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agosto 2022

  • Impacto da seca na safra 21/22 de soja foi de R$ 72 bilhões

    CNA e Embrapa Soja se reuniram para discutir alternativas para remediar o problema nas próximas temporadas

    A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Embrapa Soja discutiram, nesta sexta-feira (5), estratégias para o enfrentamento da seca na cultura e o Programa Soja Baixo Carbono.

    O pesquisador José Salvador Foloni apresentou os impactos do estresse hídrico na cultura da soja e as propostas de trabalhos da Embrapa para melhorar a resiliência da cultura frente aos fatores climáticos adversos.

    Segundo ele, o impacto da seca na safra 2021/2022 na soja foi calculado em R$ 72 bilhões, com perdas severas principalmente no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná.

    Edição genética a favor da resistência à seca

    De acordo com o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, a entidade avança na metodologia de edição genética (CRISPR), que está sendo empregada no Brasil para inserir as características agronômicas relevantes, neste caso a tolerância à seca, sem abrir mão da produtividade.

    “Neste caso a soja não será considerada uma OGM [organismo geneticamente modificado], pois não possui sequências gênicas de outras espécies e não precisa passar pelo processo dispendioso de desregulamentação para acesso a mercados.”

    O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, citou casos de sucesso do Sistema CNA/Senar, como o programa Forrageiras para o Semiárido, que além de aumentar a produtividade, garantiu a resiliência e a capacidade produtiva de forrageiras no semiárido brasileiro mesmo em períodos de estiagem.

    “O produtor está cobrando novas tecnologias e a pesquisa aplicada precisa se aproximar do setor privado para dar respaldo ao problema. Para isso aprofundaremos as discussões, com o apoio das Federações, para entendimento das melhores formas de compartilhamento de esforços em prol das novas tecnologias nas principais regiões produtoras”, afirmou.

    Programa Soja Baixo Carbono

    Durante a reunião, a chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Gomes Rufino, falou sobre as atualizações do Programa Soja Baixo Carbono.

    A iniciativa visa criar critérios mensuráveis das técnicas de manejo empregadas pelo produtor na produção de soja, com foco em ações de mitigação das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEEs).

    De acordo com a Embrapa, a proposta é criar uma metodologia brasileira baseada em protocolos científicos validados internacionalmente.

    Sustentabilidade do grão

    O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, disse que quantificar e promover a sustentabilidade da soja brasileira para o mercado internacional é um tema fundamental.

    “Além de pensarmos em certificação, precisamos promover os princípios de melhoria contínua das propriedades rurais. Temos que escolher o caminho da liderança para o tema e a força e capilaridade do Sistema CNA/Senar será fundamental neste processo”.

    A CNA pretende alinhar o tema com as Federações de Agricultura e os sindicatos rurais, além de convocar uma reunião da Comissão Nacional para validação e contribuição dos integrantes em relação aos dados apresentados pela Embrapa.

     Fonte: https://www.canalrural.com.br/
  • Brasil negocia primeiro embarque de milho para a China

    Havia a expectativa de que o cereal enviado ao país asiático seria o da safra 22/23, a ser plantado, mas os chineses precisam de milho antes

    Fontes do governo confirmam haver possibilidade de o Brasil embarcar o primeiro lote de milho para a China ainda este ano.

    Inicialmente havia a expectativa de que o cereal a ser enviado ao país asiático seria o da safra 2022/23, a ser plantado, mas os chineses precisam de milho antes.

    Para tanto, o Brasil precisa atender os requisitos de ordem técnica exigidos pela China, segundo um interlocutor que acompanhou a negociação.

    Esses critérios estão sendo analisados pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.

    “O que vai definir se os embarques serão de milho desta ou da próxima safra é o cumprimento dos requisitos. As exportações não estão mais sendo negociadas do ponto de vista fitossanitário, mas há trâmites a serem cumpridos para a implementação do protocolo ainda nesta safra, como a habilitação dos estabelecimentos”, disse uma fonte ao Estadão/Broadcast Agro.

