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novembro 2023

  • Sistema ILPF: estudo aponta sequestro de carbono maior que emissão na pecuária

    Pesquisa mostra resultados positivos na implantação de sistemas ILPF, IPF e ILP; sequestro pode chegar a 51,3 t de carbono por hectare

    A atividade pecuária com uso de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em diferentes combinações, tem um balanço positivo nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no bioma Amazônia. Essa é a conclusão de um estudo realizado no maior experimento de ILPF do país, localizado na Embrapa Agrossilvipastoril (MT).

    A pesquisa mensurou e comparou dados de pastagem solteira de Brachiaria brizantha cv. Marandu; integração lavoura-pecuária (ILP), com dois anos de cultivo de soja na safra e milho com braquiária na segunda safra, seguido por dois anos de pecuária; integração pecuária-floresta (IPF) com renques triplos de eucalipto a cada 30 metros; e ILPF, com a mesma rotação da ILP, porém com linhas simples de eucalipto a cada 37 metros.

    Os resultados mostraram que o balanço líquido de carbono equivalente no fim de quatro anos foi negativo em todos os sistemas, ou seja, houve um sequestro maior do que as emissões.

    O maior saldo foi o do sistema IPF, com 51,3 toneladas de carbono equivalente por hectare (ton/CO2eq/ha), seguido pela ILPF, com 39,5. A ILP teve saldo positivo de 18,8 ton/CO2eq/ha e até mesmo a pecuária em sistema convencional sequestrou mais carbono do que emitiu, com 26,8 ton/CO2eq/ha ao longo de quatro anos.

    A pesquisa usou como referência de comparação uma área de pastagem degradada, de forma a simular o que aconteceria se ela fosse recuperada com um desses sistemas produtivos.

    “Como estamos tentando propor sistemas mais sustentáveis para o Brasil, usamos como referência de comparação uma pastagem degradada. Sistemas sustentáveis são aqueles que conseguimos produzir bem, com neutralização de emissões de gases”, afirma a doutoranda no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP) e primeira autora do trabalho, Alyce Monteiro.

    “É isso que chamamos de intensificação, é você sair de um local com baixa produção animal e de forragem para uma maior produtividade, com aumento da qualidade do solo”, explica Monteiro.

    Bruno Pedreira, atualmente na Universidade do Tennessee, mas na época do estudo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e coorientador de Alyce Monteiro, destaca o fato de que mesmo a pecuária solteira, quando bem manejada, se mostrou eficiente no balanço de carbono equivalente. Para ele, isso indica como é possível melhorar a sustentabilidade da atividade no Brasil.

    “Fazer a pecuária de uma maneira bem-feita representa para nós a possibilidade de vender uma carne com balanço positivo de carbono. São sistemas que vão elevar a perspectiva ambiental da pecuária para o futuro. O Brasil é o país que tem potencial para fazer isso como nenhum outro”, afirma Pedreira.

    Pegada de carbono no sistema ILPF

    Além de mensurar o carbono equivalente emitido por hectare em cada sistema, o estudo utilizou unidades de medida de pegada de carbono, como CO2eq por quilograma de carcaça (carne) e por quilograma de proteína de consumo humano (percentual de proteínas presentes nos grãos e na carne). A madeira produzida não foi contabilizada nos cálculos de pegada de carbono, uma vez que o corte final ainda não foi feito.

    O sistema ILP foi o que teve maior emissão de gases de efeito estufa por quilograma (kg) de carcaça produzida. O número foi 7% maior do que a ILPF, 32% maior do que a IPF  e 42% maior do que a pecuária solteira. Quando expressado o balanço líquido de emissões pelo volume de carcaça, todos os sistemas tiveram números negativos, ou seja, sequestraram carbono para cada quilograma de carne produzido. Os sistemas com árvores tiveram um balanço negativo maior do que a ILP e a pecuária.

    O sistema silvipastoril (IPF) foi o que teve o maior balanço líquido negativo quando expressado em kg CO2eq/kg de proteína de consumo humano, ou seja, foi o que mais sequestrou carbono por quilograma de proteína de alimentação humana.

    Foram 69,32 kg CO2eq estocados a cada kg de proteína digerida pelo homem por meio da carne e dos grãos produzidos. Esse resultado foi duas vezes maior do que a pecuária, 5,2 vezes maior do que a ILPF e 11,4 vezes maior do que a ILP.

