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set 08 2022 Soja com redução de fatores antinutricionais é aprovada pelo CTNBio
Órgão considerou a variedade como não transgênica, o que evita o complexo processo de desregulamentação comercial
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) considerou “não transgênica” a edição no genoma da soja editada pela Embrapa para desativar alguns fatores antinutricionais, informou hoje a empresa.
“O parecer dado pela CTNBio em reunião extraordinária no dia 1º foi pautado na Resolução Normativa nº 16 e considerou que a planta editada não possui a presença do DNA de outra espécie”, o que faz do produto convencional, não transgênico.
O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, considerou a decisão “uma grande conquista”. “Ao considerar essa soja como não transgênica, não há necessidade de conduzirmos o processo complexo de desregulamentação comercial de um produto transgênico. Assim, a liberação comercial é mais rápida, reduzindo custos e facilitando a entrada de produtos no mercado com a biossegurança assegurada.”
Técnica de precisão
A Embrapa Soja explica que em laboratório os pesquisadores usaram a técnica de precisão de edição gênica CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) para desativar o fator antinutricional lectina no DNA de uma cultivar de soja altamente produtiva.
“Com essa alteração pontual e precisa no DNA da soja, conseguimos imitar alguns processos existentes na própria natureza, mas que poderiam levar muito tempo para serem obtidos por outras técnicas como, por exemplo, o melhoramento clássico”, explica Nepomuceno.
Ainda segundo a Embrapa, alguns fatores antinutricionais da soja, que é usada como componente proteico de rações animais e mesmo na alimentação humana, dificultam a digestibilidade e a absorção de nutrientes, principalmente em animais monogástricos, como porcos e frangos, que apresentam estômago com capacidade reduzida de armazenamento.
Fonte: https://www.canalrural.com.br/
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set 08 2022 Conab projeta recuperação da produtividade nas lavouras do Sul
Segundo a Conab, o desempenho das lavouras de milho e soja no Sul do Brasil deve apresentar melhora na safra 2022/2023
O desempenho das lavouras de milho e soja no Sul do país deve apresentar melhora na safra 2022/23 quando comparado com o registrado no atual ciclo.
Na temporada passada, foram registradas altas temperaturas e estiagem durante o desenvolvimento das culturas de primeira safra e afetaram negativamente o desempenho das lavouras.
No entanto, para 2022/23 espera-se que as condições climáticas sejam mais favoráveis.
Soja
Nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a produção projetada para a soja no próximo ciclo é de aproximadamente 45,95 milhões de toneladas, um aumento de 96,3% em relação à colheita estimada em 2021/22, como mostra os dados estaduais da Perspectiva para a Agropecuária 2022/23, divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com as informações divulgadas, em caso de normalidade climática, a produtividade para a oleaginosa no estado gaúcho deve crescer 134,2%, passando de 1.433 quilos colhidos por hectare para 3.356 kg/ha.
Já os agricultores paranaenses tendem a registrar uma produtividade de 3.630 quilos por hectare na próxima temporada, frente a 2.161 kg/ha, elevação de 68%.
Aliado a uma melhora na produtividade, a área destinada para a cultura também deve ser acrescida em 2% no Paraná, podendo chegar a 5,78 milhões de hectares, e em 4,8% no Rio Grande do Sul, estimada em 6,66 milhões de hectares.
Caso essas projeções se confirmem, a produção da soja apenas nos estados da região Sul do país deve apresentar uma recuperação de 96,3%, contribuindo para a projeção de uma colheita de 150,36 milhões de toneladas do grão em todo o país.
Só para o Rio Grande do Sul é esperado volume próximo a 22,35 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 145,3%, enquanto que no Paraná a produção estimada é de aproximadamente 21 milhões de toneladas, 71,3% maior que a registrada neste ciclo.
Milho
A Conab também aponta para um bom desempenho para o milho primeira safra 2022/23 cultivado nas lavouras desta região. As estimativas mostram um aumento de 53,3% na produção dos três estados.
O maior crescimento tende a ser registrado nos campos do Rio Grande do Sul impulsionados pela melhora na produtividade em 99,2%, com os produtores podendo colher 7 mil quilos por hectare.
Com isso, é esperado um crescimento na produção da 1ª safra acima de 95%, sendo estimada uma colheita de 5,68 milhões de toneladas.
Já em Santa Catarina, a recuperação da produtividade do cereal chega a 37,5% e pode ficar em 8.342 quilos por hectare. Essa melhora é acompanhada pelo resultado projetado na produção, previsto para 2,95 milhões de toneladas na temporada 2022/23.
Cenário semelhante é esperado para o Paraná, no qual tanto a colheita da primeira safra como a produtividade devem crescer em 23,4%, com expectativa de atingir 8.517 quilos por hectares e 3,69 milhões de toneladas respectivamente.
“O principal fator de risco para que essas projeções não sejam alcançadas é a possibilidade de chuvas irregulares e mal distribuídas nas principais regiões produtoras no último trimestre do ano e no início do ano seguinte, fator que deverá ser monitorado semanalmente pela Conab nos próximos meses”, pondera a superintendente de informações da agropecuária, Candice Romero Santos.
