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4 de março de 2024

  • Preço do arroz no Brasil perde força e recua 17% em fevereiro

    A colheita das primeiras variedades de arroz está em curso, mas o pico da safra está previsto para metade do mês de março

    mercado brasileiro de arroz chegou ao final de fevereiro em um estado de calmaria, com preços nominais e volumes limitados da safra 2023/24 disponíveis para comercialização.

    A colheita das primeiras variedades está em curso, mas o pico da safra está previsto para metade do mês de março, relata o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

    O varejo está adquirindo arroz de forma cautelosa, gerenciando seus estoques, enquanto aguarda por preços mais competitivos, destaca.

    Uma das principais incertezas enfrentadas atualmente está relacionada ao abastecimento interno em 2024.

    “Apesar de desafios como a produtividade questionável devido ao El Niño, as projeções indicam que a produção de arroz no Rio Grande do Sul e em outras regiões do país será suficiente para atender à demanda doméstica”, pondera o analista.

    O aumento da área plantada gaúcha, aliado à produção em outras regiões e às importações de países vizinhos, contribui significativamente para garantir o suprimento necessário.

    “Além disso, o avanço das exportações é visto como um impulsionador do mercado doméstico, ajudando a manter os preços em um patamar viável para os produtores”, lembra.

    “Com expectativas de preços firmes ao longo do ano, é previsto que o plantio de arroz continue crescendo em 2025”, prevê.

    A média da saca de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista), principal referencial nacional, encerrou o dia 29 de fevereiro cotada a R$ 103,50, apresentando um recuo de 8,09% em relação à semana anterior.

    Em comparação ao mesmo período do mês passado, havia uma queda de 17,26%.

    E um aumento de 23,09% quando comparado ao mesmo período de 2023.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Inovação no agro: irrigação por assinatura se torna realidade no Brasil

    Após anos de uso, o produtor ainda terá opção de adquirir o equipamento instalado pagando 43% do valor inicial

    A Bauer, empresa austríaca com duas décadas de atuação no país, estabeleceu uma nova parceria com a Iara Milímetros de Precisão, visando revolucionar a irrigação agrícola. A proposta inovadora tem como foco ampliar o acesso a equipamentos de irrigação, reduzindo significativamente os investimentos iniciais para os produtores rurais.

    Nesse novo modelo de parceria, o produtor rural realizará um investimento inicial equivalente a apenas 20% do custo total do equipamento, referente à implementação. Subsequentemente, será estabelecida uma mensalidade para o uso contínuo dos equipamentos. Após sete ou dez anos de uso, o produtor terá a opção de adquirir o equipamento instalado em sua propriedade, pagando apenas 43% do valor inicial. Essa vantagem permite que o produtor desfrute da operação eficiente do equipamento em sua propriedade, com custos mais acessíveis.

    A iniciativa surge como resposta à pergunta central da Bauer do Brasil: como tornar o sistema de irrigação acessível de forma eficaz, levando em consideração as questões financeiras enfrentadas pelos produtores rurais? A parceria com a Iara Milímetros de Precisão busca, assim, reduzir os custos iniciais e proporcionar aos produtores a oportunidade de avaliar, com base em resultados tangíveis, a eficácia da irrigação em suas atividades agrícolas.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • ILPF garante conforto térmico ao gado e aumenta produtividade

    As árvores melhoram o clima e o conforto térmico e, com isso, trazem bem-estar animal, comportamentos adequados e ainda ganhos fisiológicos

     Estudo coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) avaliou o bem-estar animal, de maneira multidimensional, em relação ao conforto térmico proporcionado pelos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
    O monitoramento ocorreu sob diversos prismas: desde o sistema de produção até o nível celular de gado de corte criados a pasto. Com isso, conseguiu registrar os amplos impactos que essa tecnologia gera na atividade, que vão além do conforto térmico e influencia até na reprodução do gado.
    O primeiro parâmetro foi o ambiental (microclima), o segundo, observação dos animais e as respostas comportamentais e, por último, a coleta do material biológico e as análises laboratoriais.

    “Fomos do nível macro, utilizando sobrevoos de avião com câmeras termais, passando pelo sensoriamento proximal dos animais, até chegar à microscopia. Três abordagens bem diferentes, mas que se correlacionam, e com tecnologias inovadoras”, explica o pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, coordenador do estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

    Esses resultados apontam que o plantio de árvores em áreas de pastagens tropicais mostrou-se benéfico para um microclima mais favorável à criação de gado de corte, influenciando o conforto térmico, expressão do comportamento natural e as condições fisiológicas.

    Os dados obtidos no estudo são essenciais para incentivar o pecuarista a implementar na propriedade ações focadas em boas práticas.

    “Nesses modelos, os animais ficam mais expostos às condições ambientais e podem sofrer com o acúmulo excessivo de calor, principalmente em pastagens sem o componente arbóreo. Assim, é importante saber como os fatores bioclimáticos influenciam a manutenção da temperatura corporal interna e o comportamento, a fim de permitir ajustes no manejo do rebanho e do ambiente de produção”, destaca Garcia.

    O estresse térmico prejudica a homeostase (capacidade dos organismos de manterem seu meio interno estável), levando a distúrbios nutricionais e metabólicos, reduzindo a taxa de crescimento e o ganho de peso.

    Segundo o pesquisador, o calor é capaz de tirar o gado de sua zona de conforto de temperatura, levando ao estresse térmico, comprometendo a reprodução e reduzindo a fertilidade, além de diminuir a eficiência dos sistemas de produção. Eventos climáticos extremos também podem ocasionar efeitos adversos na condição imunológica do gado, tornando-os mais susceptíveis a doenças.