    Milho brasileiro na China

    De acordo com o interlocutor, a China concordou com a antecipação dos embarques da safra 2022/23 para milho produzido em 2021/22, abrindo mão do monitoramento de eventuais pragas que possam ter acometido as lavouras do cereal, em virtude da sua necessidade de suprimento.

    “Reforço o que disse o ministro: eles querem nosso milho ‘imediatamente’ e, por isso, cederam nas exigências”, afirmou a fonte.

    Em reunião para apresentar os protocolos de exportação à China nesta sexta-feira (5), o governo sinalizou aos exportadores que os primeiros embarques de milho poderiam ser realizados ainda neste ano e que o governo chinês já teria emitido licenças para empresas exportarem milho a partir do Brasil.

    As empresas brasileiras têm até o dia 19 para manifestar interesse em exportar o cereal para a China junto ao ministério da Agricultura, que fará a avaliação das unidades e então concederá a habilitação.

    Abramilho

    Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, pelo protocolo, o governo brasileiro teria de fornecer orientações à cadeia para monitoramento das pragas que preocupam a China, mas não é possível fazer isso para o milho desta safra porque ele já foi colhido.

    “O governo da China passou um informe ao governo brasileiro de que estava liberado nesta safra de cumprir todas as normas do protocolo. Mas, para 2023, terá de cumprir”, disse Silveira.

    Conforme o representante, pragas quarentenárias são uma preocupação em todo o mundo, mas o controle das 18 indicadas no protocolo é possível de ser feito. “No caso do milho a gente não vê problema nenhum: é capricho e não tem erro. Isso para nós não assusta.”

    Silveira, que também já foi presidente da Aprosoja, destacou ainda a importância da exportação de farelo para a China. “Se a China comprar farelo, vamos poder aumentar capacidade de esmagamento”, disse.

    Segundo ele, a China está cada vez mais preocupada em garantir o abastecimento para produção de carne suína, de aves e ovos.

    “Tem que ter farelo de soja e milho. A China está se antecipando, ainda mais agora com o estresse com os EUA, de quem comprava soja e tinham acordo para milho, e com a questão da Ucrânia”, disse. “Aqui no Brasil temos estabilidade como exportador.”

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Leite: preço pago ao produtor bate recorde em julho

    O preço do leite captado em junho e pago aos produtores em julho avançou 19,1%, chegando a R$ 3,19 por litro

    preço do leite captado em junho e pago aos produtores em julho avançou 19,1%, chegando a R$ 3,19 por litro. O valor é recorde da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), iniciada em 2004.

    O preço pago aos produtores de leite está 24,7% acima da média registrada no mesmo período do ano passado.

    É a sexta alta mensal consecutiva. Desde de janeiro, o leite no campo acumula valorização real de 42,7%.

    Valorização

    O aumento expressivo do leite é consequência da queda na oferta do produto no campo em junho e pela disputa das indústrias de laticínios pela compra da matéria-prima para a produção de lácteos, para tentar evitar capacidade ociosa de suas plantas.

    Segundo pesquisa do Cepea, o leite spot se valorizou 20,8% da primeira para a segunda quinzena de junho, chegando a R$ 4,16/litro.

    A média mensal, de R$ 3,80/litro, ficou 26,2% maior que a registrada em maio. Diante do aumento no custo da matéria-prima e com estoques baixos, os preços dos derivados lácteos dispararam em junho.

    A diminuição da produção de leite no campo e, consequentemente, a redução dos estoques de lácteos no último mês está relacionada ao avanço do período de entressafra em um contexto de redução de investimentos na atividade.

    Custos de produção

    O aumento dos preços dos insumos agropecuários tem elevado consideravelmente os custos de produção desde 2019, pressionando as margens dos produtores por muitos meses.

    Nesse cenário, muitos pecuaristas enxugaram investimentos ou saíram da atividade. Desse modo, o potencial de oferta já vem em retração há algum tempo.