    Entretanto, os sistemas ILP e ILPF foram os que tiveram maior produção de proteína de consumo humano por hectare, com 3.010 kg/ha, contra 755 kg/ha da pecuária e da IPF.

    O estudo avaliou ainda o percentual da contribuição de cada gás de efeito estufa nos sistemas. O metano é sempre o gás de maior impacto, chegando a 85% das emissões na pecuária solteira e na IPF, 68,6% na ILPF e 66,1 na ILP.

    Passo a passo da pesquisa de ILPF

    A coleta de dados da pesquisa ocorreu no experimento de ILPF com foco na produção de carne, grãos e madeira da Embrapa Agrossilvipastoril entre 2015 e 2018, porém também foram usadas como referências informações coletadas neste mesmo experimento ao longo de mais de dez anos.

    Para se chegar aos números foi necessário mensurar dados de produtividade dos animais e da lavoura, sobre crescimento das árvores, insumos utilizados, acúmulo de carbono no solo em todos os sistemas, estimativa das emissões de óxido nitroso, emissão de metano entérico pelos animais e consumo de combustível e energia para a produção.

    Para a mensuração das emissões de metano entérico, por exemplo, foi utilizado o equipamento GreenFeed, que mede o metano expelido pelo animal enquanto este se alimenta em um cocho. Dados da literatura foram usados para fazer as devidas conversões e extrapolações.

    “Trabalhamos com três anos de dados da Embrapa Agrossilvipastoril. Foi muito difícil, pois é um banco de dados muito grande. Tivemos que relacionar vários fatores de emissão. Isso tudo exige muito cuidado quando se trabalha com modelagem para não haver qualquer erro nos resultados”, afirma Alyce Monteiro.

    O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Ciro Magalhães é um dos responsáveis pela condução do experimento e também coautor do trabalho. Ele destaca o papel dessa plataforma experimental de larga escala e longa duração.

    “Trabalhos dessa magnitude são sempre desafiadores, pois envolvem a busca contínua por recursos e também a interlocução constante com toda a equipe envolvida. Todas as ações são planejadas em conjunto, de modo a otimizar esforços para garantir a obtenção de dados confiáveis, que vão embasar todas as conclusões que serão feitas posteriormente. Esse tipo de trabalho é de longo prazo e, para a obtenção de resultados, são necessários muitos anos de pesquisa”, afirma o pesquisador.

    Magalhães ressalta ainda a importância de se obter esse tipo de respostas científicas na região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia, uma região de grande interesse no que diz respeito à sustentabilidade da produção agropecuária.

    “É possível elevar a produção de alimentos, fibras e energia por meio da conversão de áreas degradadas no bioma em sistemas integrados de produção. Ou seja, não há necessidade de abertura de novas áreas, mas sim fazer com que as áreas já abertas sejam utilizadas de forma mais eficiente”, pontua.

    Apoio a políticas públicas

    Para os pesquisadores envolvidos nesse trabalho, os resultados ajudam a embasar políticas públicas que visam à transição para a agropecuária de baixo carbono, como o Plano ABC+, já implementado pelo governo brasileiro.

    Magalhães lembra que adotar sistemas de integração, sejam eles lavoura-pecuária, pecuária-floresta ou ILPF demanda mais esforços de todos os envolvidos.

    “Como são sistemas mais complexos, os sistemas ILPF exigem ações de capacitação de mão-de-obra, financiamento a partir de linhas de crédito diferenciadas, estudos de mercado e investimento em infraestrutura”, observa o pesquisador.

    Já Pedreira lembra que mesmo a pecuária solteira pode ser um vetor de redução de emissões de gases de efeito estufa, se houver um bom manejo de pastagem e dos animais.

    “Talvez seja preciso rever o que pode ser fomentado pensando em auxiliar o produtor também nos sistemas de pecuária tradicional. Sabendo que eles podem ser altamente produtivos, se bem trabalhados, com fertilidade do solo corrigida, suplementação animal e uso das boas práticas agropecuárias, podemos reconsiderar nossas políticas no sentido de impulsionar também nossos sistemas com base na pastagem”, ressalta Pedreira.

