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  • Produtor de soja do RS aposta na mistura de cultivares para reduzir perdas

    Agricultor testa diferentes materiais em campo experimental. Nesta safra, ele vem conseguindo média de 60 sacas

    O Rio Grande do Sul avança na colheita da nova safra de soja. Até o momento, cerca de 20% da área dedicada ao grão já foi retirada do solo, segundo a Emater.

    Os produtores apostam, cada vez mais, em novas variedades que surgem no mercado, com foco em driblar pragas, doenças, clima e ter mais produtividade.

    Na família do agricultor Fábio Eckert, por exemplo, a soja está presente há 40 anos. Nesta safra, são três mil hectares no município gaúcho de Tapes, centro sul do estado.

    Em sua propriedade, o trabalho de colheita segue por pelo menos 12 horas por dia. Mesmo em área de várzea, a seca prejudicou a lavoura. No meio da oleaginosa em boa qualidade são encontradas manchas dentro das vagens, o que resulta na ausência de grãos.

    “Vamos ter uma perda natural que já era esperada, de 10% mais ou menos, mas os resultados [positivos] estão até ficando um pouco acima do esperado. Quem olhava para as áreas, achava que a perda seria maior. Aqui em nossa região, pegamos umas ‘chuvinhas’ a mais do que no resto do estado, então [a perda] não vai ser tão grande como a gente esperava”, conta.

    Mesclando cultivares

    Na propriedade de Eckert, existe área com uma cultivar de plataforma tecnológica lançada em 2019 e que é mais resistente a lagartas e herbicidas. A estratégia dele é mesclar com outras variedades.

    “Tenho um campo experimental em duas áreas diferentes, com cerca de 30 a 40 materiais diferentes, praticamente todos lançamentos. Desse campo experimental a gente tira sempre quatro ou cinco materiais para plantar um pouco mais. Testamos no segundo ano uma área comercial e, se vem bem, depois a gente vem com uma escala grande dela”, detalha.

    Novas cultivares que chegam ao mercado todos os anos podem ajudar o produtor a enfrentar situações adversas, como a estiagem, além de combater pragas e doenças. No entanto, a recomendação é que se teste antes para saber qual melhor se adequa a cada realidade.

    Escolha da melhor variedade de soja

    Existem, atualmente, mais de duas mil cultivares de soja registradas no Ministério da Agricultura. Para fazer a escolha, indica-se pensar no solo, clima, ciclo e latitude. Isso porque o posicionamento errado da cultivar de soja pode levar ao florescimento precoce ou aumentar o estágio vegetativo e, consequentemente, reduzir a produção.

    O pesquisador da Embrapa Soja, José Ubirajara Moreira, instrui: “Plante uma área pequena, veja como é o comportamento naquele microambiente para ver se vai fornecer uma produção ou um comportamento adequado para o ambiente. Por exemplo: essas plataformas novas, se o produtor não está utilizando, utilize, experimente, avalie a parte do custo de produção também porque isso é importante”.

    Quebra de safra no Rio Grande do Sul

    Na safra 2022/23, a produção do Rio Grande do Sul caiu novamente. Desta vez, a quebra estimada é de 31%, saindo da projeção inicial de 20 milhões de toneladas para pouco mais de 14 milhões, conforme dados da Emater.
    Assim, as primeiras áreas colhidas mostram produtividade desigual entre as regiões, seguindo a distribuição das chuvas, que também foi desproporcional.

    O presidente da Aprosoja-RS, Carlos Alberto Fauth, lembra que a desigualdade de rendimento médio de sacas de soja não é apenas a nível estadual, mas também municipal.

    “A gente sabe que no estado tem produtor colhendo de cinco a dez sacas e tem outros colhendo cerca de 40, 50, até próximo de 60. Depende se pegou [na lavoura] uma chuva ou duas a mais no período crítico, que já dá essa diferença”.

    Mesmo com a estiagem, o produtor Fábio Eckert deve colher uma média de 60 sacas por hectare. Ele mantém uma área onde testa as melhores cultivares para a sua realidade.

