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26 de fevereiro de 2024

  • Entenda a importância do controle parasitário integrado em meses de temperatura e umidade do ar elevadas

    Estudos indicam que as perdas econômicas relacionadas a parasitos podem atingir cerca de U$ 14 bi por ano no Brasil

    Nos meses de temperatura e umidade do ar elevadas, o controle parasitário integrado torna-se crucial para assegurar a sanidade e o bem-estar do rebanho na bovinocultura. Estudos científicos indicam que as perdas econômicas relacionadas a parasitos externos e internos, como carrapatos, bicheiras e vermes, podem atingir cerca de U$ 14 bilhões por ano no Brasil, considerando queda na produção leiteira, danos ao couro e perdas de peso.

    Octaviano Pereira Neto, médico-veterinário e gerente técnico da Elanco Saúde Animal, destaca que o controle parasitário é um desafio constante para os pecuaristas, especialmente durante as altas temperaturas e umidade. Ele enfatiza a importância de adotar um protocolo de combate integrado capaz de lidar simultaneamente com diferentes parasitos.

    “Manejar um grande número de cabeças é uma operação complicada. O produtor que implementa o cuidado sanitário integrado economiza tempo, dinheiro e aumenta a produtividade, além de reduzir o estresse do animal”, afirma Octaviano. Ele defende o controle parasitário integrado como peça-chave para a produtividade do rebanho, otimizando investimentos em nutrição, o maior custo para os pecuaristas.

    A Elanco oferece o EzatectTM, uma solução que reúne moléculas como abamectina, doramectina e ivermectina, cada uma focada em um parasito específico. Essa formulação exclusiva, aliada a uma tecnologia de solubilização pioneira, proporciona ação eficaz, duradoura e excreção residual rápida. Octaviano destaca a importância de uma administração simples e fácil, sendo o EzatectTM de dose única e injetável, facilitando o manejo na fazenda.

    Além da estratégia integrada, Octaviano ressalta a importância do manejo preventivo, incluindo higienização das instalações, nutrição adequada e hidratação. A Elanco também capacita técnicos para apoiar a gestão de informações e acompanhar os resultados obtidos no controle parasitário integrado. “A gestão de dados é fundamental para a revisão de condutas e equações de aplicação”, conclui o médico-veterinário.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Objetos e contato social amenizam estresse da desmama em bezerros leiteiros

    O intuito é melhorar a capacidade dos bezerros em lidar com mudanças de ambiente; foram 60 dias de observações comportamentais

    A fase de aleitamento é um período sensível e estressante para os bezerros leiteiros, por conta do afastamento da mãe e, em alguns casos, do isolamento social.

    Buscando alternativas para minimizar os impactos negativos dessa fase, a Embrapa Pecuária Sudeste conduziu um experimento para testar a efetividade do enriquecimento social e físico.

    A pesquisa avaliou os efeitos do enriquecimento social no comportamento dos bezerros leiteiros em sistemas a pasto. O intuito, de acordo com a pesquisadora Teresa Alves, foi melhorar a capacidade dos animais em lidar com mudanças de ambiente. Além disso, o enriquecimento físico, com a disponibilização de objetos como escova, bola e espantalho, buscou identificar benefícios funcionais e biológicos.

    A separação do filhote e a mãe logo após o nascimento é uma prática corriqueira entre os produtores de leite, principalmente para assegurar maior eficiência no recebimento do colostro. Quando separados, muitos são colocados em baias individuais, a fim de diminuir a transmissão de doenças e a competição por alimento.

    Por outro lado, a criação coletiva de bezerros oferece um ambiente com espaço e estímulos necessários ao bom desenvolvimento cognitivo. A interação com outros animais pode melhorar a capacidade de lidar com mudanças de ambiente e situações de estresse. Porém, um desafio frequente nesse modelo é a ocorrência da mamada cruzada (ato de bezerros em sugar um ao outro).

    A ação pode resultar em ferimentos de partes do corpo do animal sugado e interferir no desempenho produtivo. Nesse caso, a inserção de “brinquedos” é uma forma de reduzir o problema, melhorando sanidade, índices reprodutivos, aumento da aptidão inclusiva e redução de comportamento doloroso. E não é necessário um grande investimento para o produtor.

