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2 de agosto de 2022

  • Milho consorciado com braquiária: inoculante reduz perdas de produtividade

    Bioinsumo à base da bactéria ‘Azospirillum brasilense’ auxilia no processo de fixação de nitrogênio nas plantas e diminui a competição pelo nutriente entre a forrageira e o grão

    Uma pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) comprovou que o uso de inoculante à base da bactéria Azospirillum brasilense no milho consorciado com braquiária contribui para a redução das perdas de produtividade do grão causadas pela competição da forrageira. Os resultados da pesquisa abrem novos horizontes para o consórcio das duas culturas, acredita a Embrapa.

    Além do bom desempenho agronômico, o microrganismo, quando em associação com gramíneas, como o milho, promove o crescimento das raízes, em virtude da ação dos fitohormônios, viabilizando a fixação do nitrogênio nas plantas. A tecnologia favorece a redução do uso de adubos nitrogenados e uma agricultura mais sustentável.  O trabalho foi publicado na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB).

    Lavoura de milho consorciada com braquiária

    O engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Agropecuária Oeste Gessí Ceccon ressalta a importância da pesquisa. Ele afirma que, no caso da lavoura de milho consorciada com braquiária, ocorre, geralmente, deficiência de nitrogênio, um dos principais elementos responsáveis pela produção dos grãos. A alta demanda deste elemento químico pelas plantas e sua baixa disponibilidade em solos brasileiros tornam a adubação nitrogenada uma prática indispensável.

    “Os fertilizantes inorgânicos acabam sendo a forma tradicional e padrão de adição desse nutriente no solo”, conta Ceccon. A tecnologia de inoculação amparada em um insumo biológico, como o Azospirillum brasilense, associado a um inseticida biológico, diminui impactos ambientais.

    O engenheiro agrônomo salienta ainda que, a partir do segundo ano de consórcio, a braquiária começa a deixar no solo cobertura, ou seja, matéria orgânica, o que contribui para o maior crescimento das raízes de milho.

    “A inoculação do milho com Azospirillum não substitui completamente a adubação química, que contém outros elementos, além do nitrogênio, tais como potássio, fósforo, cálcio e magnésio. Mas reduz os custos relacionados à quantidade de fertilizantes demandada pelas lavouras, proporcionando ganhos para o produtor”.

    Sobre a pesquisa

    Ceccon informa que o objetivo da pesquisa foi avaliar o desempenho agronômico de milho consorciado com a forrageira Urochloa ruziziensis (nova nomenclatura científica da Brachiaria ruziziensis), em sucessão à soja inoculada com as bactérias fixadoras de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum, bem com a inoculação e a reinoculação do milho com Abrasilense, em solo arenoso.

    Nas lavouras de milho, em que as sementes foram inoculadas, observou-se o efeito positivo do A. brasilense, maior quando a planta foi consorciada com braquiária.

    “Na literatura científica é observado que essa bactéria beneficia as lavouras, quando todas as condições são satisfeitas, porém nesse estudo constatamos que esse inoculante biológico fez efeito mesmo em condições restritivas. Em nosso caso, ainda em condições de solo arenoso, de menor fertilidade, e de competitividade com a braquiária”, diz Ceccon.

    Os resultados revelaram que a bactéria Azospirillum brasilense contribui com o crescimento das raízes do milho, proporcionando aumento de produtividade. “Assim, apesar do cultivo em solo arenoso e em lavoura com competitividade, os resultados comprovaram que a inoculação e reinoculação com essa bactéria reduz as perdas de produtividade de milho causadas por competição da braquiária, principalmente em solo arenoso”, afirma o pesquisador.

    Fixação biológica de nitrogênio

    Azospirillum brasilense é um dos diversos microrganismos benéficos a plantas,  podendo colonizar suas raízes e estimular seu crescimento. As bactérias do gênero Azospirillum ganharam destaque mundial a partir da década de 1970, com a descoberta, pela pesquisadora da Embrapa Johanna Döbereiner (1924-2000), da sua capacidade de fixação biológica do nitrogênio quando em associação com gramíneas.