    “Há cerca de dez anos a gente tinha um ou dois materiais. Hoje, só na minha área, planto mais de 15 materiais diferentes […]. Temos uma gama muito grande para escolher no mercado. O produtor tem que testar em sua área; o que às vezes deu certo lá no meu vizinho, na minha área só troca condição de solo, já muda totalmente”.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Programa Soja Baixo Carbono sinaliza data de definição do protocolo

    Definição da certificação será validada nas cinco macrorregiões de soja do país. Ao todo, 25 áreas piloto serão utilizadas para validação

    Foi realizado nesta terça-feira (11) o 1º Fórum Soja Baixo Carbono, durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, no Paraná. O evento, realizado pela Embrapa Soja, teve como objetivo discutir o programa de certificação sustentável do grão produzido no Brasil.

    Segundo o chefe-geral da entidade, Alexandre Nepomuceno, as informações e os parâmetros a serem utilizados por certificadoras de terceira parte estão sendo organizados pela Embrapa neste momento.

    “Esses parâmetros serão validados e registrados no Ministério da Agricultura. Então, as áreas e propriedades que quiserem buscar a certificação devem ir até as certificadoras que, por sua vez, farão a avaliação e darão o selo Soja Baixo Carbono. Acreditamos que até o final do ano que vem já teremos isso bem encaminhado”, afirma.

    Lavouras de soja piloto

    De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, o protocolo para definição da certificação de áreas produtoras da oleaginosa com baixa emissão de gases poluentes vai passar por validação nas cinco macrorregiões sojícolas do país.

    “Vamos pegar pelo menos cinco áreas por região sojícola, desde o Pará até o Rio Grande do Sul, ou seja, no mínimo 25 áreas de validação. A perspectiva é que em meados de 2026 o protocolo já esteja registrado no Mapa e sendo aplicado em nível comercial”.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Exportações do Rio Grande do Sul atingem US$ 3,2 bi no 1º bimestre

    O Rio Grande do Sul exporta seus produtos para 161 destinos, com a China liderando as importações com 16% do total

    As exportações do Rio Grande do Sul atingiram, no primeiro bimestre de 2023, o segundo maior valor da história.

    Segundo a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, o estado exportou o equivalente a US$ 3,2 bilhões nesses dois meses, o que representa uma queda de 1,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

    Mesmo assim, o estado manteve-se entre os cinco maiores exportadores do país, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

    Entre os produtos mais exportados, destacam-se o fumo não manufaturado, que representou mais de US$ 406 milhões, com alta de 23%, seguido pelos cereais, com queda nas vendas em mais de 18%, e pela soja, com queda de 25%, totalizando US$ 175,9 milhões. Já a carne de frango teve um avanço de 25%, a celulose teve quase 40% de alta e o óleo de soja aumentou em 103%.

    O Rio Grande do Sul exporta seus produtos para 161 destinos, com a China liderando as importações com 16% do total.

    Em seguida, vem a União Europeia, os Estados Unidos, a Indonésia e a Argentina. A Indonésia foi o país que mais aumentou as compras do Rio Grande do Sul nesse primeiro bimestre, com alta de 107% e mais de US$ 94 milhões.

    O aumento das exportações para a Indonésia se deve ao crescimento das vendas de cereais e farelo de soja, enquanto o aumento das exportações para a China se deu em função do crescimento das exportações gaúchas de fumo não manufaturado, carne suína e carne de frango.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Mapa divulga os períodos de vazio sanitário da soja para 2023

    Secretaria de Defesa Agropecuária está avaliando a redução dos períodos dos calendários de semeadura para a próxima safra

    O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, nesta segunda-feira (10), a Portaria nº 781 que estabelece os períodos de vazio sanitário para cultura da soja que deverão ser seguidos pelos estados produtores em todo o país durante o ano de 2023.

    O vazio sanitário é o período contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não pode semear e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento na área determinada.

    Essa medida fitossanitária é uma das mais importantes para o controle da ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O objetivo é reduzir ao máximo o inóculo da doença, minimizando os impactos negativos durante a safra seguinte.

    Além do cumprimento do período do vazio sanitário estabelecido, o Mapa alerta que com o expressivo aumento das ocorrências da doença na safra 2022/2023, faz-se necessário um esforço conjunto por parte tanto dos produtores, quanto dos Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Vegetal de cada unidade da federação quanto à revisão das finalidades e da quantidade de autorizações relativas aos cultivos em caráter excepcional, previstos nos Artigos 9º e 10 da Portaria nº 306/2021.

