial de milho

    Segunda safra do cereal no Brasil está praticamente encerrada e deve atingir recorde de 87,4 milhões de toneladas

    Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) voltou a reduzir o índice de produção de milho para a próxima safra mundial. A exceção é o Brasil, que deve ter um aumento na produção do cereal, podendo chegar a 120 milhões de toneladas considerando uma terceira safra.

    A redução da produção de milho é prevista para Estados Unidos, Ucrânia, Argentina, China, dentre outros. A perspectiva é uma pressão no mercado do cereal, uma vez que os estoques da safra 2022/23 serão menores.

    De acordo com o comentarista do Mais MilhoGlauber Silveira, o Brasil não deverá sentir grandes impactos, uma vez que no próximo ciclo há uma projeção de colher entre a primeira, segunda e até mesmo terceira safra um volume de 120 milhões de toneladas.

    Projeções da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) apontam para o Brasil — somente na 2ª safra 2021/22 de milho — uma produção recorde de 87,4 milhões de toneladas.

    “Isso é muito positivo por quê? Porque o Brasil tem um consumo em torno de 80 milhões, então nós vamos ter uma sobra de 40 milhões de toneladas. É importante deixar claro que não falta milho para o consumo interno”, diz Silveira.

    Mercado de milho: antecipação de contratos

    A antecipação de contratos de comercialização, de acordo com Silveira, é algo que o produtor rural deverá se atentar, principalmente após a abertura de mercado da China para o cereal brasileiro.

    “Não sabemos o tamanho do volume (China), mas ele tende a crescer, assim como de outros países. O mundo todo estará precisando de milho. O milho é a vedete do momento. Essa é a grande verdade”, diz.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/