    Contudo, a restrição da produção ficou mais intensa com o avanço da entressafra em junho.

    Sazonalmente, espera-se que a produção de leite se reduza devido ao inverno e ao clima mais seco, que diminuem a qualidade e a disponibilidade das pastagens, prejudicando, assim, a alimentação do rebanho. E é preciso destacar que, neste ano, o fenômeno climático La Niña também intensificou os efeitos sazonais de diminuição da oferta.

    Perspectiva

    Colaboradores consultados pelo Cepea afirmam que a demanda por lácteos se enfraqueceu durante a segunda quinzena de julho, desestimulada pelos altos preços nas gôndolas.

    O movimento tem pressionado as cotações dos lácteos e do leite spot, indicando que o pico de preços ao longo da cadeia produtiva já pode ter sido atingido.

    Do ponto de vista da sazonalidade, a produção só deve ser incentivada com o retorno das chuvas da primavera, em setembro.

    Contudo, desde maio, os custos de produção têm aumentado menos do que em meses anteriores.

    E, apesar de os custos com as operações mecânicas seguirem em alta devido à valorização dos combustíveis, a queda nas cotações do milho tem favorecido a atividade – o que pode beneficiar a retomada de investimento e a recuperação mais rápida da produção.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Camex reduz alíquotas sobre glifosato e outros insumos

    Medida também abrange quatro tipos de resina plástica usadas na produção

    Cinco produtos usados como insumos industriais passarão a entrar no Brasil pagando menos Imposto de Importação por um ano. A medida foi aprovada na quarta-feira (3) em reunião extraordinária do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex). A medida abrange glifosato e quatro tipos de resina plástica usadas na produção.

    Os itens que tiveram as tarifas reduzidas são os seguintes: glifosato e seu sal de monoisopropilamina; copolímeros de etileno e alfa-olefina, de densidade inferior a 0,94; policloreto de vinila não misturado; copolímero de propileno; e resina PET com índice de viscosidade de 78 ml/g ou mais.

    Novas taxas sobre glifosato e outros produtos

    Os produtos foram incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec). As alíquotas, que variavam entre 9,6% e 11,2% cairão para 3,3% a 4,4%, a partir de sexta-feira (5). As novas tarifas são as seguintes (em percentuais):

    • Glifosato e sal de monoisopropilamina

    De 9,6 para 3,8.

    • Copolímeros de etileno e alfaolefina, de densidade inferior a 0,94

    De 11,2 para 3,3.

    • Resina de PVC-S (cloreto de vinila), não misturado com outras substâncias, obtido por processo de suspensão

    De 11,2 para 4,4.

    • Resina PP (copolímero de propileno)

    De 11,2 para 4,4.

    • Resina PET: (politereftalato de etileno): de índice de viscosidade de 78 ml/g ou mais

    De 11,2 para 4,2.

    Enfrentar problemas de custos

    Em nota, o Ministério da Economia informou que a medida tem como objetivo enfrentar problemas de abastecimento em certas cadeias produtivas, com diferentes graus de severidade, e de significativos aumentos de custos nos insumos de outras cadeias. Segundo a pasta, a redução de tarifas também pretende melhorar a eficiência na distribuição de recursos na economia, trazendo potenciais ganhos de competitividade para diferentes segmentos industriais.

    A Letec é um instrumento previsto no Mercosul, que permite aos países membros do bloco aplicar tarifas de importação diferentes daquelas previstas na Tarifa Externa Comum (TEC). As alterações são de caráter temporário e excepcional, sempre considerando os fatores conjunturais para sua utilização. O Brasil pode aplicar alíquotas diferentes da TEC para até 100 códigos de mercadorias.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Como vem o trigo no Sul?

    Confira o estágio de plantio e as condições da lavoura no RS e Argentina

    O plantio de trigo no estado do Rio Grande do Sul atingiu 98% da área projetada no estado, informou a Emater-RS (Associação Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural). Na semana encerrada nesta quinta-feira, 4 de agosto, a estimativa de cultivo do cereal de inverno no Rio Grande do Sul para a safra 2022 é de 1.413.763 hectares.