    Balanço líquido das emissões de gases de efeito estufa

    O setor agropecuário emite três gases causadores de efeito estufa principais, o gás carbônico (CO2), óxido nitroso (N2O) e o metano (CH4). As emissões de óxido nitroso estão mais ligadas ao uso de adubação nitrogenada na agricultura, decomposição de restos culturais e excretas dos animais.

    Já a emissão de metano entérico ocorre na pecuária por meio do processo de ruminação dos bovinos e pela emissão do esterco. O gás carbônico é emitido pela decomposição de matéria orgânica e uso de energia e combustíveis fósseis, como o diesel do maquinário agrícola.

    Ao mesmo tempo, sistemas produtivos sequestram carbono em forma de matéria orgânica no solo, em biomassa das forrageiras e culturas agrícolas e em madeira das árvores. Também são contabilizadas as emissões evitadas pelo uso de palhada no plantio direto ao invés de adubação com uréia.

    Para chegar ao balanço de emissões de um sistema, os três gases são convertidos em equivalente de carbono (CO2eqv). A conversão é feita com base no potencial de dano de cada gás para o efeito estufa, sendo um para gás carbônico, 28 para metano e 265 para o óxido nitroso. Isso significa que uma tonelada de metano emitido é igual a 28 toneladas de CO2eqv.

    O balanço líquido de emissões de um sistema é feito a partir da subtração do total de emissões pelo total de CO2eqv sequestrado e cuja emissão foi evitada.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Escassez impulsiona preços do arroz no Brasil

    A média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul está cotada a R$ 112,87, alta de 39,26% quando comparado ao mesmo período de 2022

    mercado brasileiro de arroz manteve a trajetória de alta no início da segunda quinzena de novembro, com a oferta cada vez mais escassa do cereal no país, aliada a uma demanda robusta.

    A preocupação dos produtores diante do excesso de chuvas e atrasos na semeadura em partes das regiões gaúchas adiciona pressão aos valores, consolidando a tendência de alta.

    A elevação das pedidas por parte dos vendedores e o relativo desinteresse na comercialização indicam uma postura estratégica diante das perspectivas de valores ainda mais elevados no curto prazo.

    Conforme o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, essa dinâmica reflete não apenas a escassez de oferta interna, mas também a expectativa de que o mercado possa atingir patamares mais expressivos.

    “Em meio à limitação da oferta, traders brasileiros confirmaram a formalização de contratos de importação”, diz.

    Dois navios, carregando um total de 60 mil toneladas de arroz branco Thai 100%B Grade, estão programados para iniciar o transporte na próxima semana.

    Esta remessa tem previsão de entrega para meados de janeiro, visando atender às demandas da indústria e do varejo brasileiro.

    Em relação aos preços, a média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista) encerrou a quinta-feira (16) cotada a R$ 112,87, apresentando um avanço de 2,14% em relação à semana anterior.

    Em comparação ao mesmo período do mês passado, havia uma alta de 8,35%. E um aumento de 39,26% quando comparado ao mesmo período de 2022.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Produção de carne bovina em 2023 bate recorde, segundo IBGE

    Dados evidenciam uma virada de ciclo produtivo em 2023, com mais animais prontos para abate

    Dados divulgados neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção de carne bovina em 2023 (de janeiro a setembro) atingiu recorde.

    No período, foram produzidas 6,39 milhões de toneladas, 8,37% a mais que nos nove primeiros meses de 2022 e 4,5% acima do recorde anterior, registrado em 2019.

    Os dados do IBGE evidenciam uma virada de ciclo produtivo em 2023, com mais animais prontos para o abate. No acumulado de 2023 (até setembro), o volume de bovinos abatidos avançou 10,24% frente ao mesmo período do ano passado, somando 24,42 milhões de cabeças, ainda conforme o instituto.

    Preços do boi gordo oscilam

    Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que os preços do boi gordo vêm oscilando ao longo de 2023, mas ainda operam em patamares abaixo dos verificados no ano anterior.

    Analisando-se a série mensal de 2023, todas as médias estão inferiores às verificadas nos respectivos meses de 2022, sendo a queda mais intensa, de 26%, a registrada em setembro (contra setembro/22), em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI).