    Redução dos períodos

    De forma complementar, como parte das estratégias de manejo da ferrugem asiática da soja, visando minimizar eventuais prejuízos aos sojicultores e aos demais atores envolvidos na cadeia produtiva da soja, a Secretaria de Defesa Agropecuária está avaliando também a redução dos períodos relativos aos calendários de semeadura a serem estabelecidos para a próxima safra.

    A ferrugem-asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Nas diversas regiões geográficas onde a praga foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.

    Confira os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja:

    • Acre – 22 de junho a 20 de setembro
    • Alagoas – 01 de janeiro a 01 de abril
    • Amapá – 01 de dezembro a 28 de fevereiro
    • Amazonas – 15 de junho a 15 de setembro
    • Bahia – 01 de julho a 30 de setembro
    • Ceará – 03 de novembro a 31 de janeiro
    • Distrito Federal – 01 de julho a 30 de setembro
    • Goiás – 27 de junho a 24 de setembro
    • Maranhão:

    Região I1: 03 de julho a 30 de setembro

    Região II2: 03 de agosto a 31 de outubro

    Região III3: 02 de setembro a 30 de novembro

    • Minas Gerais – 01 de julho a 30 de setembro
    • Mato Grosso – 15 de junho a 15 de setembro
    • Mato Grosso do Sul – 15 de junho a 15 de setembro
    • Pará:

    Região I4: 15 de junho a 15 de setembro

    Região II5: 01 de agosto a 30 de outubro

    Região III6: 15 de agosto a 15 de novembro

    • Paraná – 10 de junho a 10 de setembro
    • Piauí:

    Região I7: 01 de setembro a 30 de novembro

    Região II8: 01 de agosto a 30 de outubro

    Região III9: 01 de julho a 29 de setembro

    • Rio Grande do Sul – 13 de julho a 10 de outubro
    • Rondônia:

    Região I10: 10 de junho a 10 de setembro

    Região II11: 15 de junho a 15 de setembro

    • Roraima – 19 de dezembro a 18 de março
    • Santa Catarina – 22 de junho a 20 de setembro
    • São Paulo – 15 de junho a 15 de setembro
    • Tocantins – 01 de julho a 30 de setembro

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Ferramenta que classifica pulgões do trigo ganha nova versão

    Desenvolvido pela UPF, em parceria com Embrapa Trigo e IFSul, o AphidCV 3.0 Web oferece ampliação na detecção de espécies, melhorias no manuseio e mais praticidade no acesso

    Seja para facilitar a tomada de decisões ou oferecer mais precisão em diagnósticos nas lavouras, a tecnologia avança cada vez mais como uma aliada na área do agronegócio. Desde 2018, uma das ferramentas que atua com o propósito de auxiliar na melhoria da produtividade no campo é o AphidCV. A ferramenta é um software voltado para classificação e reconhecimento de pulgões, desenvolvido por meio de uma parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Embrapa Trigo.

    Cinco anos após o lançamento, o programa ganha a terceira versão, que oferece ampliação da detecção de espécies, melhorias no manuseio e mais praticidade no acesso. Contudo, o AphidCV foi desenvolvido para realizar a contagem e verificar a morfometria de afídeos separando em categorias (adultos ápteros, adultos alados e ninfas).

    “A mensuração de populações de insetos em plantas é necessária em diversos estudos, como definir o limite de pragas para intervenção com controle químico, avaliar o nível de resistência genética das plantas, avaliação de fatores que afetam o crescimento populacional e a capacidade reprodutiva dos insetos. Estes trabalhos costumam ser realizados manualmente, com o apoio de lupas em um processo cansativo, que consome tempo e sujeito a erros humanos que afetam a precisão”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, Douglas Lau.

    Na prática, o software AphidCV trabalha sobre a imagem de uma placa de vidro contendo os insetos, processando de forma instantânea o número total e o tamanho de cada indivíduo. “Com o apoio da visão computacional, é possível reduzir o tempo de análise e aumentar o número de amostras no período”, diz Lau.

    A nova versão chamada de “AphidCV 3.0 Web” implementa um método rápido e automatizado para contagem e classificação de pulgões (afídeos), empregando técnicas de processamento de imagens, visão computacional e deep learning (aprendizagem profunda). Além disso, o software é destinado ao uso de pesquisadores da área agrícola, entomólogos e biólogos.

