Daily Archives

27 de outubro de 2022

  • Preço do leite pago ao produtor recua 14% em setembro

    Em termos da oferta, no âmbito mundial a expectativa de crescimento é zero em 2022

    De 2015 a 2019, os preços reais ao produtor de leite no mercado mundial (convertidos do dólar para o real e deflacionados) se mantiveram entre R$1,31 e R$ 1,64 o litro, com média de R$ 1,40. É o que aponta a nota de conjuntura da CILeite/Embrapa divulgada nesta semana.

    Em 2020, a média de preços no Brasil foi de R$ 2,04/L, igual à mundial, de R$ 2,03/L. De modo similar em 2021, quando a média mundial foi de R$ 2,43/L, e do Brasil R$ 2,36/L. Ao longo do primeiro semestre de 2022 os preços do leite ao produtor no Brasil registraram aumentos mais acentuados devido ao período de entressafra e por uma redução histórica na oferta de leite, que caiu 9,1% no primeiro semestre. O pico dos preços ocorreu no mês de agosto de 2022, com valor 63% maior em relação ao mês de janeiro daquele ano.

    Em setembro de 2022, o preço do leite brasileiro teve queda de 14%. Ainda assim, esteve 28% acima da referência mundial adotada. Duas causas principais podem ser consideradas:

    1. Entrada no período de safra, momento em que há um aumento da oferta de leite;
    2. Um aumento atípico no volume de importações de lácteos, equivalente à 10% da produção nacional de leite.

    “Em termos de custo de produção, tomando-se como referência o custo da mistura 70% milho e 30% farelo de soja, os valores reais médios de 2022 para o mercado internacional e para o Brasil foram similares de R$ 1,93/kg e R$1,94/kg, respectivamente”, informa a CILeite/Embrapa. “Neste caso, ressalta-se que houve uma alta acentuada nos custos de produção após meados de 2020 e que segue incomodando o pecuarista. Com base nos nove meses de 2022, tanto no Brasil quanto no mercado internacional, os custos da mistura 70+30 foram 30% maiores em relação a 2021.”

    Oferta de leite no Brasil e no mundo

    Em termos da oferta, no âmbito mundial a expectativa de crescimento é zero em 2022. Para o Brasil a expectativa, de acordo com as estatísticas disponíveis do leite captado é de uma queda na produção de 6% em relação a 2021. No mercado atacadista, os preços dos principais derivados lácteos começaram a cair no fim de julho. Até o início de outubro, houve um recuo próximo de 30% para o leite UHT e para o queijo muçarela.

    Para o consumidor, o impacto de queda de preços geralmente chega um pouco mais tarde. Os preços do leite UHT tiveram aumentos ao longo do primeiro semestre com pico em julho, equivalente a 75% no acumulado do ano. De julho até setembro houve um recuo de 21%. Dessa forma, ainda há espaço para novos recuos nos preços ao consumidor, já que a desaceleração no atacado e no produtor foram mais acentuadas.

    A produção de leite tem movimento crescente até dezembro, quando se chega ao pico da safra. Por outro lado, espera-se também alguma retomada do consumo. Os indicadores macroeconômicos de emprego e renda estão melhores, a inflação mais controlada, os preços dos derivados lácteos mais baixos no varejo e os suportes financeiros do Governo Federal às famílias de baixa renda são alguns dos estímulos a demanda. Isso tende a colocar algum piso nas cotações, inibindo novas quedas acentuadas, até porque, conforme mencionado, o custo segue elevado.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Ministério aprova registro de novos defensivos para controle de pragas

    Dos 46 novos produtos registrados, 18 são produtos de baixo impacto, dos quais seis com uso autorizado na agricultura orgânica

    Ministério da Agricultura acaba de aprovar o registro de 46 defensivos agrícolas formulados, ou seja, produtos que efetivamente estarão disponíveis para uso pelos agricultores.

    Do total registrado, 18 são produtos de baixo impacto, dos quais seis com uso autorizado na agricultura orgânica.

    Medida nesse sentido está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, por meio do Ato Número 50, do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária.

    Conforme o ministério, a novidade é o registro do produto de baixa toxicidade com ingrediente ativo novo Phthorimaea operculella granulovírus, que teve aprovação para controle da traça do tomateiro, tornando-se uma boa opção para o manejo dessa praga.

