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17 de outubro de 2022

  • Pasto de gramíneas com leguminosas traz alimentação mais nutritiva

    Além disso, oferece uma alternativa mais sustentável de entrada de nitrogênio, graças à fixação biológica do mesmo

    Pesquisas realizadas em pastagens do Campo Experimental de Prudente de Morais, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), têm revelado que a associação de gramíneas com leguminosas no pasto gera uma alimentação mais nutritiva e diversificada para animais.

    Nitrogênio auxilia pasto

    O nitrogênio (N) é considerado o principal nutriente para o crescimento e abundância das gramíneas. Isto afeta diretamente na quantidade e no valor nutritivo da forragem disponível para bovinos, ovinos e bubalinos. A inserção de leguminosas, através de consórcio, tem o objetivo de introduzir N de uma forma eficiente e ecológica no pasto. Assim, oferece uma opção mais barata que a adubação nitrogenada tradicional, técnica ainda preferida pela maioria de produtores pecuários.

    O pasto consorciado proporciona um aumento no aporte de N para os ruminantes ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental da atividade pecuária. Isso ocorre por meio da fixação natural do nitrogênio atmosférico, resultante da simbiose realizada entre leguminosas e um grupo específico de microrganismos presentes no solo. Estes fornecem diversos compostos nitrogenados para esse tipo de planta, em troca de carboidratos.

    Segundo Fernanda Gomes, pesquisadora da Epamig Centro-Oeste e uma das envolvidas nos trabalhos em pastos consorciados, a leguminosa aumenta a fertilidade do solo, além da quantidade e qualidade da forragem.

    “A composição celular da leguminosa permite que ela tenha maior digestibilidade dos nutrientes no rúmen, o que faz com que essa planta tenha maior valor nutritivo, melhorando a dieta do animal quando ingerida”, ressalta Gomes.

    A pesquisadora lembra que o nitrogênio fornecido pela leguminosa é melhor aproveitado pelos microrganismos ruminais. Essas plantas apresentam uma quantidade maior disponível da chamada “proteína verdadeira” em relação às gramíneas tropicais.

    Além disso, a presença de compostos secundários, como o tanino condensado, atua na diminuição da excreção do N pela urina, que é prejudicial ao meio ambiente por produzir um gás de efeito estufa muito estudado, o óxido nitroso (N₂O).

    Outro benefício do uso de leguminosas em pastos consorciados é a permanência do nutriente no sistema, mesmo após o desaparecimento da planta.

    “O nitrogênio que adentra o terreno através da leguminosa mantém-se no solo em torno de um a dois anos após a morte da planta. Isto é feito por meio do processo de ciclagem desse nutriente através das excretas dos animais”, complementa a pesquisadora.

    Orientações 

    Para alcançar resultados positivos em pastagens consorciadas é necessário que haja adaptação das leguminosas forrageiras às condições ambientais e edáficas da região, além de serem resistentes a pragas e doenças.

    “Produtores que tenham interesse em criar pastos consorciados em suas propriedades precisam, primeiramente, avaliar relevo, tipo de solo, precipitação e temperatura da região. Assim, escolhem as leguminosas e gramíneas mais adaptadas à pastagem. Além disso, devem estar atentos à compatibilidade entre elas. A presença de duas espécies com diferenças fisiológicas, morfológicas, estruturais e nutricionais provoca competitividade entre elas, tanto acima quanto abaixo do solo. Dessa maneira, gera uma gama de respostas que definirão sua produtividade, qualidade, vigor e persistência no campo”, detalha Fernanda Gomes.

    Ainda de acordo com a pesquisadora, a prática de consorciar plantas de diferentes espécies em pastagem se estende a interações entre outros tipos, além das leguminosas.

    “Em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, há a associação de pelo menos uma espécie destinada ao pastejo, normalmente gramíneas forrageiras, com uma cultura anual, como milho ou soja, e com espécies arbóreas, como eucalipto, mogno ou árvores nativas”, afirma Fernanda.

    Dentre as perspectivas futuras, Fernanda Gomes destaca a recuperação de áreas de vários campos experimentais da Epamig através da integração lavoura-pecuária. Ainda há implantação de pastos consorciados após a retirada da cultura anual.

    “Pretendemos também estudar duas leguminosas com hábitos de crescimento diferentes, a Desmodium ovalifolium e a Stylosanthes guianensis cv. Bela. Queremos verificar qual consórcio responde melhor quanto à produtividade do pasto, consumo da leguminosa, balanço do nitrogênio consumido pelos animais e emissão de metano variáveis importantes em um sistema de produção de animal em pastagem”, conclui.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Estudo conclui que Brasil pode aumentar produção de soja em 36% até 2035

    Além do maior volume de sacas, pesquisa também sugere práticas para que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas

    Se as tendências atuais de produção de soja seguirem como estão, o Brasil converterá cerca de 5,7 milhões de hectares de florestas e Cerrado em lavoura nos próximos 15 anos. Tal atividade poderia levar ao incremento de 1,955 milhões de toneladas de CO2 lançados na atmosfera.

    Essa é a conclusão do estudo Protecting the Amazon forest and reducing global warming via agricultural intensification (Protegendo a floresta amazônica e reduzindo o aquecimento global por meio da intensificação agrícola, em tradução livre), publicado na revista Nature nesta segunda-feira (10).