    “A primeira versão nasceu a partir de uma demanda da Embrapa, com o objetivo de criar uma ferramenta de processamento de imagens e visão computacional para a identificação de afídeos e fazia apenas a classificação e reconhecimento de uma espécie de pulgão. Agora, a terceira edição avança e tem suporte para identificação de indivíduos de quatro espécies”, explica o professor da UPF, Rafael Rieder.

    Um outro diferencial da nova versão é a praticidade no acesso. Nas duas primeiras versões os softwares eram instalados no computador, já a última versão é web, então o acesso pode ser feito utilizando um usuário e senha pela internet.

    “O programa agora está integrado ao TrapSystem, uma plataforma on-line de gerenciamento de dados coletados a partir de armadilhas de insetos, com diferentes ferramentas que facilitam a análise da flutuação populacional dos afídeos e a organização de séries históricas. Nossa ideia é continuar atualizando esses modelos inteligentes de detecção e classificação dos insetos e oferecer também para outras espécies, assim que formos tendo um banco de dados maior”, afirma Rieder.

    Pesquisas envolvem dezenas de estudantes e profissionais

    As atividades relacionadas ao AphidCV fazem parte do cotidiano das pesquisas realizadas junto ao Núcleo de Visualização e Modelagem Computacional. Este laboratório, instalado junto ao UPF Parque Científico e Tecnológico, desenvolve soluções nas áreas de Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Realidade Misturada, Aprendizado de Máquina, Processamento de Imagens e Visão Computacional.

    Além do mais, ele conta com a participação de acadêmicos de iniciação científica e pós-graduação dos cursos de computação da UPF: Ciência da Computação, Engenharia de Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Mestrado em Computação Aplicada.

    No caso do AphidCV, o desenvolvimento da plataforma também envolve instituições que trabalham de forma integrada e colaborativa, criando soluções que permitam realizar os diferentes passos necessários. Além da Embrapa Trigo, existe uma parceria com pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense (IFSul) – Campus Passo Fundo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Produção mundial de soja deve ficar em 370,7 milhões de toneladas

    Projeção para a safra 2022/23 parte do Sistema de Informação do Mercado Agrícola

    A produção mundial de soja na atual safra — 2022/23 — deverá totalizar 370,7 milhões de toneladas. Na temporada anterior, a produção foi de 357,1 milhões. Ou seja, a projeção é de crescimento de quase 4%.

    A estimativa faz parte do relatório de abril do Sistema de Informação do Mercado Agrícola (Amis), órgão do G-20 para divulgar dados de oferta e demanda das principais commodities globais.

    Em março, quando da divulgação do mais recente número, a previsão do Amis era de 382,3 milhões de toneladas de soja produzida em todo mundo no ciclo 2022-23. Queda de 11,6 milhões de toneladas na estimativa no intervalo de apenas um mês.

    Menos soja na América do Sul

    A revisão para baixo é, segundo o relatório deste mês, reflexo do forte corte na safra de grãos da Argentina, que sofre com a pior estiagem em 60 anos. Ainda na América do Sul, Brasil e Uruguai também deverão colher menos soja do que o indicado anteriormente.

    Diferentemente do Amis, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica produção global de soja um pouco mais elevada para a temporada 2022/23: 375,1 milhões. O Conselho Internacional de Grãos indica, por sua vez, safra de 369,80 milhões de toneladas.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Integração lavoura-pecuária ajuda a acumular carbono no solo

    Resultado representa aumento em mais de três vezes quando comparado aos mais altos desempenhos dos sistemas de sucessão entre soja e milho

    Uma pesquisa da Embrapa Arroz e Feijão (GO) estimou a taxa de acúmulo de carbono em solo de cerrado em Goiás considerando o sistema de integração lavoura e pecuária (ILP) comparado ao sistema de sucessão de cultura de grãos (soja-milho), tanto em plantio direto quanto em plantio convencional. O resultado aponta para um incremento de carbono retido no solo em ILP, ao longo de 20 anos, projetados para o período entre 2019 e 2039.

    De acordo com as informações da Embrapa, a projeção do acúmulo de carbono foi estipulada para o perfil de solo até a profundidade de 30 centímetros e o resultado é que os maiores valores de carbono acumulado foram para os sistemas em ILP, em plantio direto, sendo que dois arranjos (ILP1 e ILP2) apresentaram taxa de acúmulo de carbono no solo entre 0,60 e 0,90 tonelada por hectare ao ano.