Para a elaboração das estimativas de área e produtividade por Unidade da Federação, a Conab utilizou a análise das séries históricas, as informações trazidas de campo pelos Núcleos de Informações Agropecuárias (Nuinfs) e a utilização de modelos de 5 modelos de previsão, entre modelos de séries temporais e modelos de machine learning.
“Foram diversas reuniões entre as equipes para avaliação dos cenários trazidos pelos modelos estatísticos e de machine learning para que, a partir deles, fossem avaliados os cenários mais prováveis considerando os fundamentos de mercado e a dinâmica de produção de cada estado”, pondera o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta, Allan Silveira.
Fonte: https://www.canalrural.com.br/
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set 08 2022 Atraso na semeadura do trigo evitou perdas com geadas
De acordo com o analista da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, a condição de La Niña é muito favorável ao cultivo de cereais de inverno
O excesso de umidade no solo nos meses de maio, junho e julho provocou atrasos na semeadura do trigo no Rio Grande do Sul.
Ainda em desenvolvimento vegetativo, as lavouras não sofreram perdas com às geadas ocorridas no final de agosto.
O clima frio e seco trazido pelo fenômeno La Niña também está favorecendo as lavouras, que apresentam potencial de rendimentos que podem superar as expectativas iniciais.
Com o grande volume de precipitações que coincidiram com a época de semeadura do trigo no RS, a implantação das lavouras foi atrasada.
Contudo, o atraso evitou as perdas com geadas no período crítico da cultura, na floração e no espigamento.
De acordo com o Informativo Conjuntural da EmaterRS, no momento apenas 18% das lavouras estão em floração, enquanto no ano passado 27% estavam em floração nesta época.
“Tivemos quatro geadas fortes, com temperaturas negativas registradas no mês de agosto. Só verificamos danos nas lavouras mais adiantadas e localizadas nas áreas de maior risco, como nas baixadas e encostas de mata”, conta o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Marcelo Klein.
La Niña
O Brasil está sob incidência do fenômeno La Niña desde o começo do inverno, no final de junho.
Na Região Sul, o La Niña é marcado pela oscilação de temperaturas e distribuição irregular de chuvas.
De acordo com o analista do laboratório de agrometeorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, a condição de La Niña é muito favorável ao cultivo de cereais de inverno.
“O trigo gosta de frio e pouca chuva, condições que permitem às plantas se desenvolverem livre de pragas e fungos”.
Segundo ele, La Niña deverá se manter até o final da safra de inverno, com tendência de chuva abaixo da média, mas concentradas em poucos dias. Ainda são esperadas frentes frias e massas de ar frio em setembro, com temperaturas mínimas próximas aos 5ºC nas regiões tritícolas, mas com reduzido risco para geadas tardias nas lavouras.
La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais das partes central e leste do Pacífico Equatorial, o que provoca mudanças na circulação atmosférica tropical, impactando nas temperaturas e no volume de chuva em todo o mundo.
Supersafra de trigo
A produtividade do trigo no Rio Grande do Sul está estimada em 50 sacos por hectare (sc/ha), ou cerca de 3 mil kg/ha. Mas, até o momento, as condições das lavouras demonstram potencial para ultrapassar 60 sc/ha na média.
“Com novos herbicidas no mercado, os produtores conseguiram fazer um bom controle do azevém, evitando competição desta invasora com o trigo na lavoura. Ainda, a eficiência no uso da adubação nitrogenada foi elevada visto que, no momento da aplicação, as precipitações foram moderadas”, avalia Marcelo Klein, após uma rodada de visitas a lavouras no norte e noroeste do RS, onde está concentrada a produção de trigo no estado.
“No quesito às doenças, não verificamos grande incidência de manchas foliares, apenas oídio, mas em baixa frequência e controle satisfatório que não deverá impactar no rendimento final”, conclui.
Historicamente, a primavera é o momento que define a safra de trigo, implicando em problemas como doenças, geadas tardias e chuva na colheita.
Contudo, nesta safra, as previsões são mais otimistas para o trigo gaúcho com presença marcada do fenômeno La Niña, segundo o Boletim Agroclimático do Inmet.
“O La Niña tem atuado no inverno gaúcho nos últimos três anos, mas a concentração de chuvas na primavera nem sempre resultou numa safra positiva. Porém, até o momento, a perspectiva é de chuvas abaixo da média até a colheita”, lembra Aldemir Pasinato.
Na estimativa da Conab, a safra de trigo no RS deverá superar os 4 milhões de toneladas, maior volume já produzido na história. Com volume semelhante, no Paraná são esperadas outras 3,89 milhões de toneladas.
Produtores gaúchos e paranaenses deverão produzir 86% do trigo brasileiro nesta safra.
Os números da Conab apontam para uma supersafra de trigo no Brasil, chegando a 9,16 milhões de toneladas de grãos, volume 19% superior à safra passada. O volume deverá atender 70% da demanda nacional de trigo, estimada em 12,7 milhões de toneladas.
Fonte: https://www.canalrural.com.br/