  • Pesquisador da CCGL alerta sobre crescente incidência de estria bacteriana na cultura do milho no RS

    A cultura do milho no Rio Grande do Sul enfrenta um desafio significativo com o aumento da incidência de estria bacteriana. Esta patologia, ainda pouco conhecida pela maioria, tem se manifestado de maneira preocupante nas lavouras do estado, trazendo à tona a necessidade de medidas eficazes de controle.

    O pesquisador em fitopatologia da CCGL, Dr. Carlos Pizolotto, explica que a estria do milho foi originada na década de 50, no continente africano, e ganhou destaque nos Estados Unidos durante a safra 2014/15, evidenciando seu potencial epidêmico. No Brasil, primeiros relatos no oeste do Paraná na safrinha de 2018 sinalizaram a presença da doença, que agora se expande notavelmente no Rio Grande do Sul, sendo observada em maior escala nesta safra.

    A causa da estria bacteriana reside em uma bactéria capaz de sobreviver em plantas tigueras de milho, plantas daninhas e restos culturais da própria cultura. A capacidade das bactérias de utilizar aberturas naturais nas plantas para colonizar o tecido agrava a situação. Condições climáticas específicas, como períodos com temperaturas elevadas em torno de 28º e elevada disponibilidade hídrica, criam um ambiente propício para a disseminação da doença.

    O desafio para os produtores é agravado pela limitada eficácia dos fungicidas convencionais sobre a bactéria. Medidas de controle, portanto, exigem uma abordagem proativa, incluindo a antecipação das aplicações e a consideração de reforços que vão além dos fungicidas tradicionais. O pesquisador explica que, durante viagem feita ao estado de Nebraska, nos Estados Unidos, observou a vulnerabilidade das folhas do baixeiro em anos mais chuvosos, quando há a disseminação por respingos de chuva e vento.

    Outro ponto evidenciado pelo pesquisador é a diferenciação de sintomas, já que a estria bacteriana pode ser confundida com outras doenças, como a cercosporiose. Caracterizada por pequenas pontuações que evoluem para estrias entre as nervuras, a bacteriose requer uma identificação precisa para a implementação de estratégias de manejo eficazes.

    Fonte: Comunicação CCGL

  • El Niño: pesquisadores preveem mais calor no Sudeste e Centro-Oeste

    Efeitos do evento climático devem persistir até abril de 2024

    A onda de calor sentida nos últimos dias nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país sofre influência do fenômeno El Niño, segundo apontam pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) estima que os efeitos do El Niño devem ser sentidos pelo menos até abril do próximo ano.

    “Tudo indica que teremos um verão extremamente quente. É um El Niño de intensidade muito forte que, juntamente com o aquecimento global, produz esses efeitos que nós estamos vendo”, diz o coordenador da Rede Clima da Universidade de Brasília (UnB), Saulo Rodrigues Pereira Filho. Como efeitos do fenômeno climático, ele cita ainda a seca no Amazonas, as chuvas intensas no Sul do país e o calor extremo no Sudeste e no Centro-Oeste.

    Os termômetros do Rio de Janeiro já haviam superado os 40°C em algumas ocasiões nesta semana. Na capital fluminense, a sensação térmica superou os 58°C nesta terça-feira (14). Já no Centro-Oeste, dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) relativos a ontem indicaram que Cuiabá foi a capital mais quente do país.

    Ricardo de Camargo, meteorologista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) também crê que essa onda de calor intensa pode se repetir.

    “Realmente podemos enfrentar situações parecidas como essa justamente por conta da influência do El Niño. É bem provável que a gente tenha as condições propícias para o acontecimento de novas ondas de calor. O que não dá para fazer é uma antecipação tão fidedigna e tão assertiva de quando isso pode acontecer.”

    O fenômeno El Niño é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de Leste para Oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. As mudanças na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera têm consequências no tempo e no clima em diferentes partes do planeta. Isso porque a dinâmica de circulação das massas de ar adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.

    O El Niño – que ocorre em intervalos de tempo que variam entre três e sete anos – persiste em média de seis a 15 meses. Segundo Saulo Rodrigues, no Brasil, o fenômeno provoca seca nas regiões Norte e Nordeste. Já o Sul registra ocorrência de chuvas torrenciais e ciclones extratropicais.

