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10 de maio de 2023

  • Produtores de soja do RS colhem menos de 20 sacas por hectare

    Agricultores de municípios gaúchos relatam perdas de soja que variam entre 20% a 90%. Preço da saca é outro fator que desestimula

    O Rio Grande do Sul plantou soja em 6,5 milhões de hectares nesta safra 2022/23. A expectativa inicial era produzir cerca de 20 milhões de toneladas do grão. No entanto, a estiagem mudou tudo.

    Na estimativa de março da Emater-RS, a quebra projetada era de 31%, mas o número foi revisado. Agora, indica-se que os gaúchos devem colher 12,5 milhões de toneladas, ou seja, redução de, aproximadamente, 40% ante à expectativa do início da temporada.

    Nas lavouras gaúchas, tem sido comum áreas com boa produtividade e outras sem grãos nas vagens. “Terminamos a safra de soja 22/23 fechando em média nossas lavouras com 15 sacas de soja por hectare. Tem lavouras aqui sendo colhidas com sete, oito sacas por hectare“, conta o produtor de São Miguel das Missões (RS), Vanderlei Fries.

    Produtividade da soja gaúcha

    Com a situação das lavouras, a produtividade média do estado foi revista de 3.131 kg/ha (52 sacas) para 1.923 kg/ha (32 sacas), queda de 38,5%.

    As regiões mais afetadas são as que estão no oeste, com perdas de 67%. Já no leste, em regiões como a serra e a capital, as baixas não chegam a 5%. Em Santa Rosa, por exemplo, as lavouras estão tão irregulares que dificultam até o mapeamento.

    “Os técnicos tiveram que fazer uma avaliação maior para buscar mais informações junto ao produtor. De localidade para localidade, mudavam muito as médias. Então, para chegar em um consenso, foi bastante difícil. Nós tínhamos uma previsão de 53 sacas no momento do plantio, mas hoje está em 17 sacas. Com quase 90% colhido, deve permanecer nesse patamar”, afirma o chefe-regional da Emater Santa Rosa-RS, José Vanderlei Waschburger.

    Na região de Santa Maria, no centro do estado, a projeção inicial era de 3.008 kg/ha (50 sacas), mas, com o agravamento da estiagem, foi reavaliada em 1.555 kg/ha (26 sacas), uma redução de 48%.

    Estiagem persistente

    De acordo com o chefe regional da Emater Santa Maria (RS), Guilherme Passamani, a estiagem atinge o estado há dois anos consecutivos, mas alguns municípios sentem os efeitos da seca há três anos seguidos.

    “Temos observado uma variabilidade muito grande entre municípios e dentro dos próprios municípios que vai de 20% a 90% na soja, como relatado entre os produtores”

    Mesmo com as perdas, esta safra ainda tem resultados melhores do que a temporada passada, quando foram colhidas apenas nove milhões de toneladas de soja. Agora, a chuva retornou e os produtores apostam, novamente, na safra de inverno.

    “A conta não fecha”

    Outro desafio está na comercialização da oleaginosa. No momento do plantio, em outubro, a saca de 60 kg estava acima de R$ 170. Nesta semana, a cotação está na casa dos R$ 126,25.

    “Quando chega a hora de nós vendermos os produtos para pagar as contas, o preço cai lá embaixo. A conta não fecha”, lamenta o produtor Vanderlei Fries.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Preço do leite cru sobe no primeiro trimestre de 2023

    Agentes do setor acreditam que os preços do leite cru podem seguir firmes em abril, fundamentados na aproximação do período de entressafra

    Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam que o preço do leite cru captado por laticínios em março chegou a R$ 2,8120/litro na “Média Brasil” líquida, registrando altas de 2,4% frente ao mês anterior e de 10,8% em relação a março de 2022, em termos reais.

    O valor acumula um avanço real de 9,3% no primeiro trimestre deste ano, segundo o Cepea.

    O aumento das cotações ao produtor neste primeiro trimestre foi sustentado pela oferta limitada no campo, movimento atípico para esse período.

    A produção foi prejudicada pelo clima adverso, resultado do fenômeno La Niña, e pela saída de produtores da atividade no ano passado.

    Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 2,86% de fevereiro para março na “Média Brasil”, acumulando queda de 6,78% no primeiro trimestre.

    A disputa dos laticínios por produtores se intensificou, mantendo as cotações do leite cru em alta, mas esse movimento de valorização não foi simétrico ao longo da cadeia produtiva.

    Houve muita oscilação dos preços, sobretudo no mercado do leite spot, que é quinzenal.

    Em Minas Gerais, houve queda na primeira quinzena, e, apesar da alta na segunda metade de março, a média mensal caiu 1,6% e chegou a R$ 3,00/litro.

    De acordo com a pesquisa do Cepea em parceria com a OCB, as cotações do UHT e da muçarela negociados entre laticínios e canais de distribuição caíram 1,77% e 4,34%, respectivamente, de fevereiro para março.

    Dois fatores pressionaram as cotações do spot e dos derivados em março: a diminuição do consumo, fragilizado pelo menor poder de compra do brasileiro, e o crescimento das importações, que elevaram os estoques.

    Dados da Secex mostram que, no primeiro trimestre, o volume importado foi três vezes maior que o do mesmo período de 2022. Apenas em março, foram internalizados 209,5 milhões de litros em equivalente leite. Essa quantidade representa cerca de 10% do total de leite cru industrializado pelos laticínios brasileiros (levando-se em conta a média dos volumes de mar/20, mar/21 e mar/22, da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE).

    Agentes do setor acreditam que os preços do leite cru podem seguir firmes em abril, fundamentados na aproximação do período de entressafra e na consequente diminuição da produção no campo. Contudo, a demanda enfraquecida e o aumento das importações podem frear a intensidade desse possível avanço nos preços.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • El Niño previsto para safra 23/24 exige medidas de adequação do produtor

    Depois de três safras sob a influência da estiagem de um La Niña, Rio Grande do Sul terá projeção de mais chuva a partir de setembro

    O cenário para a próxima safra de verão no Rio Grande do Sul irá sofrer uma mudança de padrão no clima, saindo de três safras sob a influência de um La Niña para um El Niño no segundo semestre. Essa alternância, na prática, significa a troca de uma condição de estiagem para uma projeção de mais chuva. No Mercado & Companhia desta terça-feira (9), o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, alertou sobre as medidas que o produtor deve tomar para se adequar ao fenômeno na safra 23/24.

    Daoud ressaltou que o El Niño, que está por vir a partir de setembro, levando chuva para o Rio Grande do Sul. “A gente sabe que o ideal seria ter um seguro adequado, como ouvimos o produtor colocar. Temos regiões com perdas elevadíssimas, o que é desanimador”, disse. De acordo com comentarista, o produtor tem que estar atento para as condições climáticas. “Tendo essa certeza, tem que ter um planejamento, não deixar de produzir. Tem que ter cultivares que se adaptam melhor a esse fenômeno e uma estratégia de comercialização e definição de custos para que se possa ter rentabilidade”.

    Ao apontar estratégias capazes reduzir prejuízos, Daoud lamentou a média de 40% em perdas registrada no Rio Grande do Sul.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/