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Excesso de chuva em regiões produtoras deve afetar qualidade dos grãos

Preparos para a semeadura da segunda safra também podem ser prejudicados, principalmente no Norte e Nordeste, alerta meteorologista

Em Mato Grosso, São Paulo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Goiás a colheita da soja já foi finalizada com boa produtividade. Contudo, no Rio Grande do Sul, as máquinas retiraram, por enquanto, 54% da área plantada com a oleaginosa, conforme a Safras & Mercado.

Em solo gaúcho, observa-se grande desuniformidade entre as lavouras em relação ao rendimento de sacas devido à má distribuição das chuvas, de acordo com o meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller.

O estado deve produzir cerca de 14,5 milhões de toneladas de soja em 2022/23, segundo o 7º Levantamento de Safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número é significativamente menor do que o potencial produtivo do estado, que gira entre 20 e 22 milhões de toneladas.

Região mais prejudicada

A região oeste do Rio Grande do Sul foi a mais prejudicada ao longo da safra de soja. “As chuvas com acumulados de 50 mm nos próximos dias devem se concentrar na porção nordeste do estado gaúcho. No restante, tempo mais estável. Com isso os trabalhos em campo não devem sofrer transtornos, acelerando a colheita na região”, destaca Müller.

Já no Paraná, o clima mais seco permitiu um bom avanço da colheita nos últimos dias, deixando os trabalhos virtualmente finalizados. Os resultados obtidos estão superiores às estimativas iniciais. Agora, a produção no estado deve girar em torno de 22,3 milhões de toneladas.

“Porém, volta a chover no estado paranaense, principalmente na região oeste. Por lá, os volumes podem chegar a 100 mm, gerando transtornos nas operações em campo nesta reta final de colheita ou nos preparos para uma segunda safra”, salienta o meteorologista.

Chuva no Matopiba e outras regiões

Na Bahia, a colheita está quase finalizada e as produtividades se mostram acima do esperado. “O tempo firme dos próximos dias deve contribuir para finalização dos trabalhos”, aponta Müller.

Já em Minas Gerais, 99% da área de soja foi colhida. “O maior volume de chuva (60 mm) nos próximos dias fica concentrado na região nordeste do estado mineiro. Na porção oeste, acumulados de até 25 mm são esperados, o que não deve atrapalhar a
finalização da colheita na região ou os preparos para o plantio de segunda safra”.

No Maranhão, por sua vez, a evolução da colheita está apontada em 98% da área. O estado também conta com índices de rendimento médio de sacas acima do inicialmente estimado.

“Na porção Centro-Sul, o acumulado de chuva esperado fica na casa dos 30 mm, o que não deve prejudicar as operações em campo. Porém, na faixa norte, os volumes podem chegar a 110 mm. Assim, transtornos no campo e impacto na qualidade do grão podem ser sentidos”, avalia Müller.

Região Norte e Nordeste

As lavouras de soja se desenvolveram em boas condições em quase todas as regiões produtoras do Piauí. A área colhida está em 97%, confirmando boas produtividades. “Na porção Centro-Sul do estado, acumulado de chuva esperado fica na casa dos 35 mm. Porém, na faixa norte, os volumes podem chegar a 90 mm, que podem gerar transtornos nas operações em campo”.

Já no Pará, restam algumas áreas a serem colhidas no oeste e sudoeste do estado. “As chuvas constantes no Polo de Paragominas afetam um pouco a qualidade dos grãos”, alerta.

De acordo com o meteorologista, deve continuar chovendo na faixa centro-norte paraense, com volumes que podem chegar a 170 mm no decorrer dos próximos dias. “Esse excesso vai gerar transtornos no campo nessa reta final de colheita”, conclui o meteorologista.

Fonte: https://www.canalrural.com.br/