    No Sudeste, conforme observa Ricardo de Camargo, a transição para o regime de chuvas, como é esperada para essa época do ano, está demorando.

    “Estamos tendo um período extremamente longo em que não há atuação de nenhuma frente fria. Elas não estão conseguindo avançar em direção ao Sudeste e ao Centro-Oeste. Chove muito no Sul e as frentes frias vão embora direto para o oceano”.

    O meteorologista explica como a movimentação no Oceano Pacífico está ligada com essa situação. “A atmosfera sente a mudança do posicionamento das águas quentes que saem lá de perto da Ásia, da Austrália e da Oceania e vêm ocupar porções mais centrais ou até mais próximas da América do Sul. E aí existe um impacto. Uma das assinaturas é justamente essa dificuldade dos sistemas frontais conseguirem avançar mais em direção ao Sudeste e ao Centro-Oeste”.

    Aquecimento global

    Mas só o El Niño não é suficiente para explicar a situação, segundo avalia o pesquisador da UnB. Ele considera que o fenômeno tem uma influência importante, mas a análise desses eventos extremos deve considerar em primeiro lugar o aquecimento global. O pesquisador alerta para as projeções indicando que as ocorrências de fortes chuvas, calor extremo e secas severas deverão ficar mais frequentes e mais intensas. São episódios que podem desencadear desastres socioambientais e problemas de saúde.

    “Já existe um conhecimento científico sólido sobre a capacidade que as mudanças climáticas possuem de produzir grandes perdas e danos para a sociedade e para as atividades produtivas. As populações vulneráveis se tornam muito potencialmente vítimas desse cenário”, observa Saulo Rodrigues.

    De acordo com Ricardo de Camargo, não dá mais para colocar em dúvida que as mudanças climáticas estão em curso. “É inegável que as temperaturas estão cada vez mais altas em todos os lugares do planeta de uma maneira quase geral. Não há mais espaço para negacionismo com relação a isso. As projeções indicam que os sistemas transientes e os eventos extremos devem ficar mais frequentes, mais comuns e irão atingir com maior severidade. Se fizermos uma análise do que tem sido divulgado na mídia, veremos que realmente o mundo todo está enfrentando essas situações de episódios severos”.

    O meteorologista, no entanto, faz uma ponderação. “É difícil atribuir um percentual de responsabilidade da mudança climática nessa onda de calor que estamos vivenciando agora”, avalia. Segundo ele, considerando a mudança no regime de precipitação que tem se observado, é possível fazer a associação, mas com algum cuidado.

    Políticas públicas

    Saulo Rodrigues observa que os principais responsáveis pelo aquecimento global são os países desenvolvidos, que emitem maior quantidade de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, ele avalia que o Brasil tem um desafio.

    “Nós temos uma matriz energética com grande percentual de energia renovável. A matriz elétrica brasileira é 90% composta de energia renovável. Poucos países do mundo tem essa capacidade de produzir energia com baixas emissões de carbono. O Brasil tem esse ativo. O Brasil também tem a Floresta Amazônica e o Cerrado que retiram carbono da atmosfera. Isso é muito importante para o equilíbrio climático. Então o Brasil é parte da solução. O principal problema brasileiro é a questão do desmatamento”.

    O pesquisador da UnB cita alguns resultados positivos neste ano, com o registro da queda das taxas de desmatamento, mas faz um alerta. Segundo ele, o governo deve elaborar políticas públicas que considerem os efeitos de médio e longo prazo.

    “Somos reconhecidamente um dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, porque [o Brasil] se localiza em uma faixa tropical onde as temperaturas normalmente já são mais elevadas. O aquecimento global tende a intensificar essas temperaturas.”

    Segundo o pesquisador da UnB, a regulamentação do mercado de carbono, em discussão da Congresso, é positiva. Mas ele defende que o agronegócio não pode ficar de fora dos setores que deverão cumprir metas de descarbonização. Essa é uma questão que tem gerado divergências.