    Após o plantio praticamente concluído, a produtividade estimada é de 2.822 quilos por hectare (kg/ha), aponta a Consultoria AgResource Brasil. A Emater-RS também informou que 97% do trigo gaúcho está em fase de germinação/desenvolvimento vegetativo, enquanto apenas 3% ainda estão na etapa de floração.

    “O relatório da entidade de assistência técnica e extensão rural do Rio Grande do Sul registrou que as lavouras em geral apresentam bom desenvolvimento, avançando para a floração nas regionais de Frederico Westphalen e de Santa Rosa”, destaca a equipe de analistas da Consultoria TF Agroeconômica.

    ARGENTINA

    Até o momento, o avanço do plantio na Argentina atingiu 99,6% da área projetada, que é de 6,1 milhões de hectares. Segundo a TF, houve um progresso semana a semana de 0,8 ponto percentual, e em relação à safra anterior, um ligeiro atraso homólogo de 0,1 p.p.

    De acordo com superfície já implantada, depois das chuvas dos últimos sete dias, a área sob condição normal/excelente aumentou 3,8 p.p. Com isto, 65,5% dos hectares apresentam uma condição hídrica Adequado/Ótimo (+0,5 pontos em relação à semana anterior), após as chuvas registradas em setores do centro e sul da área agrícola no curso da semana passada, segundo a BCBA.

    “Quanto aos lotes já surgidos, na faixa norte da área agrícola, a cultura mantém uma condição relativamente estável, com 68,3% estão em condições normais/boas. No entanto, nas tabelas mais avançados começaram a desistir de perfilhos devido à falta de umidade e ao aumento das temperaturas da semana passada começou a acelerar o desenvolvimento”, conclui a Consultoria.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Semeadura do trigo não ocorreu como o esperado

    Progresso: 98.1% semeado e 1,4% colhido. 3.9% Emergência; 69.4% desenvolvimento vegetativo; 15% em floração; 6.9% em enchimento de grãos; 3.4% em maturação

    No Rio Grande do Sul, mesmo com condições climáticas favoráveis, o avanço da semeadura do trigo não ocorreu como o esperado. No noroeste, a semeadura está finalizada e, no Planalto-Superior, houve evolução significativa. Na Campanha e Zona Sul, as chuvas continuaram dificultando a operação e houve pequeno avanço da semeadura. Na metade Norte do estado, o estabelecimento inicial da cultura ocorre de forma muito satisfatória.

    No Paraná, a semeadura está concluída, e as lavouras em estágios mais avançados estão nas regiões Norte e Oeste, em fase de enchimento de grãos. Em SC, a semeadura está praticamente finalizada. As condições são favoráveis à cultura que está em desenvolvimento vegetativo e em início de floração.

    Em Goiás, a colheita de sequeiro foi finalizada. As lavouras irrigadas estão em fase de maturação e apresentam boas condições. Em Minas Gerais, iniciou-se a colheita. No Extremo-Oeste da Bahia as lavouras são irrigadas e estão com bom desenvolvimento.

    Semana de 24 a 30 de julho de 2022

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Inoculante reduz perdas de produtividade do milho

    O uso do inoculante contribuiu para a redução das perdas de produtividade do milho causadas pela competição da forrageira

    Pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) comprovou que o uso de inoculante à base da bactéria Azospirillum brasilense no milho consorciado com braquiária contribui para a redução das perdas de produtividade do grão causadas pela competição da forrageira. Os resultados da pesquisa abrem novos horizontes para o consórcio das duas culturas.

    Além do bom desempenho agronômico, o microrganismo, quando em associação com gramíneas, como o milho, promove o crescimento das raízes, em virtude da ação dos fitohormônios, viabilizando a fixação do nitrogênio nas plantas. A tecnologia favorece a redução do uso de adubos nitrogenados e uma agricultura mais sustentável. O trabalho foi publicado na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB).

