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27 de setembro de 2022

  • Soja: 90% dos inoculantes biológicos comprados no país são voltados à cultura

    Inoculação da oleaginosa com bactérias fixadoras de nitrogênio faz país economizar cerca de 14 bilhões de dólares com fertilizantes nitrogenados, segundo a Embrapa

    O mercado de insumos biológicos ultrapassou a marca de 90 milhões de doses de inoculantes comercializadas na última safra, segundo dados da Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (Anpii). E as lavouras de soja têm se mostrado terreno fértil a essa expansão.

    Isso porque a utilização de microrganismos em diversas culturas ganhou ainda um impulso extra nos últimos meses devido ao cenário de instabilidade na oferta internacional e da alta valorização dos fertilizantes químicos, especialmente os nitrogenados.

    A inoculação é um processo de biofertilização, em que são adicionados às sementes microrganismos que buscam trazer benefícios às plantas. Essas bactérias, ou fungos, são capazes de capturar os macro ou micronutrientes que já encontram-se presentes no solo ou no ar e transformá-los em uma composição que possa ser melhor fixada pela planta, garantindo maior absorção desses elementos e, consequentemente, maior desenvolvimento.

    Fixação biológica de nitrogênio

    O tipo de inoculação mais utilizado é à base de Bradyrhizobium, uma bactéria que promove a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). No entanto, existem também inoculantes que utilizam outros tipos de bactérias ou fungos, com atuação destacada para a fixação de diferentes elementos ou nutrientes, como para solubilização de fósforo contido no solo. Acredita-se que 70% do fósforo lançado fica preso no solo e a planta não o absorve.

    “Além deste fornecimento de nutrientes a baixo custo, diminuindo ou eliminando a necessidade de fertilizantes químicos, muitos inoculantes estimulam ainda a produção de hormônios de crescimento nas plantas, maior desenvolvimento do sistema radicular e, por consequência, melhoria da resistência das plantas a situações de estresse hídrico ou climático. Além disso, oferecem também defesa natural à planta, produzindo antibióticos para protegê-la contra doenças e infecções”, conta a gerente de produtos biológicos da Vittia, Cibele Medeiros.

    Inoculantes na soja

    A pesquisadora destaca que além das elevadas produtividades nas culturas de leguminosas, os inoculantes também têm se mostrado poderosos aliados em outras lavouras, como as de trigo e aveia.

    “Em todas essas culturas já temos comprovação de alta eficiência, mas na sojicultura os resultados são ainda mais evidentes. É uma característica própria da soja e da associação que estabelece com as bactérias inoculadas. Uma relação simbiótica de alta eficiência”, explica. De acordo com a Anpii, das mais de 90 milhões de doses comercializadas na safra 2020/21, aproximadamente 80 milhões foram usadas na cultura da soja, ou seja, aplicações na cultura representam cerca de 89% deste mercado.

    Aumento de produtividade

    A adição anual do bioinsumo aumenta em mais de 8% a produtividade geral da soja, e é considerada indispensável em áreas que nunca produziram a oleaginosa ou que não são cultivadas há longos períodos.

    Segundo dados da Embrapa, considerando apenas a inoculação da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio, o Brasil economiza, anualmente, cerca de 14 bilhões de dólares, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados.

    “Mesmo com o alto investimento em pesquisa e tecnologia, são tecnologias com excelente custo-benefício ao produtor. Enquanto fertilizantes nitrogenados, como a ureia, custam em média acima de R$ 500 por hectare, os inoculantes para soja têm um custo médio aproximado entre R$ 8 a R$ 15 por hectare”, diz a especialista.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Plantio direto pode aumentar em 11% a eficiência do uso de água na soja

    Sistema promove maior produtividade do recurso hídrico, com menos gasto de energia. Estudo foi conduzido por duas Embrapas, Esalq e universidade norte-americana

    O sistema de plantio direto pode trazer 11% a mais de produtividade de água na cultura de grãos. A constatação resulta de experimentos conduzidos em São Paulo por cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), da Embrapa Solos (RJ) e da Embrapa Meio Ambiente (SP), em parceria com a Universidade da Flórida.