    Contudo, Isso representa um aumento em mais de três vezes de carbono retido no solo, quando comparado aos mais altos desempenhos dos sistemas de sucessão entre soja e milho, que alcançaram taxa de acúmulo de carbono no solo em torno de 0,11 e 0,21 tonelada por hectare ao ano em plantio direto.

    Trabalho de simulação

    O estudo valeu-se da série histórica de dados de plantio e manejo de área em ILP na Fazenda Capivara, pertencente à Embrapa e localizada em Santo Antônio de Goiás (GO). O banco de informações de manejo registrado desde 1990 abasteceu um modelo, conhecido por CQESTR, que simula o comportamento de carbono em solo de lavouras e é utilizado para projetar como diferentes práticas de manejo afetam a dinâmica do carbono.

    No trabalho, dois sistemas em ILP foram simulados dentro do CQESTR e repetidos ao longo do tempo de avaliação. O primeiro (ILP1) incluiu o cultivo do milho na safra de verão, seguido de quatro anos e meio de pastagem de braquiária. O segundo (ILP2) foi de soja na safra de verão, sucedida por pousio no primeiro ano, com posterior semeadura de arroz de terras altas, seguida de pousio novamente no segundo ano; e em sequência o plantio de milho com, por fim, três anos e meio de pastagem de braquiária.

    Entretanto, em relação à sucessão de culturas (soja-milho), foram consideradas alternâncias de cultivos anuais no verão, assim como com períodos de pousio; ou ainda sucessões entre as duas culturas (safra e safrinha).

    A pesquisadora da Embrapa Beata Madari é uma das responsáveis por esse trabalho. Ela contou que esse resultado vai ao encontro de outros estudos da área e pode ser explicado pela presença da forrageira braquiária, que apresenta forte enraizamento em profundidade no solo. Dessa forma, além de reciclar nutrientes, ajuda a aumentar o estoque de carbono no sistema pelo aporte de biomassa radicular e também aérea em sistemas ILP.

    Ainda segundo Madari, uma taxa de acúmulo de carbono de 0,9 tonelada por hectare ao ano surpreendeu os pesquisadores, pois trata-se de um valor alto levando em consideração a situação diagnosticada inicialmente nas condições da fazenda da Embrapa em Goiás, que apontou para um solo argiloso (mais de 50% de argila) e com teor entre baixo e médio de carbono, aproximadamente 2%.

    Mercado de carbono

    A taxa anual de acúmulo de carbono em ILP, em plantio direto, obtida neste trabalho traz também novos elementos para o debate científico. De acordo com o pesquisador da Embrapa Pedro Machado, existem outros estudos que chegam a valores até maiores de captura de carbono em ILP: taxas anuais de acúmulo de até uma tonelada por hectare ao ano.

    Porém, segundo o cientista, são pesquisas conduzidas geralmente em pequena escala, em parcelas, e com duração de poucos anos ou safras. Nesse sentido, ele ponderou que o uso do modelo CQESTR foi um diferencial.

    “Essa ferramenta de simulação foi fundamental, pois nos permitiu utilizar virtuosamente a base de dados de quase trinta anos sobre os cultivos na fazenda da Embrapa e projetar ao longo do tempo a dinâmica de acúmulo de carbono em função do preparo de solo e manejo agrícola. Com isso, podemos estender o tempo de análise sobre o efeito da ILP em relação ao sequestro de carbono e alcançar um resultado que acreditamos predizer melhor o comportamento do sistema de produção”, comentou o pesquisador.

    Machado complementou que o CQESTR é um programa empregado para investigações científicas dentro e fora do Brasil, só que aqui no País foi utilizado apenas para situações em regiões tropicais do Nordeste e Sudeste, e agora foi testado e aprovado para as condições do bioma Cerrado.

    Outra questão mencionada pelo pesquisador foi que o estudo, além de abrir a possibilidade de quantificar mais apuradamente o acúmulo de carbono por um sistema de produção agrícola, permite projetar no futuro o quanto de carbono será armazenado pelo solo.

    Nesse trabalho, por exemplo, a projeção foi estipulada para o período de 2019 a 2039. Essa perspectiva, conforme Machado, insere a pesquisa como um ponto de apoio e de qualificação para o debate que vem sendo feito no Brasil sobre a regulamentação de um mercado de crédito de carbono, assim como para o estabelecimento de estratégias fundamentais para a sustentabilidade da agropecuária e para o desenvolvimento de políticas públicas nacionais.

