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  • Estiagem no RS: Emater aponta perdas consolidadas para soja, milho e arroz

    Mais de dois terços do municípios gaúchos já decretaram situação de emergência em função da seca

    No Rio Grande do Sul, a preocupação é com a falta de chuva. Mais de dois terços do municípios gaúchos já decretaram situação de emergência em função da estiagem. Zonas rurais sofrem com falta de água para o abastecimento de humanos e animais. Além disso, as perdas aparecem cada vez mais nas culturas de verão.

    Depois de dias de calor escaldante no último fim de semana fez frio no Rio Grande do Sul, com direito a geada em pleno fevereiro. Isso, contudo, não aliviou a situação de estiagem. Conforme a Emater do estado, a soja, o milho e o arroz já registram perdas.

    Na soja, por exemplo, 32% da cultura estão no enchimento de grãos e 45% na floração, que são fases críticas para a produtividade e dependem de umidade. Na região da Campanha, mesmo a oleaginosa plantada na várzea já tem perdas. Por cima, ela está verde, mas há muitas plantas secas por baixo e perdas na casa de 40%.

    Na Fronteira Oeste, onde eram previstos 105 mil hectares, foram plantados somente 96 mil. Na região de Santa Rosa, a soja plantada mais tarde ainda tem boas chances e o que se vê na maioria das áreas é irregularidade, com soja boa e soja ruim há poucos quilômetros uma da outra. Isso porque as chuvas também têm sido bem irregulares.

    Estiagem provoca perdas no milho e no arroz

    Para o milho, a situação é ainda um pouco pior. A falta de chuva atingiu a fase reprodutiva e rendeu espigas pequenas e mal formadas. A colheita está em 46% no Rio Grande do Sul. As perdas ultrapassam 50% na média das regiões. No entanto, também há lavouras plantadas mais tarde — e que ainda têm chance caso chova.

    A colheita do arroz foi aberta oficialmente na semana passada, no tradicional evento realizado na estação da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, no sul gaúcho. A cultura está em sua maioria no florescimento e enchimento de grãos. E aqueles produtores que usam pequenos arroios para irrigação estão em situação mais crítica. Em Cerro Branco, na região de Santa Maria, por exemplo, 30% das lavouras foram abandonadas por falta de água.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Agronegócio no Brasil equivale ao PIB da Argentina

    Em 20 anos, o PIB agrícola do Brasil saltou (em números deflacionados) de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões, o equivalente a uma Argentina

    A safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas esperada para o Brasil neste ano evidencia a proporção que o agronegócio tomou dentro da economia brasileira.

    Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do país saltou (em números deflacionados) de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões – o equivalente a uma Argentina.

    De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, o agronegócio brasileiro apresentou um crescimento extraordinário nos últimos 40 anos, com destaque para os últimos 20 anos.

    “Diferentemente do que aconteceu no setor urbano, seja na indústria ou em serviços, o crescimento do agronegócio é persistente e essa é a primeira lição que o agro dá. Crescer sempre é mais importante do que crescer muito em alguns anos e cair nos anos seguintes. É um crescimento sustentável, o que torna o agronegócio bastante competitivo.”

    Esse crescimento, segundo especialistas, está calcado no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola.

    Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos.

    Em 20 anos, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões, uma alta de 258%.

    Já a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um aumento de 76,5%.

    Os números mostram que a produção cresceu três vezes mais do que a área ocupada pelas lavouras, o que se deve ao ganho de produtividade, graças a investimentos em pesquisa e tecnologia.

    O destaque nos campos brasileiros é a soja, oleaginosa que se adaptou aos diversos microclimas do país, sendo cultivada tanto em regiões mais frias do extremo Sul quanto no clima tropical do Norte e do Nordeste.

    O Brasil ultrapassou os EUA e se tornou o maior produtor do grão, sendo também hoje o principal exportador.

    Enquanto a safra 2002/03 rendeu 47,4 milhões de toneladas de soja, a atual terá produção de 152,9 milhões, um aumento de 322%, segundo a Conab.

    milho, usado na rotação de culturas com a soja, cresceu 260%, de 47,4 milhões para 123 milhões de toneladas.

