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15 de setembro de 2022

  • Tela Dupla: alternativa viável de sombra para bovinos leiteiros

    Estudos recentes conduzidos na Universidade Estadual de Maringá demonstram que o conforto térmico com sombreamento artificial através da Tela Dupla proporciona condições microclimáticas equivalentes ao sombreamento natural para reduzir a exposição dos animais a radiação excessiva e ao calor.

    A expressão “Sombra e Água Fresca” é utilizada para indicar uma vida despreocupada e ociosa. Porém, quando se trata de produção e bem-estar animal esse ditado não condiz com a realidade, sendo necessário a realização de trabalhos para fornecer essas condições aos animais.

    Estudos conduzidos desde a década de 1970 demostram que a necessidade de fornecer sombreamento adequado para vacas leiteiras é primordial (Roman-Ponce et al., 1977; Ingraham et al., 1979; Buffington et al., 1983; da Silva, 2006; Deniz et al., 2021). Além de proporcionar conforto e bem-estar aos animais nos sistemas produtivos, garante melhores condições de conforto térmico e influenciam no comportamento e nos parâmetros de produção animal.

    Segundo Monteiro et al., 2016, bezerros que passaram por estresse térmico durante o período gestacional apresentam menor peso ao nascimento, e menor transferência de imunidade quando comparados com contemporâneos que não passaram pelo mesmo processo, o que implica que esses animais serão mais susceptíveis a doenças.

    Além disso, foi demonstrado que as fêmeas que sofreram estresse térmico fetal produziram 5 litros de leite a menos no início da primeira lactação. Becker et al., 2021, observaram que quando não há oferta de sombra de qualidade os animais mudam sua postura e comportamento, passando mais tempo em pé, reduzindo o consumo de alimento e consequentemente a produção de leite.

    Portanto, a oferta adequada de sombra aos animais, com área suficiente para todos e com proteção satisfatória da radiação solar, auxilia diminuindo a exposição dos animais aos raios solares, que podem ser absorvidos pelos animais na forma de calor e aumentar a temperatura corporal central. Isso faz com que o animal tenha um excesso de calor acumulado no organismo.

    Ademais, altos níveis de radiação solar podem causar problemas de pele nos animais, o que pode levar ao descarte precoce de alguns indivíduos. Esse conjunto de fatores somados à falta de sombreamento adequado comprometem a expressão de comportamentos naturais pelos animais, seus estados afetivos e seu funcionamento biológico, como reprodução e produção de leite.

    O sombreamento pode ser proporcionado através da presença de árvores com capacidade de fornecer uma proteção dos raios solares de até 92% (Deniz et al., 2020). Também promovem menores temperatura do ar e solo ao seu entorno proporcionando melhores condições para os animais (Deniz et al., 2021; Teixeira et al., 2022). Estas podem estar dispostas em uma área de descanso como um bosque, onde os animais têm acesso ao pasto e voltam para essa área nas horas mais quentes do dia.

    Porém algumas outras formas de otimizar o uso da terra têm sido implantadas como os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e integração pecuária-floresta (ILP). Esses sistemas integram várias culturas numa mesma área, sem que haja perda produtiva para nenhuma delas.

    Outras estruturas podem ser usadas para fornecer sombra aos animais de forma artificial, com diferentes tipos de materiais. Algumas características devem ser levadas em consideração para a escolha do material, tais como:

    • A eficácia do material em fornecer sombra;
    • A resposta do animal ao tipo do material;
    • A capacidade do material de resistir às mudanças do clima;
    • O custo da sombra (material de estrutura de sustentação e de sombreamento).

    Comumente o sombreamento artificial é usado quando o sombreamento natural não está disponível. O material mais comum de ser utilizado para promover sombra são as telas de polipropileno (Sombrite®) preto, que dependendo do tipo de malha podem bloquear entre 30% e 100% de radiação solar, além de apresentar baixo custo. Porém a coloração preta em ambientes tropicais com alta quantidade de radiação no ambiente, faz com que as telas absorvam grande quantidade de energia e depois transfiram para as estruturas abaixo, aumentando a temperatura do ambiente sob a tela (Mós et al., 2022).

    Para contornar o problema acima, o grupo Inobio-Manera UEM vem testando a combinação das telas refletoras que possuem coloração mais clara e alto poder refletivo. Essas telas refletoras são formadas por mantas entrelaçadas com fitas aluminizadas que refletem o excesso de radiação, combinadas com as telas de polipropileno (Sombrite®) preto.

