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28 de setembro de 2022

  • Emissões de títulos sustentáveis batem recorde no Brasil

    Em 2020 e 2021, foram captados US$ 20 bi por esse tipo de papel

    As emissões de papéis ligados a projetos de sustentabilidade ou a metas de governança ambiental e social bateram recorde no Brasil. Segundo estimativas divulgadas na segunda-feira (26) pelo Banco Central (BC)em 2020 e 2021 foram lançados US$ 20 bilhões por meio desses títulos sustentáveis.

    Os números constam de um trecho do Relatório de Economia Bancária, que será completamente divulgado no próximo dia 6. Na segunda, a autoridade monetária divulgou apenas dados sobre as emissões de títulos relacionados à sustentabilidade por empresas brasileiras, no mercado doméstico e internacional.

    O volume de emissões foi estimado com base em dados da empresa de consultoria Natural Intelligence (NINT), que compila operações de crédito sustentáveis realizadas por empresas brasileiras. Com base nos dados da empresa, o BC constatou que o crescimento é exponencial. De 2015 a 2019, a emissão de títulos sustentáveis somou cerca de US$ 6 bilhões, um terço do registrado nos dois anos seguintes.

    De acordo com o Banco Central, o Brasil responde por pouco mais de 1% das emissões de títulos sustentáveis do mundo, que somaram US$ 1,6 trilhão em 2020 e 2021. Na América Latina, o país está em segundo lugar no volume de títulos, atrás do Chile.

    Composição dos títulos sustentáveis

    Em relação aos tipos de papéis sustentáveis, o BC apontou uma mudança. No ano passado, os Sustainability-Linked Bonds (SLB) ultrapassaram, pela primeira vez, os Green, Social, Sustainability Bonds (GSS). O primeiro tipo de papel está diretamente ligado a projetos sustentáveis. No segundo, os títulos estão ligados a metas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) que devem ser cumpridas pelos tomadores.

    “As emissões de SLB no ano de 2021 superaram, em quantidade e volume financeiro, o total de green bonds emitidos desde 2015. Os green bonds predominam entre os emissores bancários, enquanto, para as empresas não financeiras, destacam-se os SLB”, destacou o relatório do BC.

    As empresas não financeiras são as principais emissoras de títulos sustentáveis. Desde 2016, elas concentram 88% dos papéis desse tipo lançados no mercado externo e 89% do volume doméstico. “Os setores de papel e celulose e alimentos e bebidas são predominantes nas emissões no mercado externo, enquanto o de energia elétrica destaca-se nas emissões no mercado doméstico”, ressalta o relatório.

    “Em 2021, cerca de apenas 7% das emissões no mercado doméstico apresentaram características de sustentabilidade” — Banco Central

    A maior parte dos recursos levantados vem do exterior. O mercado internacional representa 74% do volume financeiro arrecadado pelas empresas desde 2015, com o mercado doméstico respondendo pelos 26% restantes. “Em 2021, cerca de apenas 7% das emissões no mercado doméstico apresentaram características de sustentabilidade, sendo tal proporção de 47% no caso das emissões externas”, explicou o relatório do BC.

    No mercado doméstico, os green bonds (títulos verdes) concentram a maior parte dos títulos sustentáveis. A maior parte das emissões ocorre por meio de debêntures (68%) e de letras financeiras (8%), mas também via outros instrumentos de investimento, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados Recebíveis Imobiliários (CRI), Fundos de Investimento Imobiliários (FII), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) e empréstimos.

    Riscos financeiros

    Apesar do volume recorde, o BC alerta para riscos na emissão de títulos sustentáveis para os emissores e tomadores. Os principais são o risco financeiro e o de imagem.

    “O risco financeiro decorre do aumento no custo da dívida em caso de descumprimento das metas quando o financiamento acontece sob a forma de SLB. O risco de imagem pode ser associado tanto ao descumprimento das metas como ao greenwashing [lavagem de dinheiro por meio de instrumentos verdes], prática que coloca em risco a própria reputação do mercado de emissões sustentáveis”, conclui a autoridade monetária do Brasil.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Embrapa: custos de produção do leite voltam a crescer

    Após três recuos consecutivos, os custos de produção de leite voltaram a subir. Dados do ICPLeite/Embrapa mostram um aumento de 3,0% em agosto, a maior inflação mensal desde maio/21.

    grupo Concentrado apresentou a maior variação, impulsionado pelo aumento de preços da mistura pronta e também da soja. Este grupo, que possui a maior contribuição para o cálculo do indicador, subiu 7,5%.

    grupo Energia e combustível apresentou a segunda maior alta motivada pelo reajuste na tarifa de energia elétrica, ocorrida em julho e que refletiu somente no mês seguinte. O reajuste no preço da energia suplantou a retração observada nos preços dos combustíveis, ainda devida à desoneração de tributos no varejo e redução de preços nas refinarias. Este grupo variou 6,6%.

    queda dos preços dos combustíveis, no entanto, foi o motivo da retração ocorrida no grupo Volumosos, o único grupo que apresentou deflação no mês, -1,8%, contribuindo para segurar o indicador, já que esse grupo possui o segundo maior peso relativo na ponderação do indicador.