    O engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Gessí Ceccon ressalta a importância da pesquisa. Ele explica que, no caso da lavoura de milho consorciada com braquiária, ocorre, geralmente, deficiência de nitrogênio, um dos principais elementos responsáveis pela produção dos grãos. A alta demanda desse elemento químico pelas plantas e sua baixa disponibilidade em solos brasileiros tornam a adubação nitrogenada uma prática indispensável.

    “Os fertilizantes inorgânicos acabam sendo a forma tradicional e padrão de adição desse nutriente no solo”, afirma Ceccon. A tecnologia de inoculação amparada em um insumo biológico, como o Azospirillum brasilense, associado a um inseticida biológico, diminui impactos ambientais. “Essa é uma alternativa sustentável e viável em tempos de escassez e preços elevados dos fertilizantes químicos”, reforça.

    O engenheiro agrônomo salienta ainda que, a partir do segundo ano de consórcio, a braquiária começa a deixar no solo cobertura, ou seja, matéria orgânica, o que contribui para o maior crescimento das raízes de milho. “A inoculação do milho com Azospirillum não substitui completamente a adubação química, que contém outros elementos, além do nitrogênio, tais como potássio, fósforo, cálcio e magnésio. Mas reduz os custos relacionados à quantidade de fertilizantes demandada pelas lavouras, proporcionando ganhos para o produtor.”

    Sobre a pesquisa

    Ceccon conta que o objetivo da pesquisa foi avaliar o desempenho agronômico de milho consorciado com a forrageira Urochloa ruziziensis (nova nomenclatura científica da Brachiaria ruziziensis), em sucessão à soja inoculada com as bactérias fixadoras de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum, bem como a inoculação e a reinoculação do milho com A. brasilense, em solo arenoso.

    Nas lavouras de milho, em que as sementes foram inoculadas, observou-se o efeito positivo da A. brasilense, maior quando a planta foi consorciada com braquiária. “Na literatura científica é observado que essa bactéria beneficia as lavouras, quando todas as condições são satisfeitas, porém nesse estudo constatamos que esse inoculante biológico fez efeito mesmo em condições restritivas. Em nosso caso, ainda em condições de solo arenoso, de menor fertilidade, e de competitividade com a braquiária”, afirma.

    Os resultados revelaram que a bactéria Azospirillum brasilense contribui com o crescimento das raízes do milho, proporcionando aumento de produtividade. “Assim, apesar do cultivo em solo arenoso e em lavoura com competitividade, os resultados comprovaram que a inoculação e a reinoculação com essa bactéria reduzem as perdas de produtividade de milho causadas por competição da braquiária, principalmente em solo arenoso”, comemora Ceccon.

    A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)

    A Azospirillum brasilense é um dos diversos microrganismos benéficos a plantas, podendo colonizar suas raízes e estimular seu crescimento. As bactérias do gênero Azospirillum ganharam destaque mundial a partir da década de 1970, com a descoberta, pela pesquisadora da Embrapa Johanna Döbereiner (1924-2000), da sua capacidade de fixação biológica do nitrogênio quando em associação com gramíneas.

    Na prática, essas bactérias conseguem captar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo de modo a ser assimilado pelas plantas, reduzindo a adubação química nitrogenada. Esse processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias diazotróficas é chamado de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN).

    Além dos ganhos econômicos, uma vez que o mercado de fertilizantes no Brasil é dependente de importações, são expressivos os resultados da FBN relacionados às melhorias na qualidade do solo, tais como proteção contra erosão, maior fertilidade, retenção de umidade e redução de plantas daninhas.

    Outro ponto que merece destaque refere-se ao aumento da profundidade das raízes do milho, pois essa amplitude permite que a planta, em períodos de estiagem prolongada, possa buscar água nas camadas mais profundas do solo, contribuindo com a sustentabilidade da lavoura.

