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24 de janeiro de 2023

  • Plantas daninhas resistentes: Embrapa e Bayer desenvolvem estratégias de combate

    Atividades estão sendo desenvolvidas em diferentes regiões, em lavouras de milho, trigo, soja, algodão e em pastagens; dados foram reunidos em plataforma que traz dados espaciais sobre ocorrência de invasoras

    Pesquisadores da Bayer e da Embrapa estão avaliando sistemas produtivos como estratégias de resiliência para o manejo de plantas daninhas resistentes a herbicidas. As atividades estão sendo desenvolvidas em diferentes regiões brasileiras, em lavouras de milho, trigo, soja, algodão e em pastagens, desde 2017.

    Os dados coletados foram reunidos em uma plataforma que traz dados espaciais sobre a ocorrência de plantas daninhas. Um dos objetivos do trabalho é divulgar e fortalecer o conceito da resistência e dos seus diferentes tipos, para que o produtor entenda como é importante fazer um manejo mais adequado do problema.

    Além de gerar informações sobre a presença de plantas daninhas em lavouras de diferentes estados , o projeto buscou caracterizar os sistemas de produção que contribuem para o manejo de plantas daninhas. A ideia é mostrar para o produtor que, se o investimento em insumos for feito da forma correta, valerá a pena e não causará prejuízos na rentabilidade da lavoura.

    O trabalho foi estruturado em ações específicas. A primeira foi o levantamento das espécies existentes e a caracterização da resposta de herbicidas nas populações das plantas daninhas, para detectar a resistência ou não. Em seguida, foram montados experimentos para o desenvolvimento de estratégias de manejo e de prevenção da resistência.

    Presença da resistência a herbicidas

    O primeiro passo foi coletar e selecionar as sementes de plantas daninhas que sobreviveram à aplicação de herbicidas. “As sementes com quantidade suficiente foram levadas para reprodução nas unidades da Embrapa e, em seguida, colocadas para germinar e emergir. Com as plantas dessas sementes germinadas, foram realizadas triagens (screening) com diferentes herbicidas para identificação da
    resistência ou da suscetibilidade”, relata o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Décio Karam, líder do projeto.

    Para aferir a resistência, os pesquisadores seguiram uma metodologia internacional. “Porque pode haver um nível alto ou baixo de resistência ao herbicida. Para o nível mais alto, a dose para causar o efeito é maior. Após determinada dose de resposta, definimos o fator de resistência”, informa o pesquisador.

    “Com esses dados do screening e da coleta, nós desenvolvemos os mapas de presença da resistência ou da suscetibilidade das espécies por região no Brasil. Então, o sistema de manejo pôde ser diferenciado em cada município, em função da presença ou não da resistência”, diz Karam.

    Os pesquisadores estão também monitorando as novas espécies que têm sido questionadas sobre resistência, que são o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) e o caruru (Amaranthus hybridus), além das que já eram estudadas. Foram testados 15 herbicidas em 2.050 amostras, em 6.232 screenings.

    Pesquisa com plantas daninhas

    As áreas foram avaliadas de acordo com os investimentos no uso de herbicidas: baixo, médio e alto investimento. “A variação dos custos dos inputs (insumos) é estabelecida pelo número de mecanismos de ação de herbicidas que se coloca no sistema de produção. Ou seja, com poucos mecanismos de ação de herbicidas, um grupo maior de herbicidas e um alto grupo”, conta o pesquisador Décio Karam.

    Os mecanismos de ação e aplicação dos herbicidas são ajustados em função da região e do sistema de produção utilizado. “Temos os inputs para os diferentes sistemas produtivos: soja-trigo, soja-milho, soja-algodão e soja-azevém”.

    “Nosso padrão de baixo investimento é só com a utilização de dois mecanismos de ação de herbicidas, basicamente com glifosato e atrazine. Observamos que nas áreas de baixo investimento sempre ocorreu maior infestação, com exceção do experimento na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, pois aqui na nossa área não há a presença da resistência. Contudo, após quatro anos, já podem ser verificadas plantas muito esparsas no campo por causa da sobra da aplicação dos herbicidas”, diz.

