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16 de outubro de 2023

  • Planta daninha resistente ao glifosato é identificada em lavoura de soja pela 1ª vez

    Descoberta foi feita no município de Juranda (PR) por técnicos da Coamo Agroindustrial e relatada à Embrapa Soja

    Foi identificada a primeira ocorrência da planta daninha picão-preto (Bidens subalternans) resistente ao herbicida glifosato no Brasil, na safra 2022/23, em lavoura de soja.

    A dificuldade de controle foi relatada à Embrapa Soja por técnicos da Coamo Agroindustrial Cooperativa, que observaram a sobrevivência de uma população dessa espécie, no município de Juranda (PR).

    “Mesmo após aplicações sequenciais de glifosato, nas doses recomendadas nos rótulos e bulas, e executadas corretamente, o produto não controlou as plantas de picão-preto em lavouras de soja”, relata o pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas.

    Para avaliar o caso, um grupo composto por técnicos da cooperativa e pesquisadores da Embrapa iniciou os estudos de comprovação da resistência em condições controladas.

    “Primeiramente, coletamos plantas sobreviventes na área para iniciar os estudos. Foram avaliadas, em análises adicionais, amostras de sementes e plantas de populações de picão-preto, também com suspeita de resistência ao glifosato, provenientes de outras propriedades, assistidas pela cooperativa Lar”, conta Adegas.

    “Ao mesmo tempo da realização dos estudos de constatação da resistência, conduzimos trabalhos de manejo dessa população (de plantas daninhas), tanto em casa de vegetação quanto no campo”, diz o pesquisador.

    Relatos no Paraguai

    Em 2018, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Soja e da Universidade Estadual de Maringá identificou no Paraguai, o primeiro, e até então o único, caso de resistência dessa espécie ao glifosato no mundo.

    A Embrapa e as cooperativas Coamo e Lar estão elaborando ações de monitoramento, manejo, mitigação e contenção da população de picão-preto resistente.

    “Também estamos planejando estudos para a determinação de qual é o mecanismo de resistência ao glifosato dessa população e se existe resistência múltipla a outros herbicidas”, afirma Adegas.

    Esses estudos estão sendo feitos em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com a Pennsylvania State University (PSU), dos Estados Unidos.

    Histórico de resistência no Brasil

    No Brasil, observa-se dois momentos relacionados à resistência de plantas daninhas. Os primeiros casos no país foram relatados em 1993, relativos às espécies Bidens pilosa (picão-preto) e Euphorbia heterophylla (leiteiro), resistentes a herbicidas inibidores da ALS.

    Atualmente, os produtores vivem uma segunda etapa das plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato. “Esse processo de resistência está relacionado ao uso constante do mesmo princípio ativo, na mesma área, e por longo período de tempo”, explica Adegas.

    O uso intensivo do glifosato acarretou grande pressão de seleção sobre as plantas daninhas, resultando na seleção de 12 espécies resistentes. Entre elas, estão:

    • Azevém (Lolium perene spp multiflorum);
    • Três espécies de buva (Conyza bonariensis, C. canadensis, C sumatrensis);
    • Capim-amargoso (Digitaria insularis);
    • Caruru-palmeri (Amaranthus palmeri);
    • Caruru-gigante (Amaranthus hybridus);
    • Capim-branco (Chloris elata);
    • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
    • Leiteiro (Euphorbia heterophylla);
    • Capim-arroz (Echinochloa crusgalli); e agora: picão-preto (Bidens subalternans).

    Aumento do custo de produção

    Estudo realizado pela Embrapa avaliou que os custos de produção em lavouras de soja com plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir, em média, de 42% a 222%, principalmente pelo aumento de gastos com herbicidas e pela perda de produtividade da soja.

    Segundo Adegas, os valores sobem, em média, entre 42% e 48%, para as infestações isoladas de buva e de azevém, respectivamente, e até 165% se houver capim-amargoso resistente. Em casos de infestações mistas de buva e capim-amargoso, por exemplo, o aumento médio é de 222%.