    Competitividade do sistema consorciado

    A competição da forrageira com o milho foi a grande motivação da pesquisa. Assim, a quantidade de plantas da forrageira inserida no sistema foi maior do que indicado, com o objetivo de estimular essa competição. “Numa lavoura convencional, é fundamental o plantio adequado e ajustado entre a população de braquiária e de milho”, destaca Gessí Ceccon.

    Ele explica que esse ajuste pode ser feito no plantio da lavoura, mas também ao longo do seu desenvolvimento, quando necessário. “É possível fazer o uso de herbicida para a supressão da braquiária, que é o mesmo usado para o controle das plantas daninhas.”

    A competição acontece inicialmente por água e depois pelos demais nutrientes, em especial, o nitrogênio. Esse nutriente está presente na atmosfera e é convertido em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. A reação é catalisada pela enzima nitrogenase, encontrada em todas as bactérias fixadoras.

    Redução da produtividade quantificada

    Gessí explica que nas lavouras experimentais são realizadas pesquisas para identificar o potencial produtivo de cada híbrido, em busca de resultados que possibilitem a quantificação da redução de produtividade de uma cultura.

    “Funciona assim: são realizados experimentos com cultivo de milho solteiro, sem braquiária, em que se avalia a produtividade dessa lavoura de forma isolada. Numa outra área, é realizado o cultivo de forma consorciada. É feito, então, o cálculo dessa diferença para que se chegue a uma quantificação de perdas de produtividade. Como parâmetro, pode ser avaliado o número de grãos por espigas de milho colhidos, bem como pela verificação do peso das espigas colhidas. Teremos, então, os resultados de quantificação da redução de produtividade”.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/
  • Brasil exportou 9% a menos de soja no 1º semestre em comparação a 2021

    Menor embarque para a China e quebra de safra justificam o recuo

    No primeiro semestre de 2022, o Brasil embarcou 55,1 milhões de toneladas de soja, 8,87% a menos que em 2021 para o mesmo período (60,5 milhões de toneladas), de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

    O recuo, ainda neste primeiro semestre, se justifica pelo menor embarque para a China (principal destino, com 41,6 milhões de toneladas em 2021 e 36,9 milhões de toneladas em 2022), e Holanda (4º maior destino, com 2,5 milhões de toneladas em 2021 e 1,7 milhões de toneladas em 2022), que embarcaram, respectivamente, 11,2% e 32,2% a menos, ante 2021.

    Impacto da quebra de safra

    Nesta safra 2021/22, houve uma quebra de safra expressiva, de aproximadamente 20 milhões de toneladas abaixo do esperado. A forte estiagem que atingiu durante meses os estados de Rio grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul foi a causadadora das reduções produtivas.

    Como afetou a exportação da soja?

    As primeiras expectativas eram de uma produção de 144 milhões de toneladas e 92 milhões de toneladas destinadas à exportação, que, como ilustrado no gráfico acima, não aconteceram, expressando a quebra pelo impacto da estiagem.

    De acordo com a Anec, isso demonstra que a soja é um produto típico de exportação, já que grande parte vai para fora, diferente do milho, em que grande parte fica no mercado interno.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Sensor permite monitorar em tempo real a saúde das lavouras de soja

    Ferramenta pode gerar dados valiosos para orientar o manejo na agricultura de precisão

    Os sensores vestíveis (wearables) estão cada dia mais presentes na vida de pessoas que usam dispositivos eletrônicos para monitorar a frequência cardíaca durante atividades físicas e a qualidade do sono, entre tantos outros padrões sensíveis para a saúde humana.

    Dispositivos semelhantes estão sendo projetados para aprofundar o monitoramento da saúde das plantas, em busca de aplicações úteis para a agricultura de precisão.

    Esse tipo de tecnologia é uma estratégia promissora para determinar a perda de conteúdo de água das folhas, pois podem fornecer quantificação no local e não destrutiva do líquido no interior das células a partir de uma única medição.