    A tela aluminizada é fixada na porção superior e a tela de polipropileno com 80% de bloqueio da radiação na parte inferior, com uma distância de 15cm entre elas a 2,5m de altura da superfície do solo. Essa combinação se torna interessante pois a tela superior aluminizada reflete parte da radiação, e a tela inferior de polipropileno bloqueia até 80% da radiação que atravessa a primeira, fornecendo assim uma sombra uniforme e agradável para os animais.

    Resultados preliminares promissores foram obtidos com vacas da raça Holandesa na Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá com coordenadas geográficas (23° 55′ S, 52°07′ O) e altitude de 338 metros com clima “Cfa”, classificado como subtropical úmido, a partir do subtipo do sistema climático de Köppen-Geiger (Alvares et al., 2013).

    Pela utilização dos termômetros de globo negro dispostos ao sol, à sombra das árvores, e sob a estrutura de tela dupla, observamos que a Tela Dupla teve uma eficiência similar a das arvores para reduzir a temperatura do globo negro, sendo que as arvores apresentaram um valor médio de 28,1 °C e a tela 28,3 °C, enquanto a temperatura ao sol estava 36,4 °C. Essas medidas refletem em uma sensação térmica dos animais em 33,3 ºC, 35,2 ºC e 50,3 ºC respectivamente, demostrando que a tela dupla é capaz de reduzir em 15,1 ºC em comparação com o sol.

    Também foram observados redução na taxa respiratória dos animais quando estavam sob a Tela Dupla, nos momentos mais quentes do dia quando esses animais estavam ao sol essa taxa ficou em média em 91 movimentos por minuto enquanto à sombra da Tela Dupla a média ficou em 73 movimentos por minuto.

    Imagem 1. Exemplo de animais deitados ruminando sob sombreamento de tela dupla.

    sombra tela dupla
    Fonte: Jardel Perrud Barcelos, Médico Veterinário, Mestrando PPZ UEM.

    Esses resultados nos indicam que a combinação dessas telas é eficiente em promover um sombreamento de qualidade para os animais, com valores muito próximos de temperatura entre as árvores e tela dupla.

    Observou-se também que os animais utilizaram o sombreamento artificial nos horários mais quentes do dia e apresentaram a expressão de comportamentos associados ao conforto, como deitar-se e ruminar.

    Outro ponto relevante quanto o fornecimento de sombreamento por telas, é a aplicação em sistemas onde não é possível implantar árvores como meio de fornecer sombra imediata, tendo em vista o indicativo de que não há perda de qualidade e conforto animal entre sombra das árvores e sombreamento artificial.

    Portanto, a combinação entre a tela aluminizada e a tela de polipropileno preta é uma opção extremamente viável, seja em relação aos investimentos para implantação ou quanto à promoção de conforto e bem-estar animal similar ao de sombra natural.

    Fonte: https://www.milkpoint.com.br/

  • BRASIL ASSUME PROTAGONISMO INTERNACIONAL E SUPERÁVIT AGRÍCOLA PODE CHEGAR A US$ 200 BILHÕES EM 30 ANOS

    O Brasil aumentou em 14 vezes o superávit da balança comercial agrícola nos últimos 30 anos. Segundo dados apresentados pelo economista e analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros durante a abertura da 2ª Jornada RTC, nesta quarta-feira (14/9), o país passou de uma balança superavitária de US$ 7,1 bilhões, em 1990, para US$ 81 bilhões em 2020 e, neste ano, deve atingir a casa dos US$ 100 bilhões. “O Brasil precisa ser inteligente e abrir comércio com os diferentes blocos que irão surgir. É necessário ter habilidade diplomática de conversar com russos, chineses e europeus e nos tornarmos relevantes para todos eles. As cooperativas precisam ter tamanho para conversar com todos esses mercados”, frisou a uma plateia atenta de 650 integrantes, de mais de 30 cooperativas, ligadas à Rede Técnica Cooperativa (RTC) reunidos no Wish Resort, em Gramado (RS).