    Outro ingrediente ativo inédito, à base do óleo essencial de Cinnamomum verum, teve dois produtos registrados para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci raça B) na cultura da soja. Bemisia tabaci é uma das pragas prioritárias para o Ministério da Agricultura.

    Já em relação aos registros químicos, ganha destaque os dois registros do herbicida Diquat (considerado o substituto do paraquat), aumentando as opções para o sojicultor na safra que se inicia.

    Para a agricultura orgânica, saiu o registro de uma isca formicida à base do extrato da planta Tephrosia candida. É o segundo registro de um formicida com base na especificação de Referência nº 4, para controle de formigas cortadeiras Atta sedens rubropilosa e Atta laevigata.

    O destaque dos nematicidas fica por conta dos dois produtos biológicos compostos por uma mistura de isolados de Bacillus paralicheniformis e Bacillus subtillis, com recomendação de controle de nematoide-das-galhas (Meloidogyne incógnita), nematoide-do-cisto da soja (Heterodera glycines) e nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus).

    Para o controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), uma das pragas prioritárias no ano de 2022, o agricultor terá disponível mais uma ferramenta de controle com Baculovírus, de uso aprovado para a agricultura orgânica, além de um produto à base de Bacillus thuringiensis, isolado S 234 e outro à base de Metarhizium riley, Cepa CCT7771.

    Outra praga também considerada prioritária, o fungo Sclerotinia sclerotiorum que causa o mofo-branco, teve o registro de dois produtos biológicos à base de Trichoderma afroharzianum, linhagem CEN 287.

    As culturas com suporte fitossanitário insuficiente, também conhecidas como minor crops, como araticum, atemóia, batata-yacon, cacau, cará, chalota, cherimóia, chuchu, cupuaçu, feijão-caupi, fruta-do-conde, gengibre, gergelim, grão-de-bico, graviola, guaraná, inhame, kiwi, lentilha, linhaça, mandioca, mandioquinha-salsa, maxixe, nabo, pinha, quiabo, rabanete e romã, poderão receber tratamentos com o fungicida flutriafol (classificado pela Anvisa como categoria 5 – Improvável de Causar Dano Agudo).

    “O registro de agrotóxicos para culturas com suporte fitossanitário insuficiente é importante para auxiliar no manejo de pragas pelos agricultores”, explicou o ministério.

    Conforme o governo, todos os produtos registrados foram analisados e aprovados pelos órgãos responsáveis pela saúde, meio ambiente e agricultura, de acordo com critérios científicos e alinhados às melhores práticas internacionais.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Soja: mudanças climáticas são a maior preocupação de 72% dos produtores

    Tecnologias de agricultura digital podem auxiliar agricultor a prever e driblar problemas de estiagem ou excesso de chuva

    O agronegócio pode ser uma das principais vítimas do aumento da temperatura global causada pelas mudanças climáticas. A questão já é motivo de grande apreensão por parte dos produtores rurais. Segundo a Pesquisa sobre Cultura da Soja, realizada pela plataforma Climate Fieldview, esta é, inclusive, a maior preocupação de 72% dos sojicultores do país.

    Pelos dados do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o mundo já está 1,59º C mais quente do que no período pré-industrial. Tal fenômeno, motivado pela ação humana, tende a provocar alterações nos regimes de chuvas, gerando estiagens mais prolongadas em determinadas regiões e também precipitações em volumes excessivos que prejudicam diversas culturas em outras áreas.

    E o fenômeno não se limita ao Brasil: a Europa enfrenta a pior seca dos últimos 500 anos e viu mais de 270 mil hectares de terra serem atingidos por incêndios florestais.

    Problema persiste em 2022

    A expectativa para 2022 não é muito diferente. Apenas no início deste ano, a seca provocou um prejuízo recorde para os produtores de soja do Rio Grande do Sul. Os produtores do município de Giruá (RS), por exemplo, registraram a redução de 60 para cerca de 5 sacas de soja colhidas por hectare.

    Segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do estado (Fecoagro-RS), quase metade da safra esperada foi perdida, gerando um prejuízo estimado em R$ 36,14 bilhões.

