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23 de janeiro de 2023

  • VBP do agro chega a R$ 1,32 trilhão em 2022

    Valor consta em relatório da CNA e representa crescimento de mais de 2% em relação a 2021

    O setor agropecuário brasileiro bateu novamente recorde em termos de movimentação financeira. De acordo com relatório divulgado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o valor bruto da produção (VBP) chegou a R$ 1,32 trilhão em 2022. Alta de 2,1% no comparativo com o VBP do agro do ano anterior.

    Na agricultura, o crescimento do VBP foi de 3% de um ano para o outro, indo de R$ 859,3 bilhões para R$ 884,8 bi. O desempenho se deu diante da retração do valor principais cultura agrícolas do país em termos de produção. A soja, por exemplo, recuou 10,1%. Na lista de 23 itens, outros cinco também diminuiram o VBP:

    1. Amendoim — -12%;
    2. Arroz — – 17,7%;
    3. Cacau (amêndoas) — -27,7%;
    4. Sisal — -21,8%; e
    5. Uva — -4,6%.

    Fator soja

     Apesar da queda, a soja segue disparada como a principal cultura agrícola do Brasil em VBP. Em 2022, a produção da oleaginosa no país foi responsável pelo valor bruto de produção de R$ 385,225 bilhões. Com crescimento de 13,5% no comparativo com 2021, o milho fechou o ano passado com VBP estimado em R$ 165,497 bilhões.Da parte de agricultura do VBP do agro divulgado pela CNA, o principal destaque de crescimento em termos percentuais foi a cebola. Isso porque, o legume saiu de R$ 2,74 bilhões em 2021 para 4,96 bilhões no ano passado. Ou seja, avanço de 99,1%.

    Mandioca (71,8%), mamona (60,4%), batata (40,3), café arábica (36,3%), banana (34,1%) e trigo (33,3%) foram os outros que cresceram mais de 30% na comparação entre os dois anos.

    VBP do agro: avanço tímido na pecuária

    O crescimento de 2,1% no VBP do agro do Brasil em 2022 também se deve por causa de um avanço, mesmo que tímido, da pecuária. Com recuo de 0,2% em relação a 2021, a carne bovina segue como o principal puxador do setor, com valor de aproximadamente R$ 216,531 bilhões. Na sequência, aparece o leite, que cresceu 6,5% (R$ 87,708 bilhões). Ovos (+8,%), carne de frango (-0,6%) e carne de frango (-12,1%) completam a lista.

    cna - vbp do agro em 2022

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Leite: mercado lácteo do Brasil busca recuperação em 2023

    “A cadeia produtiva do leite sofreu sérios impactos pelos acontecimentos globais em 2022, intensificando as dificuldades já apresentadas em 2021”, registra pesquisadora da Embrapa

    “Após quatro anos de altas consecutivas na produção leiteira, o setor apresentou dois anos de quedas significativas e estima-se que o Brasil encerre o ano com queda de 4,4% na produção formal”, relata a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Kennya Siqueira.

    “A cadeia produtiva do leite sofreu sérios impactos pelos acontecimentos globais em 2022, intensificando as dificuldades já apresentadas em 2021”, completa. Se, por um lado, a vacinação contra a Covid-19 acenava para a volta da normalidade e a retomada da economia; por outro, logo no primeiro trimestre de 2022, o conflito entre Rússia e Ucrânia valorizou as commodities agrícolas e o petróleo.

    De acordo com as informações divulgadas pela Embrapa, grandes produtores de grãos, fertilizantes e petróleo, os países em conflito impediram que a economia global se recuperasse dos anos de pandemia e criaram as condições para aumentos recordes dos custos de produção de leite no Brasil, além do aumento da inflação e da queda da renda do brasileiro, segundo detalha a cientista.

    Especialistas do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (Cileite) fizeram um balanço do período recente e traçaram perspectivas para o setor em 2023.