    Como o teor de água é um marcador importante da saúde das folhas, o monitoramento em tempo real pode fornecer dados valiosos para orientar o manejo na agricultura de precisão, bem como para estudos de toxicidade e desenvolvimento de novos insumos agrícolas.

    “Os métodos convencionais têm limitações, pois são baseados em sistemas por imagem, satélites e drones. Eles precisam que a planta atacada por uma doença apresente sinais fenotípicos ou indícios visuais para gerar alertas no monitoramento. Em culturas como a da soja, por exemplo, a alteração de coloração pode sinalizar um estágio irreversível de doenças como a ferrugem”, explica Renato Sousa Lima, pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), órgão que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), sediado em Campinas.

    Fabricação complexa dos sensores

    Apesar dos avanços tecnológicos nessa área, a fabricação de eletrodos adequados para o monitoramento de plantas carrega desafios. Os materiais precisam ser leves, flexíveis e capazes de aderir à superfície das folhas, recobertas de tricomas, pelos que protegem contra insetos e contribuem para redução da perda de água. Além disso, precisam ser biocompatíveis, ou seja, não podem prejudicar os processos biológicos de desenvolvimento das plantas.

    A superação de todos esses desafios a partir de um dispositivo foi descrita no artigo Biocompatible Wearable Electrodes on Leaves toward the On-Site Monitoring of Water Loss from Plants, publicado recentemente no periódico ACS Applied Materials & Interfaces.

    O estudo, que usou como amostras plantas de soja e cana-de-açúcar, é resultado de um projeto apoiado pela Fapesp. A investigação mobilizou uma equipe multidisciplinar, que inclui pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Federal do ABC (UFABC) e Harvard (Estados Unidos), além de especialistas e recursos do LNNano, do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) e da estação de pesquisa Carnaúba do Sirius.

    O projeto contou ainda com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

    Como funciona o sensor

    O dispositivo desenvolvido em Campinas usa um eletrodo obtido por litografia. Uma peça única recoberta por um filme fino de níquel fixado com a ajuda de um adesivo do tipo micropore. Por esse eletrodo é aplicado um campo elétrico gerado por um capacitor.

    A polarização dos íons de nutrientes presentes na água revela com muita sensibilidade mínimas variações de impedância, ou resistência elétrica, que têm relação com os níveis de hidratação da planta.

    “Se tem mais água, tem mais íons, você carrega mais o sistema, então a impedância diminui. Se tem menos água, menos íons, você carrega menos o sistema e a impedância aumenta”, explica Lima.

    Ferramentas de aprendizado de máquina – uma técnica de inteligência artificial – ajudaram a selecionar, dentro de um amplo espectro de frequências, a mais adequada para as referências de monitoramento. Também foram usadas para determinar, entre temperaturas de 30 e 20°C, os parâmetros precisos de quantificação de perda de água nas folhas em diferentes condições de microclima.

    A aquisição de dados coletados pelos dispositivos é feita por bluetooth, com a ajuda de um smartphone, o que permite automatização de leituras e monitoramento remoto pela internet.

    Inovação patenteada

    As principais vantagens do dispositivo desenvolvido no CNPEM são portabilidade, autonomia de bateria (dez dias), sensibilidade, biocompatibilidade e segurança na aquisição de dados, que permitem automatizações essenciais para o monitoramento remoto. Como não existem sensores similares no mercado, o depósito de patente já está em andamento.

    Os métodos de fabricação do dispositivo são bem conhecidos e já estão disponíveis mesmo em indústrias de pequeno porte, o que cria condições de escalabilidade da produção e potencial redução do preço final caso alguma empresa se interesse pela tecnologia e decida transformá-la em produto.

    Sirius

    No estudo, técnicas que fazem uso de radiação síncrotron foram empregadas para avaliar em profundidade as condições de biocompatibilidade dos sensores nas folhas.

    Na estação de pesquisa Carnaúba, do Sirius – o acelerador de elétrons de última geração instalado no CNPEM –, medidas de espectrometria atestaram a não interferência do dispositivo no metabolismo das folhas de soja e de cana-de-açúcar.