    A pesquisa visa mostrar como é necessário produzir mais soja para garantir a segurança alimentar mundial sem, no entanto, comprometer o futuro dos principais biomas brasileiros. Desta forma, o documento indica que a intensificação do cultivo da oleaginosa poderia ajudar os agricultores a melhorar a produtividade sem ter que reverter mais áreas verdes em terras agrícolas.

    Para intensificar a produção nos hectares existentes, os pesquisadores indicam que o país poderia aumentar a sua produção anual de soja em 36% até 2035, reduzindo simultaneamente as emissões de gases do efeito estufa em 58% em comparação com os índices de hoje. Para que isso ocorra, a pesquisa sugere três iniciativas fundamentais:

    • Cultivar uma segunda safra de milho em campos de soja em determinadas áreas
    • Criar mais gado em pastagens menores para liberar mais terra para a soja
    • Aumentar significativamente os rendimentos das culturas de soja

    Impactos da Covid-19 e da guerra

    O estudo reforça que a pandemia de Covid-19, junto com a guerra na Ucrânia, trouxe duas consequências que podem ter impactos expressivos nos países em desenvolvimento, que dependem de culturas de produtos de base como principal fonte de rendimento.

    “Uma é o aumento acentuado dos preços dos produtos agrícolas, que quase duplicaram em comparação com os níveis pré pandêmicos. O segundo é um forte desejo dos governos nacionais de recuperarem rapidamente sua economia”, diz trecho da obra.

    Estes eventos são extremamente importantes para os países em desenvolvimento com vastas extensões de terra adequadas para a agricultura que são atualmente cobertas com ecossistemas frágeis, tais como florestas tropicais e cerrados, porque podem desencadear uma conversão maciça da terra em um período relativamente curto, levando a perda de biodiversidade e aquecimento global.

    O Brasil contempla toda a complexidade do aumento de demanda por alimentos e da obrigação em proteger seus biomas. “O país acolhe uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, com 516 milhões de hectares de florestas e cerrado. De especial relevância são os vastas áreas de florestas tropicais localizadas na Amazonia, somando 330 mi/ha. Ao mesmo tempo, o Brasil é o principal país exportador de soja, contabilizando 40% das exportações globais em 2017-2019”.

    Progressos na redução do desmatamento

    Durante o final dos anos 1990 e início da década de 2000, a produção de soja provocou um desmatamento maciço, mas durante os anos seguintes (2005-2015), o Brasil fez progressos tangíveis na redução das taxas de desmatamento por meio de moratórias e programas de incentivo financiados por países estrangeiros.

    A questão a ser respondida é se estas medidas serão por si só suficientes para impedir a conversão de ecossistemas frágeis num contexto de preços elevados dos cereais e governos que procuram o crescimento econômico a partir do incremento da produção agrícola.

    O que fazer?

    Como ações que poderão garantir o diálogo sustentável entre produtividade e sustentabilidade, o estudo propõe aumentar significativamente o rendimento da cultura da soja, com milho na sequência, além de aumentar o número de cabeças de gado em pastagens com intenção de liberar mais terra para os grãos.

    Os cálculos realizados pela equipe de pesquisadores mostram que a estratégia de intensificação permitiria ao Brasil realizar 85% do rendimento bruto projetado de soja e milho de segunda safra, em comparação com as tendências atuais. Ao mesmo tempo, reduziria a emissão de gases em 58%.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Emater/RS: temperaturas afetam lavouras, mas ajudam na produção de leite

    Apesar do período ser marcado pelo vazio forrageiro primaveril, nas propriedades com áreas de azevéns tetraploides, a produção de leite mantém bons níveis. Já em alguns locais está sendo utilizada a silagem de cereais de inverno para garantir os índices produtivos.

    Grande parte das lavouras de milho para silagem estão sendo prejudicadas pelo frio fora de época. A ocorrência de baixas temperaturas favoreceu o conforto térmico aos animais. Apesar do registro de chuvas, estas foram de baixa intensidade, não havendo formação de barro e diminuindo a incidência de mastite e contaminação do leite no momento da higiene de ordenha.

    Na regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, as lavouras de trigos ou outros cereais para ensilagem estão com bom desenvolvimento. A qualidade do leite se manteve dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação vigente.

    Na regional de Frederico Westphalen, a expectativa do preço pago pelo litro do leite é novamente de retração. As empresas sinalizam importante redução, o que levará os produtores a ter maior dificuldade de sustentar a atividade. O mesmo ocorre na regional de Ijuí, onde, apesar da boa produção, a perspectiva de queda nos preços no próximo mês deixa os produtores apreensivos. Na regional de Pelotas, em Santa Vitória do Palmar, os preços pagos pelo litro do leite também tiveram queda em relação ao mês passado.

    Na regional de Porto Alegre, em função da melhoria do desenvolvimento das pastagens cultivadas, houve diminuição da suplementação tanto de ração quanto de silagem, porém houve discreta queda na produção atribuída aos dias frios.

    Na regional de Santa Rosa, com o fim do ciclo das pastagens de aveia e azevém comum, aliado ao fato das pastagens de verão ainda não estarem ofertando forragem, há maior necessidade da utilização de silagem e feno com adicional de ração para manter a produtividade das matrizes.

    Fonte: https://www.milkpoint.com.br/