    PIB do agronegócio, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, só será divulgado no próximo mês, mas deve ficar próximo de US$ 500 bilhões, segundo a pesquisadora Nicole Rennó, da área de macroeconomia do Cepea.

    A queda no valor ocasionada pelos elevados custos do setor foi, em parte, compensada pelas boas safras.

    Dobrando a média

    engenheira agrônoma Tamires Tangerino, de 33 anos, consultora técnica da Stoller, empresa especializada em fisiologia vegetal e nutrição, tem aplicado seus conhecimentos para ajudar produtores do sudoeste paulista a atingir altos níveis de produtividade.

    No último dia 14, em um plantio comercial de soja da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, ela obteve produtividade de 6.672 kg por hectare, o dobro da média nacional e acima da excelente média regional, de 4.800 kg/ha – uma mostra do impacto da pesquisa como motor do crescimento.

    Soja e milho na mesma área

    Na área da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, é possível ter uma ideia da expansão da soja no sudoeste paulista. Em 2005, a cooperativa tinha 55 agricultores associados e nenhum tinha a soja como cultura principal – o feijão era o carro-chefe, e o milho só era plantado no verão.

    Hoje, com 102 associados, a cooperativa planta 24 mil hectares com soja, com produção média de 80 sacas por hectare e, no caso do milho, mais de 70% do total é cultivado na safrinha.

    Um dos cooperados, o produtor Walter Kashima, de 48 anos, que cultiva cerca de 2,5 mil hectares de soja próximo à área urbana de Capão Bonito, colhia na última quinta-feira, 16, uma média 80 sacas (4.800 quilos) de soja por hectare.

    Na mesma área, ele estava semeando o milho que será colhido entre junho e julho. “Estamos aproveitando a trégua dada pelas chuvas que têm sido insistentes. Esse solzinho está sendo uma bênção”, disse Kashima.

    Tropicalização

    A virada na agricultura brasileira começou com o advento da soja no Sul do Brasil, segundo o coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.

    “Foi o grande pontapé inicial, pois a soja, de ciclo mais curto, permitiu fazer uma cultura de inverno depois dela, como o trigo, aveia ou sorgo. A soja possibilitou a segunda safra. Com o tempo, esse processo evoluiu para outras regiões do País, com outras características”, explicou.

    Nos estados onde não chove no inverno, como boa parte do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste, não era possível plantar uma segunda cultura, mas isso não deteve os produtores, segundo Rodrigues.

    A evolução prosseguiu com a irrigação, que possibilitou ao produtor fazer três culturas efetivamente agrícolas, como soja, milho e feijão, irrigando quando é preciso. “É uma soma de processos de evolução ao longo do tempo que começou com a soja, uma cultura praticamente nova no país”, afirma Rodrigues.

    Ele afirma se lembrar que, em 1965, quando se formou em Economia, havia no Brasil só 400 mil hectares de soja, produzindo 1.200 quilos (por hectare). Hoje tem 44 milhões de hectares, produzindo 3.600 quilos.

    “A evolução tecnológica, a tropicalização da soja e de outras culturas permitiram esse progresso espetacular na produtividade. Vamos evoluir muito mais, pois temos o principal, o empreendedorismo do agricultor brasileiro. O céu é o limite”.

    Para Mendonça de Barros, além dos recursos naturais, o Brasil evoluiu em tecnologia no campo.

    “Temos pesquisa, difusão de informação e competência das pessoas. Nosso setor agropecuário é aberto ao mundo, não tendo problema de limitações de mercado, por isso pode aumentar significativamente a produção. Organismos internacionais projetam que, diante do crescimento da demanda global de alimentos nos próximos 10 ou 15 anos, o Brasil será provedor de pelo menos 30% a 35%.”