    O estudo é parte da tese de doutorado, defendida na Universidade Federal de Goiás (UFG) por Janaína de Moura Oliveira, intitulada: “Carbono no solo em sistemas integrados de produção agropecuária no Cerrado e na transição Cerrado – Amazônia”.

    Para a realização da pesquisa, Janaína esteve vinculada à Universidade de Washington (EUA) em parceria com o Centro de Pesquisa em Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Uma parte dos resultados de pesquisa obtidos contou ainda com participações do escritório da Embrapa Labex-Estados Unidos e Universidade do Arkansas (UARK), dos Estados Unidos.

     Fonte: https://www.canalrural.com.br/
  • Em 30 anos, produção de soja no Brasil aumentou 557%

    Comparação dos dados da safra 1992/93 com a atual mostram a evolução de área, produção e produtividade do grão no país

    A soja brasileira se transformou em uma potência mundial. A resiliência do produtor, a tecnologia chegando ao campo cada vez mais rapidamente, novas variedades resistentes e o clima favorável são os principais fatores que trouxeram o atual protagonismo à commodity.

    Juntos, esses ingredientes fizeram com que a produção da oleaginosa saltasse 557% nos últimos 30 anos, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso porque, na safra 1992/93, o país produziu 23,04 milhões de toneladas do grão. Já em 2022/23, a entidade projeta 151,4 milhões de toneladas, recorde histórico absoluto.

     Nesse intervalo, o aumento de área saltou 306%, indo de 10,7 milhões de hectares para os atuais 43,5 milhões de hectares. Quanto à produtividade média de todo o país, o aumento também foi expressivo: 2.150 kg/ha (35,8 sacas) para 3.479 kg/ha (57,9 sacas) estimados para esta temporada, ou seja, 61,7% de incremento.

    Evolução soja 30 anos

    Expansão da soja pelo país

    Há 30 anos, 12 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, produziam soja. Hoje, são 21 unidades da federação, mais o DF. Ao pulverizar este número, é possível notar que 2.468 municípios cultivam o grão atualmente. Assim, nota-se que os elos da cultura são parte do orçamento de 44,3% das prefeituras brasileiras, de acordo com dados da safra 2021/22 do IBGE.

    Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot Junior, a oleaginosa brasileira apresentou taxa anual de crescimento de área de, aproximadamente, um milhão de hectares nos últimos 25 anos.

    “Já a produção cresceu cerca de quatro milhões de toneladas a cada safra, em média. Ainda que se fale que a produtividade está estagnada em algumas áreas, vemos que há uma tendência geral de aumento de rendimento da ordem de 40 kg por hectare a cada ano que passa, considerando uma análise das últimas duas décadas”.

    O pesquisador lembra, ainda, que grande parte do crescimento da soja no Brasil nos últimos anos tem sido em cima de pastagens com algum nível de degradação. Sendo assim, nas palavras dele, a integração lavoura-pecuária é uma das grandes alternativas para o crescimento sustentável da cultura.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Consultoria indica produção recorde de soja e milho no Brasil

    Segundo a StoneX, Brasil deve atingir 157,7 milhões de toneladas da oleaginosa e 131,34 milhões de toneladas do cereal

    A safra brasileira de soja 2022/23 driblou o clima ruim no Rio Grande do Sul, cuja produção está estimada em 15 milhões de toneladas, e tem avançado significativamente conforme os trabalhos de colheita indicam produtividades excelentes e até mesmo recordes. É o que indica a consultoria StoneX em relatório divulgado nesta semana.

    “A produção de soja pode atingir 157,7 milhões de toneladas, o que tende a resultar em um balanço de oferta e demanda mais folgado neste ano”, indicou a especialista da StoneX, Ana Luiza Lodi, na revisão de abril do grupo. O número divulgado é 3 milhões acima do que havia sido estimado no mês anterior.

    O relatório apontou aumentos da produtividade média em vários estados, como os do Centro-Oeste, do Matopiba, São Paulo e Paraná, além de ajustes positivos de área plantada. Dessa forma, segundo a consultoria, há o total do Brasil para 44,17 milhões de hectares.