    Resultados

    Nos lotes com enriquecimentos social e físico a interação social e o comportamento de explorar o ambiente foram menores, visto que os animais ocuparam parte do tempo interagindo com os objetos oferecidos.

    Os bezerros interagiram em maior frequência com a escova (48,2%), seguida da interação com bola (26,5%) e com o  espantalho (25,6%). Além disso, neste grupo houve maior frequência de visita ao concentrado e menor tempo em pastejo. Em relação ao ócio e à ruminação, não ocorreu influência dos enriquecimentos entre os lotes.

    Para Teresa, o maior tempo gasto com a escova pode ser explicado pelo fato dos bovinos se coçarem para remover sujeira, restos de excrementos, ectoparasitas e fluídos corporais. Assim, a incorporação de objetos com algum tipo de função específica é eficaz para o bem-estar.

    “A criação de bezerros em grupo promove um importante enriquecimento que são as interações sociais, embora quando disponibilizado ‘brinquedos’, eles gastam tempo interagindo com esses recursos”, destacou Teresa.

    A pesquisadora considera que a interação dos bezerros com o espantalho nos horários próximos ao fornecimento do leite pode estar relacionada com o contato humano-animal. É provável que os bezerros tenham associado à imagem do espantalho à pessoa responsável pelo manejo, uma vez que os bonecos usavam a mesma vestimenta dos tratadores.

    Experimento

    Participaram do estudo 35 bezerros das raças Holandês e Jersolando distribuídos em dois tratamentos: um apenas com enriquecimento social – piquetes coletivos de criação; e outro com enriquecimento social e físico. Nesses, além dos piquetes serem coletivos, foram colocados diferentes objetos (espantalho, bola e escova), oferecidos simultaneamente.

    O experimento foi conduzido no Sistema de Produção de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). A distribuição dos grupos foi aleatória, com a condição de que os animais não tivessem diferença de idade maior do que 15 dias e, no máximo, cinco filhotes.

    Os bezerros foram separados de suas mães logo após o nascimento e receberam o colostro por meio de baldes individuais com bico. Desde o primeiro dia de vida, tiveram acesso livre à água e ao concentrado. O desaleitamento ocorreu, gradativamente, próximo aos dois meses de idade.

    O sistema de criação coletivo possui área composta por capim, com 12 piquetes de 64m² cada, com sombra artificial. A pesquisadora explicou que o sistema foi planejado para que houvesse piquetes ociosos para mudança do lote para áreas com melhor qualidade sanitária, principalmente no período das chuvas.

    Os animais foram avaliados diariamente e pesados a cada 14 dias, com a avaliação de mucosa, infestação de carrapatos e temperatura retal. As observações comportamentais também foram a cada 14 dias, anotadas durante 10 horas, com identificação dos bezerros. Foram 60 dias de observações do comportamento do nascimento ao desmame.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

     
  • Fungo pode controlar praga que atinge o milho, aponta estudo

    O fungo afeta o comportamento da cigarrinha-do-milho dois dias após a pulverização do bioinseticida e não oferece riscos ao consumidor

    A cigarrinha-do-milho tornou-se um problema sério para a agricultura. Esse inseto está hoje amplamente distribuído nas Américas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.

    No Brasil, ele utiliza apenas as plantas de milho como hospedeiras e ainda são desconhecidos seus mecanismos de adaptação a outros vegetais. Na planta do milho, a cigarrinha causa um dano direto, pela sucção da seiva do floema – o tecido vivo através do qual circulam compostos orgânicos solúveis, em especial a sacarose, pelo corpo vegetal.

    Mas esse não é o principal problema: o inseto é também um transmissor de bactérias e vírus que podem causar grandes danos às espécies vegetais, afetar a produtividade e, por decorrência, a produção do milho.

    Para combater a cigarrinha-do-milho – reduzindo sua população e principalmente impedindo a transmissão de fitopatógenos para novas plantas hospedeiras –, duas estratégias são habitualmente adotadas: a pulverização com defensivos agrícolas e o controle biológico. Os defensivos são, de longe, os mais empregados. Mas, o controle biológico vem obtendo crescente adesão.