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • RTC/CCGL aponta para redução significativa na safra de soja do RS

    Ausência de chuvas e temperatura elevada têm provocado danos às culturas

    A falta de chuvas persiste no RS e segue causando prejuízos às regiões produtoras de grãos nesta safra 2022/2023. Danos irreversíveis já haviam sido reportados para a cultura do milho, tanto aquele destinado à produção de grãos quanto à produção de silagem. Agora, a estiagem também acomete de forma significativa a soja. Uma estimativa realizada pela Rede Técnica Cooperativa (RTC/CCGL) e divulgada nesta quarta-feira (15/02), estima quebras que, em média, já alcançam 43%. Durante a implantação da cultura, a estimativa inicial das cooperativas era de uma produtividade média de soja de 3490 kg/ha (58 sacos/ha). Em atualização realizada em janeiro, já em virtude dos danos provocados pela estiagem, a RTC revisou as estimativas para 2940 kg/ha (49 sacos/ha). Uma vez que as chuvas não retornaram e altas temperaturas foram registradas em grande parte das regiões, o novo levantamento apurou perdas ainda mais significativas, projetando uma  produtividade  média  de  1998 kg/ha. Em regiões onde os impactos têm sido mais severos, as estimativas já apontam para quebras de 70%, com produtividade estimada de 1140 kg/ha, ou seja, abaixo de 20 sacos/ha. Os dados foram coletados em 21 cooperativas ligadas à RTC/CCGL.

    Fotos: Tiago Hörbe

    Divulgação: ASCOM RTC/CCGL

  • Ferrugem asiática: custos ultrapassam US$ 2 bi por safra no Brasil

    Fungo causador da doença apresenta mutações que conferem resistência aos três principais grupos de fungicidas sítio-específicos

    Desde sua introdução no Brasil, em 2001, a ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a mais severa doença da cultura, podendo levar a perdas de até 80%, se não controlada. Segundo levantamentos do Consórcio Antiferrugem, os custos com a doença ultrapassam US$ 2 bilhões por safra no Brasil, considerando a aquisição de fungicidas e as perdas de produtividade que ela provoca.

    De acordo com as informações da Embrapa, as estratégias de manejo estão centradas em práticas como o vazio sanitário. Ou seja, o período de, pelo menos, 90 dias sem plantas vivas de soja no campo, para a redução do inóculo do fungo. Além disso, ajudam também no controle a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeadura no início da época recomendada. E também para adoção de cultivares resistentes, respeito ao calendário de semeadura e a utilização de fungicidas.

    Atualmente, o fungo P. pachyrhizi apresenta mutações que conferem resistência aos três principais grupos de fungicidas sítio-específicos e novas mutações podem ser selecionadas ao longo do tempo. “O fungo causador da doença é capaz de se adaptar a algumas das estratégias de controle, seja pela perda da sensibilidade aos fungicidas ou pela ‘quebra’ da resistência genética das cultivares de soja”, explica Cláudia Godoy.

    Por isso, a recomendação da Embrapa é para que os produtores adotem as estratégias de manejo disponíveis, com o intuito de preservar os fungicidas e as cultivares disponíveis. “Todas as estratégias, quando utilizadas de forma conjunta, têm permitido um manejo adequado da doença”, orienta Godoy.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Conab aponta boas condições da safra de verão

    Situação positiva se dá na maior parte do Brasil, avisa a companhia

    Segundo o monitoramento dos cultivos da safra de verão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as lavouras se encontram em boas condições de desenvolvimento na safra 2022/2023. As exceções são, conforme o material divulgado nesta semana, o Rio Grande do Sul e partes da Bahia e de Minas Gerais.

    Ainda de acordo com o estudo, a safra de verão atual está evoluindo de forma similar ou acima da média nos principais estados produtores do país. O que indica, nesse sentido, um bom potencial produtivo das lavouras de soja e milho primeira safra.

    O “Boletim de Monitoramento Agrícola”, da Conab, avalia a situação agrometeorológica e o comportamento dos índices de vegetação obtidos a partir de dados de clima, da fenologia e do sensoriamento remoto para analisar a condição do desenvolvimento das áreas cultivadas em diversas regiões produtoras.

    Informações da Conab sobre a safra de verão de grãos

    O dado mais recente mostra que os maiores volumes de chuva na primeira quinzena de fevereiro ocorreram nas regiões Norte e parte das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Dessa forma, o desenvolvimento das lavouras e o início da segunda safra de grãos foi favorecido.

    Por outro lado, o excesso de precipitações em algumas áreas causaram danos pontuais às lavouras e interromperam as operações de colheita da primeira safra.