    O ano de 2021 terminou com dificuldades para o setor, com queda no volume de produção do leite inspecionado, elevando a importação de lácteos em 21,5% no ano seguinte. Nos dois últimos anos, o Índice do Custo de Produção do Leite (ICPLeite) divulgado pela Embrapa registrou crescimento de 62%.

    A partir do segundo semestre, esse índice iniciou uma lenta retração e, em novembro, o ICPLeite apresentou queda de 1,7%, influenciado principalmente pela retração de 4,5% do custo do alimento concentrado para as vacas.

    Preços do leite em 2022

    Ainda assim, o cenário foi de piora na rentabilidade do produtor ao longo do segundo semestre de 2022, pois o preço recebido por eles caiu de um pico de R$ 3,53 por litro de leite, em agosto, para cerca de R$ 2,50, em dezembro.

    O impacto também foi sentido pelo consumidor; segundo estimativa da Embrapa, o consumo anual de leite por habitante foi reduzido de 170,3 litros para 163 litros. Em meados do ano, os lácteos atingiram preços recordes.

    O bolsista de economia Ygor Guimarães, que atua no Núcleo de Desenvolvimento Econômico da Cadeia Produtiva do Leite da Embrapa, lembra que, em agosto, a inflação do “leite e derivados” chegou a 40,2%, sendo um dos itens que mais influenciou a elevação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

    “O alto custo para alimentar as vacas e a queda na produção durante a entressafra do leite penalizou o consumidor”, aponta o pesquisador do Núcleo Samuel Oliveira. “Podemos afirmar que o Brasil passou por uma crise de oferta de leite”, completa Oliveira. Isso fez com que os compostos lácteos ganhassem espaço como alternativas mais acessíveis para suprir parte da demanda, não sem despertar polêmica.

    No entanto, o quarto trimestre do ano representou algum alívio para os consumidores. Na primeira quinzena de dezembro, o litro do leite UHT no atacado estava cotado a R$ 3,82 (queda de 40,5% desde o final de julho). Já o quilo da muçarela era vendido pela indústria a R$ 28,27 (queda de 34,8%).

    O leite spot (leite comercializado entre laticínios) teve a maior deflação; o litro do produto foi cotado em Minas Gerais a R$ 2,34, o que representa um recuo de 43% em relação a julho.
    Estimativas históricas sugerem que as festas de fim de ano são positivas para a indústria, que intensificam suas vendas. Estima-se crescimento próximo de 30% em relação à média de venda do ano, principalmente para leite condensado e creme de leite.

    Perspectivas para o setor lácteo

    Para o pesquisador da Embrapa Glauco Carvalho, embora o ano que começa ainda traga muitos componentes de incertezas internas e externas, o mercado brasileiro está se reequilibrando em termos de oferta e demanda. Segundo ele, com a recuperação do mercado de trabalho e melhorias do emprego e renda, espera-se alguma melhoria no consumo de leite e derivados.

    Outro fator positivo é a produção brasileira elevada de grãos na safra 2022/2023, contribuindo para uma menor pressão nos custos de alimentação das vacas, sobretudo concentrados à base de milho e soja. “Mas é um ano de muita incerteza ainda, em função da mudança de governo e das diretrizes que serão adotadas, principalmente na área fiscal, que tem impacto direto sobre taxa de juros e câmbio”, diz Carvalho.

    No âmbito externo, o analista Lorildo Stock espera que os preços dos fertilizantes recuem com uma solução para a guerra Rússia-Ucrânia. Porém, o cenário de inflação e o baixo crescimento previsto para as grandes economias (Estados Unidos, União Europeia e China) podem refletir negativamente na retomada da economia brasileira.

    “A desaceleração da economia mundial poderá gerar algum impacto negativo, ainda que modesto, no segmento lácteo”, avalia Stock. Carvalho complementa, dizendo que a forte valorização das commodities agrícolas e não agrícolas, nos últimos dois anos, ajudou na recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esse não é o cenário para 2023.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/