    Os pesquisadores avaliaram a evapotranspiração e a eficiência da água na cultura da soja em ambiente tropical, utilizando dados de uma estação agrometeorológica. O estudo também mostrou, na simulação, que a irrigação acionada com mais de 60% da água disponível no solo não resultou em aumento na produtividade dos grãos. Isso quer dizer que o aumento da oferta do líquido para a cultura não fez com que ela produzisse mais.

    O pesquisador da Embrapa, Alexandre Ortega, explica que a economia de água registrada no caso do plantio direto é maior porque o sistema mantém material vegetal cobrindo o solo, o que evita perdas por evaporação, e a umidade para a cultura. O uso de menor quantidade de água acaba por favorecer, ainda, a redução dos custos energéticos do sistema de irrigação.

    Transpiração da planta

    A produtividade de água, também conhecida como eficiência no uso de água (EUA), é a razão entre o rendimento final da cultura (grãos, frutos e folhas) e a evapotranspiração sazonal, compreendida desde a semeadura até a colheita. A evapotranspiração refere-se à “perda” conjunta de água – ou melhor, à transferência de água para a atmosfera – causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas.

    Os resultados da pesquisa foram obtidos em campo, a partir de dois experimentos com soja conduzidos no sítio experimental da Esalq, em Piracicaba (SP). O primeiro, em plantio convencional, e o segundo, em plantio direto com resíduo vegetal deixado na superfície. Ambos utilizaram a mesma cultivar BRS 399-RR, que possui hábito de crescimento indeterminado e é classificada como grupo de maturidade 6.

    Os dois experimentos também tiveram a mesma população de plantas e foram irrigados. O manejo da irrigação consistiu em atender a necessidade hídrica total da cultura. A frequência e a quantidade de água foram baseadas em um balanço hídrico suportado pela evapotranspiração de referência, calculada com variáveis meteorológicas medidas no local do experimento.

    Modelo de precisão na soja

    Os pesquisadores aplicaram, nos experimentos, o modelo CROPGRO – Soybean, capaz de simular com precisão a evapotranspiração da cultura da soja. O modelo forneceu boas previsões de evapotranspiração diária e cumulativa, quando comparada aos dados medidos em campo. Esse modelo é amplamente utilizado e integra a plataforma Sistema de Apoio à Decisão para Transferência de Agrotecnologia (DSSAT, na sigla em inglês).

    “A previsão do rendimento das culturas, a evapotranspiração e a produtividade da água são aspectos essenciais para a gestão do recurso hídrico e a intensificação sustentável da agricultura. É um processo voltado à estimativa da produtividade hídrica e, portanto, importante para o gerenciamento eficiente da água dos sistemas de cultivo. Estimativas precisas de evapotranspiração das culturas ajudam a melhorar a eficiência do uso da água”, enfatiza o pesquisador da Esalq, Evandro Moura da Silva.

    Segundo o pesquisador da Embrapa, Evaldo Lima, devido à posição expressiva da soja para a produção de alimentos e de rações, é importante a realização de pesquisas que simulem, por exemplo, o crescimento, o rendimento e a produtividade da água para a cultura. “Nesse sentido, esse estudo é relevante e serve para simular em ambiente tropical os parâmetros de água no sistema solo-planta-atmosfera de maneira satisfatória para a cultura da soja”, afirma.

    Plataforma e modelo utilizados

    O Sistema de Apoio à Decisão para Transferência de Agrotecnologia é uma plataforma que ajuda na modelagem do crescimento, do desenvolvimento e da produtividade de uma cultura em uma área uniforme, com base em informações fornecidas ou simuladas sobre nitrogênio, carbono, água e solo. Essas informações são associadas aos elementos meteorológicos registrados em determinado período, que servem como dados de entrada do modelo. São ainda combinadas aos modelos de cultura, com o intuito de desenvolver estudos na área de manejo.

    A plataforma usa uma função assintótica, isto é, descreve o comportamento de limites do índice de área foliar diária com um coeficiente de extinção de energia da cultura, e as partições referenciam a evapotranspiração, separadamente, para a evaporação da água do solo e a transpiração da cultura. Ou seja, as ferramentas são capazes de particionar a evaporação de água do solo que a planta não utiliza da transpiração da cultura, água que de fato entra na planta.