    Ainda de acordo com o boletim, os menores índices de chuva foram registrados em parte da região Nordeste, no Sudeste e, sobretudo no Rio Grande do Sul. No Matopiba, contudo, o menor volume de chuvas foi suficiente para a demanda hídrica das lavouras e favoreceu o início da colheita de primeira safra.

    No Rio Grande do Sul, as chuvas foram irregulares, segundo a Conab. Devido às altas temperaturas, permaneceu, a condição de restrição hídrica, principalmente para as lavouras em floração e enchimento de grãos.

    O boletim é resultado da colaboração entre Conab, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam). Além disso, o material conta com o auxílio de agentes colaboradores que disponibilizam dados pesquisados em campo.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Inteligência artificial identifica plantas doentes

    Ação se dá por meio de simulação de processo cerebral, informa a Embrapa

    Equipamento que permite capturar e simular sinais cerebrais começou a ser testado no Brasil, em 2022, para detecção de doenças em estágio inicial, em cultivos de plantas como por exemplo a soja, por meio de inteligência artificial (IA). O trabalho é feito a partir de parceria entre a Embrapa e as empresas Macnica DHW e InnerEye, esta última desenvolvedora do BrainTech, equipamento que faz a captura dos sinais neurais de especialistas por meio de um capacete com eletrodos, similar a um eletroencefalograma (EEG).

    O sistema, então, simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. Com isso, os pesquisadores esperam dar rapidez às tomadas de decisão, reduzindo perdas em empreendimentos rurais e racionalizando o uso de recursos naturais.

    “Essa é uma iniciativa pioneira da Embrapa que está unindo a tecnologia disruptiva BrainTech, trazida com exclusividade pela Macnica DHW para o Brasil. Associando sinais neurais EEG e AI é possível criar uma máquina que imita o cérebro humano com alta confiabilidade”, observa o gerente de Soluções IoT & AI da Macnica DHW, Fabrício Petrassem.

    De acordo com as informações da Embrapa, o teste e a validação do sistema tiveram a participação do desenvolvedor Yonatan Meir, da InnerEye, que veio de Israel em agosto, especialmente para essa finalidade.

    “Por meio da captura de ondas cerebrais, a solução da InnerEye é capaz de identificar o julgamento e a classificação de uma imagem observada por uma pessoa, permitindo que essa imagem seja rotulada de forma automática e imediata”, explica Meir.

    Além disso, o sistema já é utilizado em aeroportos europeus na identificação de objetos perigosos em malas.           Em 2019, a Macnica DHW buscou a Embrapa para, em parceria, explorar a tecnologia no setor agropecuário, com possíveis novas aplicações. A primeira foi a detecção precoce de doenças em plantas, cujos experimentos começaram em abril de 2022.

    O experimento com plantas doentes

    “As ferramentas de IA evoluíram muito e, com dados de boa qualidade, conseguem resolver quase qualquer problema”, indica o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Jayme Barbedo, que lidera o projeto pela Empresa. O desafio, segundo aponta, é a obtenção desses ‘dados de qualidade’, que além de coletados precisam ser rotulados por especialistas. Um processo custoso e demorado em que o equipamento vai auxiliar.

    Os primeiros resultados do experimento foram positivos, pois o equipamento ajudou a identificar, com alta acurácia, as folhas doentes (oídio e ferrugem da soja) e saudáveis. Agora, o projeto deve ir além da detecção de plantas doentes/não doentes e avançar na identificação do tipo de doença presente no cultivo da soja, iniciando pelas comercialmente mais significativas. Também está sendo articulada a inclusão das culturas de milho e café nos experimentos com os respectivos centros de pesquisa da Embrapa.

    Em abril, o equipamento foi trazido ao Brasil para a sede da Macnica DHW, multinacional japonesa, localizada em Florianópolis (SC). Lá, foi montada a estrutura para o experimento de captura dos sinais cerebrais dos fitopatologistas Cláudia Godoy e Rafael Soares da Embrapa Soja. Ambos avaliaram cerca de 1,5 mil imagens de folhas doentes e saudáveis para os testes com o capacete coletor.

    A etapa da prova de conceito mostrou que os modelos gerados a partir dos eletroencefalogramas dos especialistas são capazes de lidar bem com imagens, permitindo treinar a máquina na identificação de plantas doentes.