    O presidente da Cotrijuc e da CCGL, Caio Vianna, deu início à jornada destacando a importância da retomada de eventos presenciais pós-pandemia para debater o futuro do setor. “Vendo esse plenário lotado de colegas de longa data, de muitas lutas pelo agro e pelo cooperativismo, entendemos o motivo pelo qual o Rio Grande do Sul é tão pujante e contribui tanto para o agro brasileiro. O agro do RS não é feito apenas dentro dos limites do nosso Estado, mas está por todo o país”. A força das cooperativas nesse cenário foi reforçada pelo presidente da Fecoagro, Paulo Pires. “Tenho confiança absoluta de que juntos vamos fazer um trabalho em prol do agro gaúcho”. No comando do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Darci Hartmann, lembrou a importância de se voltar os olhos para os próximos passos do setor no Brasil. “Os desafios foram lançados e agora temos que interpretar o que quer o jovem do futuro”, acrescentou.

    Ao defender uma ação diplomática pela abertura de mercados, Mendonça de Barros, lembrou que o Brasil já assumiu um papel relevante no cenário internacional nas últimas três décadas e que, em cerca de 30 anos, o superávit da balança comercial pode chegar a US$ 200 bilhões. “Para isso, precisamos de envergadura logística, escala competitiva e ganhar musculatura para enfrentar as oscilações no mercado”.

    Para o economista, a tendência é que aumente a dependência entre mercados, e que nações desenvolvidas se tornem compradoras de países como o Brasil como forma de garantir a soberania alimentar. “Precisamos dizer ao mundo que estamos aqui e transmitir confiança. Nosso destino é alimentar o mundo, independentemente de eventuais conflitos que venham se formar”.

    Mendonça de Barros ainda ressaltou que a economia mundial deve desacelerar nos próximos anos, o que não significa impacto direto nos preços, uma vez que o mercado de alimentos segue demandador. Ele citou as recentes quebras nas safras dos Estados Unidos e da Europa, e lembrou que os modelos de previsão para 2022/23 indicam uma colheita de 149 milhões de toneladas de soja e 126 milhões de toneladas de milho para o Brasil, indicadores que, segundo ele, ainda não consideram o impacto do La Niña.

    Segundo o economista e analista de mercado, dentro de quatro semanas, a atenção do mercado internacional de grãos deve se concentrar no Brasil tendo em vista a previsão de ocorrência de La Niña na América do Sul. Apesar de não acreditar em uma quebra expressiva da safra a ser colhida, o profissional projeta redução em relação à estimativa inicial. “O mercado segue em um quadro nervoso. Mas a importância do Brasil no quadro internacional só cresce”.

    A 2ª Jornada Técnica RC vai até sexta-feira (16/9) e reunirá palestrantes com atuação no agronegócio nacional e internacional em Gramado (RS). O evento é uma realização da CCGL e conta com o patrocínio do terminal Termasa e com o apoio da Fecoagro e do Sistema Ocergs-Sescoop/RS. A Cotrijuc participa do evento com um grupo de mais de 50 pessoas, entre conselheiros, produtores e colaboradores, juntamente com os parceiros da assistência técnica da Ello e Getagri.

    Fonte: ASCOM RTC

     

  • CESB acredita que sojicultores vão intensificar eficiência agronômica

    Práticas culturais e manejos adotados devem assegurar altos índices produtivos, apesar de provável incidência de fenômeno La Niña

    De Norte a Sul, Leste a Oeste, as expectativas para o 15º Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, organizado pelo CESB, são enormes. Afinal, apesar das adversidades da última safra, foram apresentados resultados consistentes e – até certo ponto – surpreendentes pelos vencedores da última edição.

    Com mais de 5.400 inscrições e aproximadamente 920 auditorias, a 14ª Edição do Desafio teve como grandes campeões nacionais e vencedores da região Sudeste o produtor rural Matheus Leonel Nunes Alves, da Fazenda São João, de Pilar do Sul (SP), junto de seu consultor técnico, Rafael Antonio Campos de Oliveira, com uma produção sustentável e altamente estratégica de 126,85 sacas por hectare.

    Por isso, o cenário é de otimismo para mais uma edição da iniciativa, mesmo com a previsão de algumas adversidades, como estresse biótico e abiótico, e também de repetição do fenômeno La Niña, que impacta negativamente a produtividade de muitos sojicultores.

    Veranice Borges, coordenadora técnica do CESB, destaca que, entre os participantes do Desafio, há uma elevada eficiência agronômica, ou seja, as práticas culturais e os manejos adotados têm assegurado a obtenção de altas produtividades, mesmo em anos de condições climáticas adversas.