    Esses números mostram que a elevação da temperatura média global coloca em risco toda a cadeia agrícola de produção. A baixa produtividade causada por esse problema climático não só provoca o desabastecimento, mas também aumento do preço dos alimentos, que eleva a inflação e torna o custo de vida mais caro.

    Como resultado, as mudanças climáticas podem gerar graves prejuízos econômicos para produtores e consumidores, colocando em risco a segurança alimentar e o bem-estar de uma população que não para de crescer.

    Por isso, o ideal é que esse momento histórico seja considerado uma oportunidade para o agronegócio investir em tecnologias sustentáveis e implementar boas práticas para maximizar a produção agrícola de modo eficiente e inteligente.

    Sustentabilidade e desenvolvimento agrícola andam juntos

    O conceito de sustentabilidade geralmente é associado apenas à preservação do meio ambiente. Porém, especialistas concordam que é impossível falar em preservação ambiental sem considerar que aspectos sociais e econômicos também afetam o meio ambiente.

    E a agricultura deve ser parte da solução. Além das estimativas de aumento da temperatura média global e suas consequências para o setor agrícola, o produtor ainda precisa lidar com outro desafio: o aumento da demanda por produtos agrícolas.

    Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a produção agrícola precisa crescer quase 70% até 2050 para atender as necessidades de uma população mundial estimada em 9,8 bilhões de pessoas.

    Digitalização do campo

    Diante desse cenário, a Embrapa aponta a convergência tecnológica e a adoção de sistemas de produção agrícolas mais sustentáveis como algumas das megatendências que devem guiar os agricultores brasileiros até 2030.

    Na prática, além de adotar práticas de cultivo mais sustentáveis, como sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), rotação de cultura e Sistema Plantio Direto (SPD), o produtor também precisa investir na digitalização do campo, ou seja, na convergência tecnológica da fazenda.

    Isso significa que o agricultor precisa adotar sistemas integrados, ciência de dados, softwares de gestão, inteligência artificial, entre outros recursos da agricultura de precisão e da agricultura digital para otimizar a gestão e o manejo da lavoura.

    Como resultado, é possível criar estratégias mais assertivas para aumentar a produtividade por hectare, usar os recursos ambientais de forma mais eficiente, melhorar a rentabilidade da safra e se planejar para proteger a lavoura das adversidades climáticas.

    Impactos do déficit hídrico na soja

    A agricultura é responsável pelo consumo de 70% de toda água utilizada no mundo. E o Brasil está entre os 10 países com maior área equipada para irrigação, atividade essa que utiliza cerca de 72% do total deste recurso gasto na agricultura.

    A engenheira agrônoma da Climate Fieldview, Letícia Nelma Soares, lembra que as oscilações do clima, cada vez mais constantes, têm provocado déficit hídrico acentuado ao longo de algumas safras de soja, impedindo que a cultura expresse todo o seu potencial produtivo e reduzindo a produtividade.

    “Vale destacar que é na germinação/emergência da planta e na floração/enchimento de grãos em que a disponibilidade de água é mais crítica na soja”, destaca.

    Desta forma, buscar ferramentas que melhorem o manejo da água é essencial. “Temos no mercado algumas tecnologias que utilizam de inteligência artificial – a partir de sensores e imagens de satélite – para determinar o melhor momento para iniciar a irrigação. Temos dados de economia em até 60% no consumo hídrico das propriedades que já investiram”.

    Diferenças no desenvolvimento da lavoura

    Letícia conta que a ferramenta Fieldview permite observar o desenvolvimento da lavoura de soja, analisar a variabilidade do crescimento vegetativo das áreas e, consequentemente, identificar todas as possibilidades que podem estar causando essas diferencias em áreas tão aparentemente homogêneas.

    “Temos exemplos de agricultores que conseguiram identificar falha na utilização da irrigação por gotejamento analisando uma simples imagem de NDVI (mapa de índice de vegetação, gerado a partir de imagens de satélite), o que repercutiu em uma correção imediata no uso indevido do recurso hídrico”, afirma.

    Assim, frente ao cenário desafiador imposto pelo déficit hídrico nas regiões produtoras de soja, plataformas de agricultura digital apoiam os produtores a capturarem o maior número de dados possível dentro da sua atividade, permitindo analisar, de forma crítica, a realidade da lavoura.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/