    Na prática, essas bactérias conseguem captar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo de modo a ser assimilado pelas plantas, reduzindo a adubação química nitrogenada. Esse processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias diazotróficas é chamado de fixação biológica de nitrogênio (FBN).

    Além dos ganhos econômicos, uma vez que o mercado de fertilizantes no Brasil é dependente de importações, são expressivos os resultados do FBN relacionados às melhorias na qualidade do solo, tais como proteção contra erosão, maior fertilidade, retenção de umidade e redução de plantas daninhas.

    Outro ponto que merece destaque refere-se ao aumento da profundidade das raízes do milho, pois essa amplitude permite que a planta, em períodos de estiagem prolongada, possa buscar água nas camadas mais profundas do solo, contribuindo com a sustentabilidade da lavoura.

    Competitividade do sistema consorciado

    A competição da forrageira com o milho foi a grande motivação da pesquisa. Assim, a quantidade de plantas da forrageira inserida no sistema foi maior do que indicado, com o objetivo de estimular essa competição. “Numa lavoura convencional, é fundamental o plantio adequado e ajustado entre a população de braquiária e de milho”, destaca Gessí Ceccon.

    O engenheiro explica que esse ajuste pode ser feito no plantio da lavoura, mas também ao longo do seu desenvolvimento, quando necessário. “É possível fazer o uso de herbicida para a supressão da braquiária que é o mesmo usado para o controle das plantas daninhas”.

    A competição acontece inicialmente por água e depois pelos demais nutrientes, em especial, o nitrogênio. Esse nutriente está presente na atmosfera e é convertido em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. A reação é catalisada pela enzima nitrogenase, encontrada em todas as bactérias fixadoras.

    Redução da produtividade quantificada

    Ceccon afirma que, nas lavouras experimentais, são realizadas pesquisas para identificar o potencial produtivo de cada híbrido, em busca de resultados que possibilitem a quantificação da redução de produtividade de uma cultura.

    “Funciona assim: são realizados experimentos com cultivo de milho solteiro, sem braquiária, em que se avalia a produtividade dessa lavoura de forma isolada. Numa outra área, é realizado o cultivo de forma consorciada. É feito, então, o cálculo dessa diferença para que se chegue a uma quantificação de perdas de produtividade.

    Como parâmetro, pode ser avaliado o número de grãos por espigas de milho colhidos, bem como pela verificação do peso das espigas colhidas. Assim, teremos os resultados de quantificação da redução de produtividade”, acrescenta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • 4ª temporada do Crop Tour percorre 800 km em quatro estados americanos

    Vídeos atualizam os produtores sobre as lavouras dos EUA

    Com o objetivo de avaliar e informar as condições das lavouras de soja e milho dos principais estados produtores de grãos dos Estados Unidos (EUA) e mostrar para quem assiste do Brasil a situação destas culturas em 2022, está no ar a quarta temporada do Crop Tour: Na estrada com Agro Connection e RTC.

    As primeiras viagens deste ano se estenderam po 800 km pelos estados do Kansas, Nebraska, Iowa e Missouri e trouxeram informações sobre o Corn Belt (Cinturão do Milho), região americana especializada no cultivo de milho e soja.

    Conforme Carlos Bonini Pires, um dos idealizadores do Crop Tour e Ph.D. Student na Kansas State University, os quatro episódios permitiram ver diversas lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento das culturas em busca de assertividade quanto à prospecção de safra. – Trazer imagens direto do campo é o nosso diferencial, uma vez que isso permite conhecer o momento atual da agricultura e pensar nas estratégias de comercialização dos grãos – explica Carlos.

