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27 de fevereiro de 2023

  • Estiagem no RS se agrava e soja tem perdas irreversíveis

    Sem chuva significativa desde novembro, região noroeste do estado tem sido a mais afetada até o momento, segundo a Emater-RS

    As primeiras estimativas para a safra 2022/23 projetavam lavouras que renderiam 20 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul. Assim, o estado voltaria à vice-liderança nacional no cultivo da oleaginosa após grande quebra na temporada passada. Contudo, bastaram alguns meses para que se desenhasse outro cenário.

    O produtor Vanderlei Fries, de São Pedro das Missões, no noroeste do estado, conta que desde 5 de novembro há déficit de chuva na região, com apenas 50 mm acumulados no periodo. “A soja que enraizou mais ainda está sobrevivendo, mas tem pés que não enraizaram, o sol pegou para valer e [a planta] acabou morrendo”, conta.

    Segundo ele, em uma área de 40 hectares, sua expectativa é de colher, no máximo, 12 sacas/ha. Situação parecida vive o produtor Astor Posselti, no Vale do Rio Pardo, com a soja plantada em novembro.

    “Depois de 40, 45 dias de estiagem a planta perdeu as folhas, tanto é que a soja hoje deveria estar fechando as linhas e a gente observa que todo espaço está aberto, com uma grande quantidade de folhas no chão. Acredito que a perda ficará em torno de 50% ou até mais”, conta.

    Lavouras tardias desenvolvem melhor

    O panorama do estado varia a cada região. No centro sul do estado, por exemplo, lavouras que foram plantadas mais tarde também tiveram chuva irregular, mas estão se desenvolvendo melhor.

    No entanto, em outras áreas gaúchas, a falta de precipitação foi mais sentida. Nestes lugares, é possível notar que muitas plantas abortaram as flores, o que compromete a produtividade. Levantamento feito pela Rede Técnica Cooperativa aponta perdas de cerca de 43%.

    Segundo a Emater-RS, o noroeste do estado está entre as regiões mais afetadas. Em Santa Rosa, por exemplo, mais de 50% das lavouras estão comprometidas.

    O gerente regional da Emater Santa Rosa, José Vanderlei Waschburger, conta que a fase climática atual é muito severa e fez que, além do abortamento de flores, houvesse menos vagens nas plantas que conseguiram chegar a esse estádio. “É um quadro que não tem como reverter nesse momento”, afirma.

    “Já vinha comentando com os produtores sobre a qualidade do grão dessas lavouras plantadas mais cedo e a expectativa era de não ter qualidade no grão. Então o receio do produtor, além dessa baixa produtividade, é que o pouco que sobre na lavoura não tenha viabilidade para comércio”, conta.

    Estimativas atuais para a soja do estado

    Durante a implantação das lavouras, a estimativa era de uma produtividade de 3.490 quilos por hectare (58 sacas/ha). Porém, atualmente a projeção para o estado é de 2.940 kg/ha (49 sacas).

    A Rede Técnica Cooperativa, que faz o balanço entre 21 cooperativas gaúchas, aponta que em algumas regiões o calor e a pouca uminidade pode trazer impactos ainda maiores, com perdas de 70%. Assim, apenas 1.140 kg por hectare (29 sacas) podem ser registradas.

    Em Júlio de Castilhos, na região central, a lavoura do produtor Moacir da Silva foi replantada em janeiro e estava com as plantas pequenas e até sementes mofadas que não germinaram. Com algumas pancadas de chuva irregulares, mesmo falhada, a plantação se desenvolveu.

    “Nesse último mês ela [a lavoura] pegou uns 140 mm de chuva. Claro que não nasceu muito bem, mas ela está bem diferente do que estava há uns meses . Ainda não fechou a linha, mas ainda tem espaço para recuperar um pouco. O dano foi grande”, conta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Como a guerra na Ucrânia afetou o mercado de fertilizantes?

    Marcelo Mello, analista da StoneX fez um balanço de como se comportaram os preços dos fertilizantes, antes e depois da guerra

    Na última semana, a guerra na Ucrânia completou um ano, tendo deixado ao menos 210 mil mortos, dentre os quais 30 mil eram civis. O conflito teve impactos em diversas áreas, incluindo o mercado internacional de grãos e o setor de fertilizantes.

    Marcelo Mello, analista da StoneX, fez um balanço de como se comportaram os preços dos insumos, antes e depois do conflito.

    Antes mesmo do início da guerra, o mercado de fertilizantes já vinha sofrendo com a redução da oferta e a alta nos preços.

    Entre 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, o consumo de alimentos aumentou, os preços dos grãos dispararam e houve graves problemas logísticos, o que encareceu o frete e os próprios insumos. Uma semana antes dos russos iniciarem os ataques à Ucrânia, o então presidente Jair Bolsonaro visitou a Rússia, que é o maior produtor e exportador do conjunto NPK do mundo (nitrogênio, potássio e fósforo), para garantir o fornecimento ao Brasil.

    Quando a guerra teve início, em 24 de fevereiro, os preços dos fertilizantes apresentaram fortes altas até o final de março.