    “O mercado voluntário de carbono, sem a regulação do estado, tem apresentado muitas imperfeições. Muitas empresas estão vendendo crédito de carbono de forma irregular, não apresentando os resultados que oferecem e isso traz muita insegurança para os investidores. Por isso é tão importante a regulação desse mercado”.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Anec reduz levemente estimativa de exportação de milho e soja em novembro

    No período de 5 a 11 de novembro foram embarcadas 2,093 milhões de toneladas de milho e 1,486 milhão de toneladas de soja em grão

    A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou para baixo sua estimativa para as exportações de milho em novembro. O volume a ser embarcado do cereal deve ser de 8,2 milhões de toneladas a 8,446 milhões de toneladas, em comparação com 8,2 milhões de toneladas a 8,503 milhões de toneladas de milho esperadas na semana anterior.

    De soja em grão, o volume projetado é de 4,8 milhões de toneladas a 5,413 milhões de toneladas, ante até 5,498 milhões de t previstos sete dias atrás. De farelo de soja devem ser 2,406 milhões de t, ante 2,264 milhões de t na semana anterior. Não há previsão quanto a embarques de trigo neste mês.

    No período de 5 a 11 de novembro foram embarcadas 2,093 milhões de toneladas de milho, 1,486 milhão de toneladas de soja em grão e 459.380 t de farelo de soja. Para o período de 12 a 18 de novembro a projeção é de exportação de 1,826 milhão de toneladas de milho, 1,766 milhão de t de soja e 602.270 t de farelo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Conab: leilões de prêmios negociaram 64,5 mil toneladas de trigo

    Os leilões visam estimular a comercialização da safra ao preço mínimo de garantia, que cobre os custos de produção

    Os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) realizados na terça-feira (14) registraram demanda para 64.505 toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

    Nos dois primeiros leilões, saíram 228,307 mil toneladas de Pepro de 329,85 mil ofertadas, enquanto foram comercializadas apenas 131,5 mil toneladas por meio do PEP de um montante de 309,6 mil toneladas que poderiam ter sido arrematadas.

    Os leilões visam estimular a comercialização da safra ao preço mínimo de garantia, que cobre os custos de produção. “Cerca de 424 mil toneladas de trigo já foram negociadas nos leilões de apoio à comercialização e ao escoamento de trigo”, disse a Conab em nota.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Aplicativo ajuda a calcular conforto térmico para bovinocultura de leite

    O aplicativo calcula identifica as faixas de conforto ou desconforto térmico às quais os animais podem ser submetidos

    BovConfort é um novo aplicativo para dispositivos móveis que auxilia criadores e profissionais das Ciências Agrárias a identificar situações de estresse térmico em bovinos leiteiros e projetar estimativas de perdas na produção de leite decorrentes desse estresse.

    O aplicativo está disponível para download gratuito e roda em aparelhos com a plataforma Android.

    Para usar o BovConfort, o usuário deve inserir dados de previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de sua localidade, tais como temperaturas máxima e mínima, e umidade relativa do ar máxima e mínima.

    O aplicativo calcula o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), que identifica as faixas de conforto ou desconforto térmico às quais os animais podem ser submetidos. A partir do ITU, o BovConfort estima os efeitos na produção de leite.

    O BovConfort é resultado de um projeto de pesquisa do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi), para o desenvolvimento de ferramentas digitais aplicadas na área de produção de bovinos. O grupo já conta com dois outros aplicativos disponíveis: o BovCria e o BovSan.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Crescimento de mercado brasileiro de bioinsumos deve impulsionar fusões e aquisições

    Segundo dados da CropLife Brasil, entidade que representa a indústria de insumos, as vendas de produtos biológicos cresceram 30% em 2023

    O crescimento do mercado brasileiro de insumos biológicos, estimulado pela implementação do Programa Nacional de Bioinsumos e pela busca por uma produção sustentável de alimentos, deve impulsionar as atividades de fusões e aquisições no Brasil, segundo um relatório da Redirection International, assessoria especializada em fusões e aquisições, publicado recentemente.

    O estudo mapeou a indústria brasileira de insumos agrícolas e destaca os fatores que colocam o mercado brasileiro como um dos mais atrativos para investimentos na área de biológicos.

    De acordo com o relatório, a adoção de bioinsumos tem crescido cada vez mais no Brasil e se apresenta como uma alternativa aos produtos químicos que, em geral, têm uma grande dependência do mercado internacional.

    Como exemplo, apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo e o quarto maior consumidor global de fertilizantes, cerca de 80% dos insumos consumidos no país são importados.