    “A junção das imagens rotuladas – doente/saudável – com os sinais cerebrais dos especialistas resultou na melhora do desempenho do modelo, indicando a viabilidade do uso da IA”, aponta Barbedo.

    Primeiras impressões

    “A experiência foi muito interessante, porque o sistema aprende a identificar imagens de folhas doentes a partir da contagem que é feita de forma silenciosa quando se visualiza as doentes e as sadias, que passam rapidamente em uma tela de computador pela identificação dos sinais cerebrais”, relata Cláudia Godoy. “Com a evolução do treinamento artificial, essas tecnologias de reconhecimento podem ser utilizadas por pessoas que não têm muito conhecimento de doenças, auxiliando no manejo”, detalha.

    De acordo com Soares, para esse experimento foram escolhidas duas doenças: a ferrugem asiática, doença economicamente mais importante que afeta a cultura, e o oídio, relevante na Região Sul do Brasil. “Essas doenças foram escolhidas pois, além do impacto que geram para a cultura da soja, causam dois tipos distintos de sintomas foliares na planta, e também porque havia uma disponibilidade adequada de imagens para a avaliação”, explica Soares.

    Para o pesquisador, o aprimoramento de ferramentas de manejo de doenças da soja é relevante porque “detectar e diagnosticar doenças é uma das maiores dificuldades encontradas no manejo da cultura, e tecnologias inovadoras que agreguem informações a essas práticas são desejáveis e necessárias”, destaca.

    O sistema

    O sistema “imita” o funcionamento cerebral de especialistas no momento em que visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. A ideia é simular, tão próximo quanto possível, o processo cerebral de um especialista quando identifica algo ou toma uma decisão, como foi feito com os fitopatologistas.

    O primeiro passo é a calibragem do modelo, ajustando o capacete com os eletrodos na cabeça do especialista para identificar seus sinais cerebrais. “Cada pessoa tem um padrão cerebral diferente, ou seja, os sinais elétricos do cérebro são distintos de pessoa para pessoa. Por isso, é necessário fazer uma calibração para cada uma para o modelo entender o que ela está pensando”, explica Barbedo.

    Uma vez que o sistema ‘aprendeu’ como a pessoa funciona, começa o processo de rotulagem da base de dados.         As instruções aos especialistas é para que enumerem (1, 2, 3 …) as folhas doentes quando as virem na tela, que apresenta três imagens por segundo. O sistema vai capturando os sinais cerebrais emitidos a cada novo estímulo, diferente de quando se visualiza uma folha saudável.

    Segundo o líder do projeto, o processo de contagem não é obrigatório, mas reforça os sinais cerebrais, tornando mais fácil a diferenciação entre o que é doente e o que é saudável. O sistema permite a apresentação de até dez imagens por segundo.

    Confiabilidade dos resultados sobre plantas

    Com duração média de meia hora, cada sessão possibilitou rotular mais de mil imagens, tarefa que no sistema manual demoraria dias. Além do ganho em agilidade no processo de rotulagem, Barbedo destaca a confiabilidade do sistema, “que tem mecanismos de correção de possíveis erros, tornando o modelo que é treinado mais confiável”.

    O sistema consegue identificar se o especialista piscou ou está perdendo atenção no processo de visualização das imagens em sequência por meio dos sinais neurais. Nesses casos, o sistema descarta o resultado e reapresenta a imagem posteriormente. O sistema BrainTech gera uma curva indicativa da atenção, pausando o experimento para descanso quando cai para um nível crítico à confiabilidade dos resultados.

    Além disso, o sistema é capaz de detectar o nível de certeza do especialista ao visualizar a imagem, o que é chamado de soft label. A utilização desse parâmetro permite a melhor calibragem do modelo conforme o nível de experiência de cada especialista; por consequência, isso traz maior acurácia na decisão do modelo de IA.

    Aplicações no agro

    A tecnologia abre diversas possibilidades de aplicação no setor agropecuário. Os modelos treinados poderiam ser embarcados em maquinário agrícola, aplicativos de celular e atuar em atividades com carência de mão de obra especializada.