    Técnicas convencionais não permitiriam medir as concentrações de nutrientes com a sensibilidade e precisão necessárias para garantir a biocompatibilidade.

    “Em folhas saudáveis, os íons de zinco, manganês, cálcio e ferro, que são nutrientes fundamentais tanto para a parte estrutural quanto para o transporte, obedecem a uma estrutura morfológica semelhante à dos capilares, xilemas e floemas. Quando a folha é afetada, as células se rompem e não existe mais nenhum padrão”, explica Lima.

    Próximos passos

    No atual estágio de desenvolvimento, o dispositivo se mostra bastante eficiente para uso em ambientes controlados, mas também é muito promissor para monitoramento em ambientes externos. Parcerias com a indústria podem trazer diferentes demandas de aperfeiçoamento.

    “O dispositivo demonstrou alta sensibilidade para a avaliação da eficiência do uso de algumas técnicas de manejo ou impacto do uso de insumos, bem como para potencialmente monitorar as condições de produtividade das lavouras. Acreditamos que, com pequenas adaptações, poderia contribuir também como recurso adicional no monitoramento das condições toxicológicas do campo”, avalia Julia Adorno Barbosa, doutoranda do LNNano e primeira autora do artigo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Carbendazim: FPA quer anular suspensão do uso do fungicida no Brasil

    Produto está proibido desde junho pela Anvisa, que conduz processo de reavaliação alegando riscos à saúde humana

    Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) estão se mobilizando para anular a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que suspendeu o uso e a comercialização de defensivos à base de carbendazim. O produto é utilizado no combate a fungos nas culturas de feijão, arroz, algodão, milho e soja, entre outras.

    A importação, produção, distribuição e comercialização do carbendazim está suspensa no Brasil desde junho deste ano. A suspensão cautelar foi solicitada pela Anvisa, sob a alegação de que o produto pode causar riscos à saúde da população.

    A saída encontrada pelos parlamentares da bancada seria um projeto de decreto legislativo (PDL). Em nota, a FPA disse ver com muita preocupação as ações tomadas nos procedimentos de reavaliação, em especial, do ingrediente ativo carbendazim.

    O texto diz ainda que essa decisão “afronta o devido procedimento de reavaliação, que impõe a participação efetiva dos três órgãos federais competentes” – Anvisa, Ministério da Agricultura e Ibama – e permite a utilização irrestrita de produtos durante o processo de reavaliação. A frente parlamentar afirma que ainda aguarda resposta do Executivo sobre o PDL.

    Carbendazim está entre os mais usados no Brasil

    O carbendazim está entre os 20 defensivos mais comercializados no país. O produto está no mercado há cerca de 50 anos. Segundo relatório elaborado por técnicos do Anvisa, o fungicida teria aspectos toxicológicos proibitivos de registro, e seria impossível estabelecer um limiar de dose segura para a exposição humana. Entre os aspectos listados pelo documento está o potencial do agrotóxico de provocar câncer, prejudicar a capacidade reprodutiva humana e afetar o desenvolvimento.

    De acordo com o órgão, a suspensão deve durar até a conclusão do processo de reavaliação toxicológica do produto, que está prevista para a próxima segunda-feira (8).

    Processo de reavaliação

    A reavaliação é uma análise minuciosa de uma série de estudos toxicológicos, tanto protocolados na Anvisa pelas empresas registrantes, quanto da literatura científica sobre o assunto. Ela leva também em consideração dados oficiais e relatórios de outras agências reguladoras e de organismos reconhecidos. A agência iniciou a reavaliação do carbendazim em 2019. A última avaliação do fungicida foi feita há cerca de duas décadas.

    Após a suspensão cautelar, a Anvisa realizou uma consulta pública que propôs a proibição do ingrediente ativo carbendazim em produtos agrotóxicos no Brasil. Essa consulta pública já foi finalizada e o resultado deve ser divulgado junto com a conclusão da reavaliação.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/