    As ferramentas da plataforma podem determinar o índice de área foliar diária da relação entre a área de folhas verdes e quanto a planta ocupa de espaço do terreno. Quanto maior o resultado dessa relação, mais área de folha por metro quadrado é observada e, consequentemente, mais fotossíntese e produção de matéria seca ocorrem. Dentro da plataforma DSSAT existe uma gama de modelos para diferentes culturas: Ceres-Maize (milho), Ceres-Sorghum (sorgo), Ceres-Rice (arroz), Ceres-Barley (cevada), Ceres-Sunflower (girassol), CROPGRO-Soybean (soja).

    Modelo gratuito

    O CROPGRO-Soybean, modelo para a cultura da soja, é capaz de descrever os principais processos biofísicos da planta, como fotossíntese; particionamento de biomassa; respiração; dinâmica da água; crescimento foliar, raiz e caule; fenologia e evapotranspiração. O modelo simula o crescimento da soja, biomassa acima do solo, tempo de eventos fenológicos – repetitivos e relacionados ao ciclo de vida das plantas – e, em última análise, prevê o rendimento final em uma ampla gama de ambientes e para diferentes cenários de manejo.

    A demanda de água da cultura pode ser obtida como o produto da evapotranspiração de referência e o coeficiente da cultura, resultando na evapotranspiração estimada. Tais processos são simulados com base nos dados de entrada e nos parâmetros fisiológicos da cultura.

    A Embrapa contribuiu para o desenvolvimento do modelo, que pode ser baixado gratuitamente.

    Uso sustentável da água

    De acordo com as Nações Unidas, a previsão é que a população global chegue a 9,7 bilhões em 2050, representando um aumento de 30% em relação ao número atual de habitantes do planeta. Ao mesmo tempo, espera-se que o consumo mundial de carne bovina e produtos lácteos cresça devido a uma maior renda média per capita. Combinados, esses fatores levarão a um acréscimo de 50% a 70% na demanda por alimentos e rações e, potencialmente, aumentarão a escassez de água em todo o mundo.

    A agricultura é responsável por 70% das retiradas globais de água doce, sendo o déficit hídrico o fator mais limitante da produção agrícola. Portanto, aumentar a produtividade da água da cultura pode ajudar a reduzir o impacto negativo de chuvas instáveis na estação e otimizar o uso da água para sistemas de cultivo irrigados. Iniciativas como essas devem contribuir para o uso sustentável da água e a produtividade agrícola, resultando, em última análise, em melhor segurança alimentar e nutricional.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Produtividade da soja nesta safra pode ser 17% maior, aponta consultoria

    De acordo com a AgResource, incidência do La Niña sobre a cultura tende a ser mais amena

    AgResource Brasil, filial da empresa norte-americana AgResource Company, divulgou sua estimativa para a safra 2022/23 de soja que se inicia. A estimativa indicou uma área total para de 42,61 milhões de hectares, produtividade em 3.549 kg por hectare (59,1 sacas/ha) e produção total de 151,24 milhões de toneladas.

    Segundo a estimativa, se consolidada, a safra será 20,4% maior que o ciclo anterior, que tem as estimativas atuais indicando a produção total em 125,6 milhões de toneladas. Esta maior produção deve ser decorrente do incremento projetado de 2,78% na área colhida, mas, principalmente, por conta da produtividade projetada a ser 17,2% maior que no ciclo 21/22, indicada em 3.029 kg por hectares (50,4 sacas/ha).

    La Niña menos prejudicial à soja

    De acordo com o analista de mercado da consultoria, João Pedro Thieme, apesar de o La Niña ainda atuante até o início de 2023, os modelos de previsão do tempo indicam que outros componentes climáticos poderão trazer condições mais favoráveis (comparado à safra passada) para a safra brasileira, concentrando maior risco na Argentina e no extremo sul do Brasil.

    “Além disso, as alterações de manejo podem ajudar o produtor da região centro-sul a mitigar parte do risco como em anos anteriores. O histórico das safras não indica redução de produtividade por dois anos consecutivos (mesmo quando tivemos três anos de La Niña seguidos). Nesse caso, a produtividade costuma retornar para mais próximo da linha de tendência” aponta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/