    Um dos agentes bioinseticidas utilizados em produtos atualmente comercializados é o fungo Cordyceps javanica. Essa espécie generalista apresenta alto potencial de controle sobre insetos sugadores. Mas, até agora, não se sabia exatamente como isso acontecia.

    Para elucidar o mecanismo de atuação do fungo entomopatogênico sobre a cigarrinha-do-milho foi realizado um estudo pioneiro no Centro de Pesquisa Avançada de São Paulo para Controle Biológico (SPARCBio), constituído pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela empresa Koppert Biological Systems na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

    A investigação foi conduzida pela engenheira agrônoma Nathalie Maluta, pós-doutora na área de fitossanidade e pesquisadora da Koppert Brasil. Teve a participação de Thiago Rodrigues de Castro, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Koppert Brasil, e de João Roberto Spotti Lopes, professor da Esalq-USP.

    “Nosso trabalho evidenciou que o fungo começa a afetar o comportamento da cigarrinha-do-milho dois dias após a pulverização do bioinseticida, reduzindo a atividade alimentar dos insetos nos vasos do floema das plantas de milho, local onde ocorre a transmissão de fitopatógenos”, conta Maluta à Agência Fapesp.

    Para obter esse resultado, a pesquisadora aplicou uma técnica, ainda pouco conhecida no Brasil, chamada de electrical penetration graph (EPG). Nesta, a cigarrinha de teste, ativa sobre a planta de milho, é conectada a um eletrodo.

    E a atividade de seu estilete – isto é, da estrutura bucal, semelhante a minúsculos canudos, utilizada para sugar a seiva – pode ser assim monitorada e representada por meio de um gráfico, permitindo a associação das formas de onda produzidas com as atividades biológicas desempenhadas pelos insetos. Guardadas as devidas proporções, o procedimento é semelhante ao do eletrocardiograma, que monitora graficamente a atividade do coração.

    “A técnica de EPG gera formas de onda com diferentes características, como nível de tensão, frequência e amplitude, que podem ser correlacionadas com atividades biológicas do inseto. Isso nos permite saber, em tempo real, o que ele está fazendo ou o que está acontecendo com ele – inclusive o efeito do bioinseticida sobre sua atividade sugadora ou transmissora de patógenos”, informa Maluta.

    A Koppert comercializa, há tempos, um produto bioinseticida que tem como princípio ativo o Cordyceps javanica. E o artigo agora publicado explica seu mecanismo de ação.

    “O produto, contendo o fungo, é pulverizado sobre a planta e atinge os insetos ali presentes. Também deixa um filme na superfície vegetal com o qual os insetos que pousam depois entram em contato. De uma maneira ou de outra, o fungo penetra nos corpos dos insetos. Seu efeito não é imediato. Ele precisa de alguns dias para germinar e produzir esporos, levando o inseto à morte. Mas, bem antes disso, o fungo já começa a afetar os seus comportamentos, inclusive o comportamento alimentar”, relata Maluta.

    A pesquisadora afirma que a atuação do Cordyceps javanica é inteiramente específica e não oferece nenhum risco ao consumidor humano ou animal, tanto que seu uso é permitido para cultivos orgânicos. “Esse fungo já existe e atua na natureza. Não foi fabricado em laboratório por manipulação genética”, enfatiza.

    Maluta afirma que, além de estar sendo agravada agora pela crise climática, a grande proliferação da cigarrinha-do-milho é uma decorrência direta da expansão da monocultura em larga escala e, principalmente, do uso inadequado das ferramentas de manejo, como o controle químico.

    “Ao aplicar inseticidas químicos sem prévio monitoramento e sem saber se há necessidade de entrar com alguma medida de controle, ocorre a seleção de indivíduos resistentes, uma vez que os insetos suscetíveis morrem e os resistentes permanecem no campo, até o ponto em que nenhum instrumento de controle funciona mais. É preciso mudar radicalmente as estratégias de manejo”, diz.

    “Esse inseto afeta o milho há muito tempo. Mas, nos últimos anos, sua população cresceu de forma explosiva. Isso também foi afetado pelos cultivos sucessivos. Hoje, temos não só as safras, mas também as chamadas safrinhas, o que aumenta a taxa de proliferação da praga, porque ela tem disponibilidade de comida praticamente o tempo todo”, ressalta.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/