    No caso da ureia, o nitrogênio mais importante, ela subiu 70% em um mês, a partir de um patamar que já vinha bastante alto. No caso do MAP, ele subiu 45% e, no caso do potássio, ele subiu 53%, aproximadamente. Os três, chamados NPK, atingiram as máximas históricas.

    Apesar do aumento dos preços, o medo do desabastecimento foi maior e o Brasil, que importa 85% dos fertilizantes que utiliza, registrou um volume de compras nos primeiros meses após o início da guerra bem maior comparado ao mesmo período de 2021, já que as sanções à Rússia não incluíram as exportações desses insumos.

    De abril a julho, as compras de MAP aumentaram 40% e as de potássio aumentaram 55%. Em contrapartida, a demanda despencou porque os preços foram para a estratosfera, o que fez com que as importações diminuíssem a partir do terceiro trimestre.

    Entre agosto e dezembro, o Brasil importou 50% a menos de fósforo e potássio do que havia importado no ano anterior. Essa retração de compras teve influência na queda gradual nos preços nos meses seguintes. O MAP e o potássio, que eram as principais preocupações, começaram a cair a partir de abril e maio, respectivamente.

    Além disso, o impacto da guerra gerou o que os analistas chamam de ‘destruição de demanda’.

    Com exceção da Índia e da China, o mercado internacional de uma forma geral reduziu a utilização de fertilizantes, o que também ajudou a reduzir os preços.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Etanol de milho vai impactar nas exportações do cereal, afirma Abramilho

    De acordo com a entidade, tal situação já irá ocorrer nesta segunda safra

    Terceiro maior produtor mundial de milho, o Brasil deve aumentar a produção em 2023, mas avançará também no consumo interno, proporcionalmente. Parte desse avanço do consumo se deve à produção de etanol de milho, que se torna realidade em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. As informações são da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), que lançou o plantio nacional do milho segunda safra no último dia 15, em Campo Grande (MS).

    Segundo a associação, o Brasil atingiu em 2022 a marca de 5,5 bilhões de litros de etanol de milho, um aumento de 800% nos últimos 5 anos. A expectativa para 2030 é de 10 bilhões de litros do combustível.

    “O Brasil se tornará líder nas exportações nesta safra 2022/23, ainda que produza apenas 10% de todo milho do mundo. Mas internamente acontecerá uma revolução no consumo do cereal, com previsão de valorização, muito devido ao etanol de milho, que deve abrir oportunidades para os produtores rurais. Assim como aconteceu em Mato Grosso, outros estados devem aproveitar dessa oportunidade. E pela necessidade de maior volume desse cereal, o Brasil deverá avançar na produção nos próximos anos, para seguir atendendo as exportações”, avalia Glauber Silveira, diretor-executivo da Abramilho.

    “A demanda da suinocultura e avicultura, junto à destinação do milho para produção de etanol, poderá virar uma chave” — Jaime Verruck

    Segundo o secretário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Mato Grosso do Sul (Semadesc), Jaime Verruck, o etanol traz a possibilidade de valorização do milho. “A demanda da suinocultura e avicultura, junto à destinação do milho para produção de etanol, poderá virar uma chave. Isso aconteceu em Mato Grosso, onde se pagava o preço mínimo do milho e depois do DDG, foi visível a valorização. Aqui em MS as duas usinas juntas demandarão 30% da safra do estado”, aponta Verruck.

    A partir dessa necessidade de maior volume de produção, em um cenário sustentável, especialistas defendem maior produtividade, sem aberturas de novas áreas. E segundo ele, isso passa pela escolha de híbridos ideais, já testados em suas regiões. “Área a ser plantada, a tecnologia que envolve a semente, fertilidade do solo, adução a ser utilizada no sistema e como este material se comporta ao complexo de molicutes (cigarrinha), esses são alguns dos pontos que o produtor rural precisa se atentar, a fim de estimular sua produtividade”, explica o gerente de produto e engenheiro agrônomo da Produce, Juliano Ribeiro.

    Milho, etanol, MS e MT

    Responsável pelo intermédio entre produtos de alta tecnologia e ao produtor rural, a Produce aponta para resultados obtidos em Mato Grosso, que precisam ser replicados, diante dessa maior demanda do cereal. “Podemos destacar colheitas realizadas em Mato Grosso, principalmente no Híbrido Coronel, com 196 sacas por hectare; em Nova Ubiratã, com 184 sacas por hectare; e em Vera com 157,73 sacas por hectare. Esses devem ser os alvos do produtor rural, principalmente pensando no crescente custo de produção, que não permite aventura na agricultura”, diz o diretor e co-fundador da Produce, Guilherme Trotta.

    Sobre as diferenças entre os híbridos destinados às tradings (exportação), para o milho destinado à ração bovina ou etanol, o agrônomo e gerente de produto da Produce, Juliano Ribeiro, esclarece que é utilizada a mesma régua para todos os fins, e que os novos mercados já estão demandando um crescimento de produção e melhoria na valorização do grão ao produtor. “O mercado de Mato Grosso, que hoje é o maior produtor de etanol de milho, consome mais de 20% de sua produção estadual, em Mato Grosso do Sul as usinas devem demandar 30%, nesse ritmo, precisaremos evoluir nossas produtividades, para seguir atendendo as exportações”, finaliza o agrônomo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/