    “Com a produção recorde, os estoques finais ainda ficariam em 9 milhões de toneladas” — Ana Luiza Lodi

    Mesmo assim, como a produção mundial é muito concentrada, o mercado especula o quanto de soja a Argentina importará do Brasil, diante das perdas enormes esperadas no país. Com isso, as exportações brasileiras estão estimadas pela StoneX em 96 milhões de toneladas, e o consumo doméstico em 54 milhões. “Caso essa demanda se confirme, com a produção recorde, os estoques finais ainda ficariam em 9 milhões de toneladas”, explica Ana Luiza.

    Além da soja: oferta de milho tem potencial para recorde

    A produção total brasileira de milho 2022/23 foi revisada para 131,34 milhões de toneladas pela StoneX (considerando as três safras), um recorde para o país. O número leva em consideração os ajustes positivos na safra verão e uma leve queda no “safrinha”.

    No caso da safra de verão de milho 2022/23, a StoneX elevou sua estimativa de produção para 28,6 milhões de toneladas, um aumento de 3,8% em relação ao seu relatório de março.

    Nos estados do Sul, a colheita está em sua reta final e foi possível observar produtividades maiores do que as previamente esperadas no Paraná e Santa Catarina. Em São Paulo, apesar da redução na área plantada, a expectativa de maior produtividade resultou em uma oferta mais robusta no estado.

    Já no Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, o bom volume de chuvas ao longo das últimas semanas melhorou as condições hídricas das lavouras, resultando em expectativas mais favoráveis para a produção na região.

    Em relação à segunda safra 2022/23, houve pequena retração de 0,3%, para 100,54 milhões de toneladas. “Grande parte da contração observada pode ser atribuída ao corte realizado no Paraná, onde o atraso no plantio deverá resultar em uma área e produtividade média menores que as esperadas anteriormente, com a janela da semeadura sendo ultrapassada”, explicou o analista de inteligência de mercado da StoneX, João Pedro Lopes.

    O grupo também revisou para baixo a área plantada de Minas Gerais, motivado pelo receio com o clima e a expectativa menos favorável para os estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, que tiveram o plantio prejudicado pelo excesso de umidade. A queda não foi maior em função de perspectivas mais favoráveis para Mato Grosso, São Paulo e Pará.

    No que diz respeito à demanda, existem alguns fatores que devem estimular a procura internacional pelo grão do Brasil, considerando os problemas enfrentados pela safra argentina, a imprevisibilidade ligada aos embarques ucranianos e o acordo para exportação do milho brasileiro para a China.

    Com isso, a StoneX aumentou novamente sua estimativa de exportação para a temporada 2022/23, em 1 milhão de toneladas, para 48 milhões. Em meio às alterações realizadas, os estoques finais recuaram para 13,83 milhões de toneladas, o que representa uma relação estoque/uso de 10,7%.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Cereais de inverno podem substituir principais insumos da ração para aves e suínos

    A busca por alternativas para a alimentação de aves e suínos é importante para garantir a sustentabilidade do setor e reduzir custos

    Com o alto custo do milho e do farelo de soja, principais insumos da ração para aves e suínos de produção, produtores e profissionais da avicultura e suinocultura estão em busca de alternativas para garantir a alimentação dos animais. E uma solução pode estar nos cereais de inverno, como trigo, aveia, centeio, cevada e triticale.

    Segundo pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Trigo (RS) e Embrapa Suínos e Aves (SC), esses cereais são opções viáveis para substituir o milho na formulação de rações e concentrados para alimentar suínos e aves.

    Além de reduzir a dependência desse grão na Região Sul, cuja produção não tem sido suficiente para atender à demanda, o resultado amplia o mercado para os cereais de inverno, que ocupam cerca de 20% da área potencial de cultivo.

    Atualmente, a produção desses cereais não é suficiente para atender à demanda no país.

    Porém, de acordo com a Embrapa, ainda existem cerca de 5 milhões de hectares para sua produção na região Sul do Brasil. As áreas de lavoura de inverno representam apenas de 10% a 15% das áreas de cultivo de verão, o que indica um grande potencial de crescimento na produção de cereais de inverno.

    Essa busca por alternativas para a alimentação de aves e suínos é importante para garantir a sustentabilidade do setor e reduzir custos.

    Os produtores e profissionais da avicultura e suinocultura precisam se adaptar às mudanças no mercado e buscar soluções inovadoras para continuar produzindo com qualidade e eficiência. Os cereais de inverno surgem como uma opção promissora nesse sentido.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/