    Um dado importante da pesquisa refere-se à evolução de peso e à frequência de consumo de água. As médias iniciais e finais de peso vivo dos animais criados em sistemas sombreados e em sistemas a pleno sol foram semelhantes e a produtividade por animal não teve diferença. Já em relação à água, os animais no ILPF reduziram a frequência de idas ao bebedouro.

    A preocupação dos produtores é saber se na pastagem sombreada o boi ganha mais ou menos peso. A oferta de pasto é um pouco reduzida na área com árvores. No entanto, a qualidade da forragem produzida é melhor, com maior teor de proteína bruta. Assim, tanto o rebanho a pleno sol, como o do ILPF chegam ao final do ciclo de engorda com peso igual.

    “O fato de o peso ser semelhante e trabalhar com um sistema que traz outras vantagens do ponto de vista ambiental já agrega muito valor à iniciativa de arborizar as pastagens. Deve-se olhar do ponto de vista sistêmico, considerar o desempenho animal e os benefícios da presença das árvores, que aumenta a biodiversidade, a matéria orgânica no solo, reduz a temperatura, traz bem-estar animal e favorece o balanço de carbono na produção dos bovinos”, considera Garcia.

    Resultados

    A principal conclusão em cada uma das dimensões foi que os sistemas com árvores melhoram o microclima e o conforto térmico e, com isso, trazem bem-estar animal, comportamentos adequados e ainda ganhos fisiológicos.

    Os resultados observacionais mostraram que os animais criados em pastagens com pouca sombra pastejaram mais pela manhã do que os mantidos em ILPF, principalmente nas estações mais quentes. Ainda permaneceram mais tempo deitados, ruminando ou repousando. Os animais do grupo ILPF preferiram permanecer nas áreas sombreadas; além disso, visitaram menos o bebedouro.

    O gado costuma dividir os dias em períodos alternados de pastejo, ruminação e descanso. Os animais a pleno sol pastejaram por mais tempo pela manhã que os mantidos no ILPF, principalmente nas estações mais quentes, sem mudanças significativas no tempo de pastejo à tarde.

    “Isso ocorreu porque os indivíduos, buscando se preservar, aproveitaram para pastejar nos momentos de temperaturas mais amenas e com menor radiação solar, ou seja, em condições mais favoráveis ao conforto térmico”, explica Garcia.

    De acordo com ele, altas temperaturas do ar, umidade relativa e radiação solar podem afetar negativamente o comportamento do gado quanto ao tempo dedicado ao descanso e ao pastejo.

    “O comportamento pode ser utilizado para analisar as respostas dos animais às condições ambientais nos sistemas de produção. A condição de estresse calórico, ao longo do tempo, constitui um problema crônico que afeta a saúde e o desempenho. Essas informações relacionadas ao comportamento podem ser usadas para melhorar as decisões de gerenciamento e maximizar a eficiência, a produtividade e o bem-estar animal na fazenda”, afirma o coordenador da pesquisa.

    O número de visitas ao bebedouro e ao cocho com mistura mineral foi sempre menor para os animais mantidos em áreas com sombreamento natural. Os dados demonstraram que o uso do componente arbóreo teve o efeito “poupa água”. De tarde, os machos de corte reduziram em 26% a frequência de ida ao bebedouro.

    Esse resultado está de acordo com os 23% de redução de frequência ao bebedouro para vacas de corte mantidas em sistema integrado previstos em um estudo publicado em 2019 pela própria Embrapa.

    Em curto, médio e longo prazo, essa redução na frequência ajuda a racionalizar o uso dos recursos hídricos na pecuária e colabora para uma produção mais sustentável. O Brasil tem um rebanho de 234 milhões de cabeças de gado, segundo dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    “Isso é extremamente importante, em um momento em que o ciclo das águas pelo planeta vem sendo alterado devido ao aquecimento global”, destaca Garcia.

    Conforto térmico para o gado

    A influência do microclima nas respostas termorreguladoras e endócrinas também foi avaliada para conhecer o conforto térmico. A temperatura do ar, o Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade, e a carga térmica radiante foram menores no ILPF; em consequência, houve maior conforto térmico e menor estresse calórico.

    O sistema ILPF foi eficaz em atenuar o microclima das pastagens pela ação dos eucaliptos, impactando as características fisiológicas relacionadas ao equilíbrio termodinâmico dos animais e à manutenção de sua homeotermia. Segundo a zootecnista Andréa Barreto, uma das executoras do projeto, os animais a pleno sol alteraram o comportamento natural por conta das altas temperaturas e falta de sombreamento, diferentemente dos que estavam no ILPF.

    Ela destacou que o ambiente influencia positivamente não só o comportamento, mas a produção, a reprodução e a rentabilidade global do sistema. “A preocupação do produtor não deve ser só em ter lucro em cima do ganho de peso, mas trazer um ambiente confortável para que o animal expresse todo seu potencial genético”, defende Barreto.

    Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Pecuária Sudeste têm buscado alternativas de produção sustentáveis para diminuir o impacto da pecuária no clima. Os estudos indicam que a melhor estratégia para o produtor é a adoção de tecnologias para melhorar a eficiência da atividade com foco no bem-estar animal e em equilíbrio com o meio ambiente.

    Trabalhos como esse, com foco em ILPF e tecnologias de monitoramento animal, dão subsídios ao pecuarista para tomadas de decisão assertivas em vários aspectos – econômico, ambiental e comportamental.

    Além disso, de acordo com Garcia, é uma forma de atender às exigências de consumidores brasileiros e de países importadores de carne do Brasil, que têm se preocupado cada vez mais com as questões de bem-estar dos animais criados para a produção de alimentos.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/