    Processo de resistência

    Adegas define a resistência como a habilidade herdada de uma planta daninha em sobreviver e reproduzir-se após a exposição a uma dose de herbicida normalmente letal (dose de bula) para a população natural.

    “É uma ocorrência natural, devido às plantas daninhas evoluírem e se adaptarem às mudanças do ambiente e ao uso das tecnologias agrícolas”, explica.

    Segundo ele, na prática, o surgimento da resistência ocorre pelo processo de seleção de indivíduos resistentes, já existentes na população presente nas áreas de produção, em função de aplicações repetidas e continuadas de um mesmo herbicida ou de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, durante determinado período de tempo.

    Como prevenir a seleção de plantas resistentes

    Entre os métodos preventivos recomendados, Adegas destaca a aquisição de sementes livres de infestantes; a limpeza de máquinas e equipamentos, especialmente as colheitadeiras e a manutenção de beiras de estrada, carreadores e terraços livres de infestantes.

    No controle mecânico, a indicação é pelas capinas e roçadas. No caso de controle químico, a principal ação é a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, em distintos sistemas de controle.

    Entre os métodos culturais, são recomendados a diminuição dos períodos de pousio, o investimento em produção de palhada para cobertura do solo e a utilização de cultivares adaptadas em espaçamento entre linhas, além da rotação de culturas.

    O estudo foi realizado seguindo o protocolo para relato de casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas, proposto pelo Comitê de Resistência da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) e aprovado pelos Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas do Brasil (HRAC-BR) e Internacional (IRAC).

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • BB negocia pela primeira vez créditos de carbono no mercado externo

    Banco pretende criar mesa de negociação específica para novo ativo

    Pela primeira vez na história, o Banco do Brasil (BB) negociou créditos de carbono no mercado internacional. A operação ocorreu nesta semana, com a compra de 5 mil créditos de carbono do Projeto Envira Amazônia, operado no mercado secundário pelo banco francês BNP Paribas, e a venda para o Standard Chartered Bank no exterior.

    Segundo o BB, a transação piloto serviu de teste para validar o novo modelo de negócios do BB. Com certificação pela Verra, o principal avaliador do mercado voluntário de carbono por meio de reduções de desmatamento e degradação, o Projeto Envira protege mais de 200 mil hectares da Floresta Amazônica. O projeto também tem o selo Clima, Comunidade e Biodiversidade (CCB), que certifica a destinação de parte dos créditos gerados em prol da comunidade local.

    O Banco do Brasil pretende tornar-se referência na negociação de mercado de carbono, desde o desenvolvimento de projetos geradores de crédito até a compra e venda desses ativos. A instituição também quer oferecer assessoria para a realização de inventários de emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o banco, os projetos apoiados pela instituição permitem preservar mais de 500 mil hectares de floresta nativa.

    No início do mês, o BB criou uma unidade estratégica exclusivamente destinada a boas práticas ambientais, sociais e de governança em sua estrutura para reforçar sua atuação na área. Alinhada aos 12 compromissos para um futuro mais sustentável, especialmente ao de reflorestamento e conservação florestal, a instituição tem a meta de conservar ou reflorestar 1 milhão de hectares até 2025.

    Expansão

    Em 2022, o mercado global de créditos voluntários de carbono atingiu US$ 2 bilhões e deve crescer de forma exponencial nos próximos anos. No caso brasileiro, a consultoria Way Carbon, especializada no segmento, estima que o volume de negociações atinja US$ 20 bilhões até 2030.

    Por meio do mercado de crédito de carbono, as empresas compensam a emissão de gases de efeito estufa. Cada empresa tem um determinado limite de emissões. As que emitem menos ficam com créditos, que podem ser vendidos àquelas que passaram do limite. O crédito de carbono equivale a 1 tonelada de gás carbônico (CO2) ou de outros gases geradores de efeito estufa que deixou de ser lançada na atmosfera.

    As empresas também podem comprar créditos de carbono por meio do financiamento de projetos ambientais ou de desenvolvimento sustentável. Os mercados de carbono passaram a ganhar mais ênfase desde a assinatura, por países da Organização das Nações Unidas (ONU), do Protocolo de Kyoto, em 1997.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/