    Segundo o Gerente de Pesquisa da CCGL/RTC, Geomar Corassa, a iniciativa busca descrever de forma simples e objetiva a realidade das lavouras americanas, deixando cooperativas e produtores informados sobre práticas de manejo, condições climáticas e especialmente, sobre o potencial produtivo da safra. – O país norte-americano é um grande produtor mundial de grãos e as condições da safra interferem diretamente no mercado e, naturalmente, na tomada de decisão dos produtores brasileiros – ressalta Geomar.

    O projeto já percorreu mais de 7.000 km pelas lavouras e estradas americanas e mais filmagens estão programadas para o final do mês de agosto. Todas as temporadas do Crop Tour estão disponíveis gratuitamente nos canais do YouTube da Rede Técnica Cooperativa – RTC e Agro Connection.

    Confira os vídeos da quarta temporada do Crop Tour: Na estrada com Agro Connection e RTC:

    Nebraska: https://youtu.be/cL6f9_k3Wsc

    Iowa: https://youtu.be/6A2tlRQGvkI

    Missouri: https://youtu.be/ueW7WNj2fnY

    Kansas: https://youtu.be/1H26s-KndH0

    Texto e foto: ASCOM CCGL

  • Safra 2022/23 de soja deve superar 152 mi/t, diz StoneX

    Consultoria projeta aumento de 3,9% na área plantada e também faz estimativas para o milho

    A produção brasileira de soja deve receber um incremento na safra 2022/23, atingindo recorde de 152,6 milhões de toneladas, quase 20% a mais que o alcançado no ciclo anterior. Os números partem da primeira estimativa divulgada pela consultoria StoneX, nesta segunda-feira (1).

    “Esse recorde seria resultado de um crescimento de 3,9% na área plantada, somado a uma recuperação da produtividade média nacional para 3,56 toneladas por hectare”, avalia a especialista de Mercado do grupo, Ana Luiza Lodi.

    Aumento de área geral de soja

    A consultoria destaca que são esperados aumentos de área para todas as regiões do país, numa tendência que já vem sendo observada nos últimos anos. Por outro lado, o custo dos insumos se mantém elevado e o clima está no radar, após dois anos consecutivos de La Niña.

    Uma safra recorde, acima de 150 milhões de toneladas, deve ser acompanhada também de uma demanda mais forte. Apesar de haver indefinições rondando o mercado, como a possibilidade de uma recessão global, a StoneX estima que as exportações de soja possam atingir 100 milhões de toneladas no próximo ano.

    O consumo doméstico também deve continuar avançando, com os estoques finais estimados em 6,5 milhões de toneladas. Para a safra 2021/22, a StoneX trouxe um pequeno ajuste no rendimento de Mato Grosso do Sul, refletindo-se na produção.

    Safra de milho

    Apesar de haver uma expectativa de leve redução na área plantada do milho na próxima temporada, que deverá perder espaço para a soja especialmente nos estados do Sul e Sudeste, espera-se uma produção de 30,3 milhões de toneladas na 1ª safra 2022/23, 14,8% acima do estimado para o ciclo anterior.

    Por outro lado, a consultoria ressalta que, considerando condições climáticas dentro da normalidade, acredita-se que o país possa obter uma rentabilidade média próxima de 7 t/ha, número consideravelmente acima do observado na primeira safra 2021/22, marcada por adversidades climáticas na região Sul.

    “Vale destacar que os números estão sujeitos a grandes alterações, visto que o clima pode surpreender negativamente e ainda há tempo para mudanças na decisão de plantio”, pondera o analista de inteligência do grupo, João Pedro Lopes.

    Mercado internacional

    Segundo ele, em meio à expectativa de mais uma robusta produção na próxima temporada, espera-se que o país continue ampliando sua presença no mercado internacional, questão favorecida também pelas incertezas envolvendo a safra ucraniana e o acordo entre China e Brasil.

    Além disso, a StoneX espera um aumento no consumo doméstico, com destaque para a demanda proveniente do setor de etanol. Mesmo com o aumento no consumo total, a consultoria projeta um aumento nos estoques de passagem para 14,15 milhões de toneladas.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/