    A pesquisa está instalada desde a safra de 2018, com o trigo, e em 2019, com a soja. Foram avaliadas a presença das plantas daninhas resistentes e a eficácia dos tratamentos com os diferentes níveis de ação.

    “Nos sistemas avaliados, nós vimos o quanto se gastou de herbicida, e quanto o produtor teve de retorno financeiro. Ao longo de quatro anos, mesmo fazendo um alto investimento, houve maior lucratividade e melhor qualidade do produto. Assim, mesmo investindo muito no sistema de produção e com maior número de mecanismos de ação utilizados, há um retorno econômico comparado ao produtor que faz uso de baixo investimento para o manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas”, afirma Karam.

    Segundo ele , a eficácia dos diferentes tipos de manejo está sendo avaliada por meio do banco de sementes de plantas daninhas no solo. Com essa informação e a análise das plantas emergidas, está sendo analisada a dinâmica populacional em função dos sistemas produtivos e do investimento no manejo com herbicidas.

    Segundo ele, além disso, há efeitos indiretos, como diminuição do banco de sementes de plantas daninhas no solo e redução da porcentagem de participação da planta daninha resistente na população de plantas daninhas da área.

    “Com isso, aumenta a sustentabilidade do sistema produtivo. Depois de quatro anos, constatamos que precisamos de um trabalho de longa duração na área, pois a resistência não é um efeito imediato no sistema e sim a consequência de vários anos de manejo”, diz Karam.

    Esses trabalhos estão sendo realizados em parceria entre oito Centros de Pesquisa da Embrapa e a Bayer, em duas áreas no Mato Grosso, duas áreas em Minas Gerais, três áreas no Rio Grande do Sul e duas áreas no Paraná. Participam a Embrapa Algodão, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Soja, Embrapa Territorial e Embrapa Trigo.

    “O objetivo agora é estender a pesquisa por um período maior de tempo para demonstrar, realmente, a diferença dos manejos de plantas daninhas empregados. Queremos mostrar, onde não havia a ocorrência visível da resistência, quanto tempo o produtor irá demorar para perceber o problema na área”, comenta Karam. Plataforma de dados geoespaciais sobre resistência de plantas daninhas.

    Todo esse trabalho de campo realizado gerou um banco de dados inéditos sobre a resistência ou suscetibilidade de plantas daninhas a herbicidas. Essas informações estão disponíveis publicamente em uma plataforma on-line desenvolvida pela Embrapa, que permite visualizá-las no mapa do Brasil, bem como na forma de gráficos.

    O usuário pode fazer diferentes filtros para consultar as ocorrências: ano, tipo de cultura, tipo e espécie de planta daninha, herbicida, mecanismo de ação e tipo de resistência. Os resultados podem ser exibidos em mapas de pontos ou de calor. No primeiro tipo de mapa, ao clicar sobre um ponto, são exibidas três informações sobre a ocorrência: espécie de planta daninha, herbicidas resistentes e mecanismos de resistência.

    Outro recurso da plataforma é adicionar camadas que mostram as áreas cultivadas na safra 2018/2019 com alguns dos principais produtos agrícolas do país:  algodão, arroz, cana-de-açúcar, milho, soja e trigo.  Assim, pode-se ter uma ideia do impacto do problema para cada uma dessas culturas.

    À frente desse trabalho, o pesquisador Júlio Bogiani, da Embrapa Territorial, avalia que, ao fornecer subsídios para analisar a ocorrência de plantas daninhas resistentes ou suscetíveis a herbicidas no território nacional, a plataforma favorece o entendimento dos métodos químicos de controle e das alternativas de manejo. A expectativa é que as análises dela derivadas contribuam para direcionar a pesquisa agropecuária e as ações dos órgãos de defesa fitossanitária.

    Transferência de tecnologia para a sociedade

    Para Daniel Nigro, gerente de Soluções Agronômicas da Bayer, o grande foco desse projeto de parceria é disponibilizar informações que são geradas com os resultados das estratégias de manejo integrado e de mapeamento de forma objetiva e inteligível para o público em geral.

    “Queremos divulgar e fomentar as estratégias do manejo integrado de plantas daninhas principalmente no controle da resistência e na evolução da resistência”, informa.