    Tecnologias – A coordenadora técnica destaca que as tecnologias deverão ser grandes aliadas da produtividade. “Temos notado um grande impacto do uso de tecnologias nas áreas de maiores produtividades. Nessa última safra, destacou-se o uso de sistemas de irrigação automatizados, uso de telemetria, estações meteorológicas, monitoramento de campo, tecnologia de aplicação localizada, e outras ferramentas da agricultura de precisão para a melhorar a tomada de decisão e a eficiência agrícola da lavoura. Tudo isso faz muita diferença em um ano de problemas climáticos e de alto custo de produção, pois permite fazer as operações no momento certo e a aplicação de insumos na quantidade certa, que contribuem sobremaneira para minimizar as perdas de produtividade”, pontua Veranice.

    “Para esse ano com previsão de déficit hídrico, é fundamental fazer um bom planejamento da safra, começando pela data de semeadura. Fazer um bom manejo da irrigação nos intervalos de seca, fazer o monitoramento de pragas, uso de produtos que contribuem para o metabolismo da planta e fazer um bom planejamento das operações durante todo o ciclo serão mais uma vez um grande diferencial.  É importante o produtor se ater a fazer um bom uso das tecnologias disponíveis para depois evoluir para o uso de novas tecnologias”, acrescenta a coordenadora técnica.

    Análise de dados – Veranice observa que o produtor deve se atentar a análise de dados, durante toda a safra. “A fazenda é uma empresa, que além dos problemas comuns em qualquer empresa, ainda há os fatores incontroláveis inerentes ao clima ou potencializados por ele, por exemplo pragas e doenças. Nesse sentido, é importante o produtor entender antes e durante a safra os fatores que têm contribuído para possíveis perdas de produtividades, com o objetivo de reduzi-los ou contorná-los”, orienta Veranice.

    “A análise de dados permite justamente identificar onde está o problema, por exemplo: fazer adubação sem a análise de solo leva a uma possível superdosagem que além de aumentar os custos, pode reduzir a produtividade; saber onde se concentram as doenças do solo, manchas de acidez ou baixa fertilidade permite o controle/tratamento localizado e evita perdas específicas naquele local. A análise de dados deve ser constante, antes do planejamento da safra e durante ela. Fazer análise foliar, monitoramento de pragas, doenças, presença e estádio de desenvolvimento de plantas daninhas são fundamentais para a tomada de decisão sobre onde, o que, e o momento de aplicação”, complementa.

    Inscrições do Desafio –  As inscrições do 15º Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja já estão abertas. Para se inscrever, o sojicultor precisa acessar o site www.cesbrasil.org.br, seguir corretamente todas as instruções e preencher informações referentes à safra 22/23. O valor é de R$150,00 para inscrições não-patrocinadas e 100% gratuitas para inscrições que indicarem algum dos patrocinadores do CESB.

    Após conclusão do Desafio CESB, todos os participantes receberão um laudo/relatório das áreas auditadas, contendo georreferenciamento da área auditada, descritivo do campo de produção, informações técnicas de manejo, registro fotográfico e informações adicionais (caso exista…), além de um certificado de participação, com sua classificação no Desafio CESB de Máxima Produtividade da Soja.

    As inscrições do 15º Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja vão até dia 31 de janeiro de 2023. Em função das regras impostas pela LGPD, os participantes deverão renovar seus cadastros com o CESB. A renovação do cadastro contribuirá para o melhor controle em relação aos envios dos laudos técnicos e certificados emitidos pelo CESB e para uma maior segurança da informação, tanto dos próprios participantes, quanto do CESB.

    Além do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, o CESB realiza diversas ações em prol do fortalecimento da sojicultura nacional. Entre as ações, destaque para o curso de pós-graduação EAD MTA Soja do Centro Universitário Integrado Campo Mourão, realizado em parceria com o CESB e com a Elevagro, com o intuito de promover conhecimento técnico de altíssimo nível, apresentando dados e estudos de produtividade obtidos pelo CESB, por meio de rigorosos protocolos e elevado nível de transparência.

    Com professores largamente experientes, o curso tem uma grade curricular que propicia ampla gama de conhecimentos teóricos e práticos sobre toda a cadeia produtiva da soja. É ideal para que produtores novatos ou experientes mantenham-se atualizados das inovações no mercado e estejam mais preparados para os desafios do setor, aplicando as melhores práticas em suas produções.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/