    “O conflito entre a Rússia e a Ucrânia escancarou a fragilidade e a dependência que o país tem em alguns insumos agrícolas, ficando mais vulnerável à disparada dos preços internacionais. Por isso, a atenção se volta cada vez mais para alternativas, como por exemplo a remineralização do solo e o uso de bioinsumos, que envolvem a utilização de matérias primas de origem biológica, como microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais”, explica o economista e sócio da Redirection International, Vinicius Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo.

    Segundo dados da CropLife Brasil, entidade que representa a indústria de insumos, as vendas de produtos biológicos cresceram 30% em 2023 e a expectativa é fechar o ano com crescimento de 35%, movimentando cerca de R$ 4 bilhões no país.

    O potencial do mercado nacional de bioinsumos também é destacado em uma publicação da Embrapa Soja de 2022, que projeta que o setor alcançará o volume de R$16,9 bilhões em 2030.

    Além da redução da dependência brasileira do mercado internacional, outros fatores também devem impulsionar os investimentos na indústria de produtos biológicos como, por exemplo, a tendência global em busca de cultivos agrícolas ambientalmente sustentáveis (priorizando produtos que já existem na natureza e reduzindo o uso de insumos químicos) e o aumento da produtividade e da segurança alimentar.

    O relatório da Redirection International aponta ainda que os resultados do uso de insumos biológicos são bastante animadores e cita o caso de uma empresa de capital aberto que adotou o uso exclusivo desses insumos no manejo das lavouras, obtendo ganhos de até 15% na produtividade de grãos no Rio Grande do Sul e aumentando a qualidade dos produtos como o café, por exemplo.

    “Como se trata de um mercado embrionário, ainda está sujeito a questões regulatórias, sobretudo a produção ‘on farm’, feita na própria propriedade rural e que, normalmente, não segue critérios rígidos de controle de qualidade. Muitos estudos já apontam para os riscos desse tipo de produção caseira, tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente. Por isso há a expectativa para a regulamentação da cadeia produtiva e a profissionalização do setor nos próximos anos, principalmente devido à implantação do Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2020, o que deve fomentar o desenvolvimento industrial neste segmento”, ressalta Vinicius Oliveira.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Armazenagem: 61% dos produtores não têm estruturas para guardar grãos

    Estudo do Esalq-Log ainda diz que 25,9% dos produtores desconhecem linhas de crédito específicas para armazenagem

    Uma pesquisa sobre o perfil da armazenagem agrícola no Brasil realizada com produtores rurais demonstra que 61% dos agricultores não têm estruturas de armazenagem na propriedade. O estudo, conduzido pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-LOG), em parceria com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ouviu mais de mil produtores de todo o País.

    Segundo o Esalq-Log, o alto custo de construção, a dificuldade de acesso ao crédito para construção, a falta de capital de giro para manter o negócio e outras prioridades de investimento na propriedade são as principais razões para os produtores não investirem em armazenagem.

    Os principais desafios dos produtores com infraestrutura própria, de acordo com o Esalq-Log, são a falta de pessoal qualificado, a gestão da qualidade e umidade, o manejo de pragas e problemas com energia elétrica. “É notável o aumento do uso de silo-bolsa no Brasil nos últimos anos”, diz o documento.

    Segundo a pesquisa, 9,9% dos produtores utilizaram apenas o silo-bolsa, enquanto 9,2% utilizaram a estrutura como complemento de armazenagem. O estudo mostra que 41,2% dos produtores que possuem armazéns próprios guardaram mais de 75% da produção nos silos-bolsa.

    De acordo com os produtores, o silo é utilizado para evitar gargalos de transporte durante a colheita, como estratégia para obter melhores preços fora da época de colheita e dispor de um espaço para armazenar com vistas a evitar deixar os grãos a céu aberto.

    O Esalq-Log ainda diz que 25,9% dos produtores desconhecem linhas de crédito específicas para armazenagem. Por fim, a pesquisa mostra que as cooperativas são os maiores fornecedores de serviço de armazenagem para os produtores associados (47,1%) e empresas de armazenagem (33,4%). Segundo o Esalq-lOG, a distância média entre a fazenda e o armazém contratado no Brasil é de 35,1 km.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/