    “Com isso, queremos mostrar aos produtores, acadêmicos, pesquisadores e agricultores que o investimento necessário para a adoção das estratégias de manejo integrado de plantas daninhas se paga no longo prazo”, declara, ao explicar que as vantagens não se devem somente às questões financeiras e de produtividade, mas também ao processo de desacelerar a evolução de populações de plantas daninhas resistentes aos herbicidas.

    “Por isso, queremos fazer com que as informações científicas geradas sejam transmitidas à sociedade de maneira objetiva e clara, de fácil entendimento, que ajude a aumentar a adoção dos manejos integrados de plantas daninhas pelos agricultores brasileiros’, diz o executivo da Bayer.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Custos de produção tiveram deflação de 9,55% em 2022

    A queda está associada a oferta de fertilizantes no mercado interno pelo receio de que o conflito entre Ucrânia e Rússia pudesse gerar escassez

    Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) acumulou uma deflação de 9,55% em 2022.

    Já o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos Produtores Rurais (IIPR) registrou alta de 10,36% no mesmo período.

    Os dados foram divulgados pela Farsul nesta segunda-feira (23).

    A queda do IICP está associada a oferta de fertilizantes no mercado interno pelo receio de que o conflito entre Ucrânia e Rússia pudesse gerar escassez do produto no Brasil, que é essencialmente importador da matéria-prima.

    A retração da taxa cambial média também influenciou no resultado pelo fato da maioria dos insumos virem de fora do país, fazendo com que os custos tenham forte influência do câmbio.

    O resultado acaba por trazer um cenário que não acontecia desde 2019, onde o IICP retrai enquanto o IPCA registrou alta de 5,79% em 2022.

    Em relação aos preços recebidos pelos produtores, a alta está vinculada aos valores atingidos por alguns produtos que compõem o IIPR, especialmente o trigo.

    Isso mesmo com a estabilidade e até mesmo queda de outros produtos na comparação com o ano anterior.

    Mesmo assim, o indicador ficou abaixo do IPCA Alimentos que fechou 2022 com alta de 11,64%.

    Isso demonstra que os preços ao consumidor cresceram mais do que aos produtores, comprovando o descolamento entre os valores praticados nas gôndolas e dentro das porteiras.

    E que o aumento dos preços é um reflexo do processo inflacionário enfrentado pelo país nos diversos produtos e serviços da economia.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Fetag-RS discute medidas para agricultores enfrentarem estiagem

    A Fetag-RS apresentou três pedidos emergenciais para auxiliar as os municípios e a população neste momento de estiagem

    Na sexta-feira (20), a Fetag-RS esteve em reunião com o secretário do Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Ronaldo Santini, para tratar sobre os prejuízos que estão sendo causados pela estiagem.

    presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, e a equipe de assessoria de Política Agrícola levaram ao secretário Santini as principais demandas para o atual momento de falta de chuvas e também já visando a formatação do Plano Safra do próximo ano para que contenha um programa destinado a irrigação.

    A Fetag-RS apresentou três pedidos emergenciais para auxiliar as os municípios e a população neste momento: fazer com que chegue água potável para consumo humano e dos animais nas regionais mais afetadas; reabertura do programa Troca-Troca de Sementes Forrageiras para que os produtores possam plantar novamente caso as chuvas retornem; e ainda, sobre a necessidade de programas de armazenagem de água funcionem com a maior agilidade possível.

    O secretário afirmou que na próxima semana tratará dos temas com o governador do estado, Eduardo Leite, mas já sinalizou que há possibilidade do Troca-troca ser reaberto, pois entende a necessidade emergencial da medida.

    De acordo com o presidente Carlos Joel, “o secretário recebeu muito bem a pauta da Fetag-RS e se colocou à disposição para trabalhar em conjunto conosco as demandas da agricultura e da pecuária familiar do Rio Grande do Sul”.

    A Fetag-RS se colocou a disposição para auxiliar a secretaria, que ainda está em fase de recriação, na formatação das medidas de tudo o que puder fazer para agilizar o processo, pois a estiagem está se tornando a cada dia mais severa.

    Representando o departamento de Política Agrícola, estiveram presentes Carla Schuh e Kaliton Prestes.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/