    Os grupos Sanidade e reprodução e Qualidade do leite variaram 0,7% e 0,6%, respectivamente. O grupo Minerais não apresentou variação significativa e o grupo Mão de obra não variou.

    Os resultados para o mês de agosto obtidos para cada um dos grupos de custos que compõem o ICPLeite/Embrapa encontram-se no Gráfico 1.

    Gráfico 1. Variação em agosto/22, por grupos de despesa (em %)

    Gráfico custos de produção - Embrapa

    Nos oito primeiros meses do ano, o ICPLeite/Embrapa acumulou uma inflação de custos de 4,3%, revertendo o movimento de queda observado no trimestre que o antecedeu.

    O grupo Mão de obra atingiu variação de 17,6%, seguido pelos grupos Minerais, que apresentou uma inflação acumulada de 12,5% no período. O grupo Sanidade e reprodução registrou o acumulado de 7,8%, seguido do grupo Qualidade do leite, que foi de 1,8%.

    A novidade neste mês foi o grupo Concentrado, que voltou a acumular variação positiva, 1,6%. As deflações ocorreram nos grupos Energia e combustível e Volumosos. Respectivamente, foram -12,3% e -0,7%

    Gráfico 2. Variação acumulada de jan/22 a ago/22, por grupos de despesa (em %).

    gráfico - embrapa

    Fonte: https://www.milkpoint.com.br/

  • Aplicativo ajuda produtor de soja a enfrentar escassez de fertilizantes

    Ferramenta está disponível gratuitamente para os sistemas Android e iOS

    O aplicativo Nutri Meio-Norte, módulo soja, é o recomendado pela Embrapa para os produtores dos cerrados do Piauí e do Maranhão, que iniciam o plantio da oleaginosa na segunda quinzena de outubro.

    O objetivo da ferramenta é ajudar os agricultores a enfrentar a escassez e os altos preços dos fertilizantes, que sufocam o setor agrícola mundial há sete meses, devido à guerra entre Ucrânia e Rússia (o conflito começou em 24 de fevereiro).

    No início de fevereiro, um dos fertilizantes mais usados, o saco de 50 quilos de cloreto de potássio, por exemplo, custava R$ 335,00. Hoje, já é vendido a R$ 420,00. Os russos estão em segundo lugar na produção de fertilizantes. O Canadá é o maior produtor. O Brasil ainda tropeça na produção destes insumos e importa 95% do cloreto de potássio usado nas lavouras das cinco regiões do país.

    Usando um smartphone ou tablete, o agricultor pode baixar o aplicativo gratuitamente na internet pelos sistemas Android (Play Store) e iOS (App Store). Em poucos segundos de manejo, o Nutri Meio-Norte já disponibiliza um balanço nutricional da plantação de soja, com as quantidades de nutrientes e corretivos que a lavoura precisa. Essa tecnologia traz velocidade, precisão na gestão de uma lavoura de soja e economia, já que a cultura necessita de insumos cotados em dólar.

    Passo a passo

    Em poucos passos, o produtor pode obter esse balanço nutricional, como orienta o pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Henrique Antunes, um dos responsáveis pelas informações técnicas.

    “Primeiro, ele tem que realizar a análise foliar da lavoura, feita por um laboratório especializado. Após abrir o aplicativo, o agricultor deverá inserir na página ‘análise foliar’ dados obtidos na análise laboratorial das amostras de sua lavoura, como as quantidades dos macro e micronutrientes encontrados. Depois, ele deve escolher o método de análise, Recomendação e Dianóstico (DRIS) ou Diagnose da Composição Nutricional (CND), e clicar no botão ‘enviar’”.

    Em seguida, aparecerão os índices nutricionais em formato de gráficos de barra e radar. “Ele deve clicar, então, em ‘gerar relatório’ para abrir um formulário a ser preenchido sobre dados da propriedade, em talhão ou lavoura, como área plantada, data da coleta da folha diagnóstica e algum manejo realizado na área”.

    Finalmente, ao clicar em ‘baixar’, os resultados gerados são armazenados no dispositivo em forma de relatório que pode ser compartilhado por e-mail ou programas de mensagens, como o WhatsApp”, explica. O cientista destaca que, com o resultado, o produtor pode “adequar a adubação e ter eficiência no uso de nutrientes”.

    Análises na soja

    A análise de tecido vegetal, que é conhecida também como análise foliar, tem como princípio básico de amostragem a seleção de partes da planta, como as folhas. No cerrado piauiense, hoje, as análises são feitas no laboratório de solo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), no município de Bom Jesus, a 603 quilômetros ao sul de Teresina. No Maranhão, os produtores podem procurar o laboratório Terra Brasileira, no município de Balsas, a 799 quilômetros de São Luís.

    De acordo com os pesquisadores envolvidos na ferramenta, o próximo passo é desenvolver um módulo com feijão-caupi (feijão-de-corda), que também apresentará o balanço nutricional da planta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/