    Sobretudo, a aplicação mais racional de defensivos, com menos custo econômico e menor impacto ambiental, e a produção de alimentos de forma mais limpa e sustentável seriam possíveis com modelos treinados embarcados em maquinários, que identificassem, em tempo real e em parcelas específicas, a necessidade de aplicação de defensivos ao passar nas linhas de produção.

    “Embarcar esse modelo em um aplicativo de celular daria ao produtor agilidade na tomada de decisão quando identificadas doenças e sintomas de patologias, acelerando a adoção das medidas necessárias”, indica Barbedo.

    O pesquisador aponta, ainda, a pertinência do uso da tecnologia na estratégia de rotação das pastagens da pecuária leiteira, área em que faltam especialistas. A escolha dos piquetes mais apropriados para maximizar a produção do leite é feita por técnico experiente em identificar a melhor localização e a quantidade ideal de animais.

    “O sistema poderia simular a atividade desse especialista para fazer uma locação tecnológica. A maioria das propriedades não tem alguém com essa expertise”, conclui.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Nova ferramenta emite alertas de ferrugem asiática para manejo antecipado

    Dezessete cooperativas em municípios do Rio Grande do Sul contam com equipamento que coleta esporos da doença de forma inteligente

    O Rio Grande do Sul registrou 15 casos de ferrugem asiática na safra 2021/22 de soja. Na atual temporada, com dados levantados até esta quarta-feira (15) pelo Consórcio Antiferrugem, foram nove. A depender de uma nova ferramenta, que contabiliza esporos na lavoura e emite alertas para o manejo antecipado, as ocorrências tendem a diminuir.

    Na região de Cruz Alta, noroeste gaúcho, a fazenda do produtor Daniel Elias Weber aposta na cultura há cinco décadas e já sofreu com os impactos da doença. No ciclo 2016/17, por exemplo, as perdas de produtividade foram de 15%.

    Em anos mais chuvosos a incidência [da ferrugem] é maior e o controle é um pouco mais difícil, mas sempre fazemos o manejo preventivo”, declara. Segundo ele, o monitoramento constante é fundamental para avaliar se é preciso aplicar fungicidas a cada 15 dias ou em intervalos menores.

    Nova ferramenta de controle

    A ferrugem asiática é reconhecida como a principal doença da soja, com perdas de 10% a 90% da produtividade, dependendo da severidade. Nesta esfera, a coleta e análise dos esporos torna-se imprescindível na redução de danos.

    No Rio Grande do Sul, um projeto inédito monitora a ferrugem em áreas de 17 cooperativas. Ao todo, são 25 municípios com estações que capturam e fazem a contagem do fungo que, em seguida, são enviados para laboratórios.

    “Semanalmente recebemos de todas as cooperativas as lâminas [contendo esporos] e todas elas possuem uma demarcação já registrada pelo equipamento. Quando chega ao laboratório, com o auxílio do microscópio, fazemos uma varredura nela, em toda área demarcada, contabilizando ou não o número de esporos presentes na lâmina. Com esses dados, ele [o produtor] consegue ter uma dimensão melhor do que fazer ou não na lavoura”, conta a laboratorista de fitopatologia Suelen Hammarstron.

    Previsão de aparecimento da doença

    As cooperativas contam, também, com um aplicativo com mapa que indica os locais em que a ferrugem asiática foi detectada. O pesquisador de fitopatologia, Carlos Pizolotto, informa que  os dados de monitoramento de esporos são combinados com informações de previsões climáticas. “Temos algorítimos dentro do modelo matemático que simulam o ciclo de vida do patógeno. Essa previsão é para os próximos cinco dias”.

    Segundo o engenheiro agrônomo Vagner Ramalho Júnior, os dados são importantes para que se tenha assertividade e previsão da possibilidade de ocorrência da doença. “Assim, conseguimos ser mais certeiros na primeira entrada de aplicação de fungicidas porque os custos de produção aumentaram muito nos últimos anos”.

    A ferrugem asiática foi identificada pela primeira vez em 2001, no Paraná. De acordo com o Consórcio Antiferrugem, ao longo de 20 anos, a doença já causou perdas de R$ 150 bilhões.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • China quer diminuir dependência de soja brasileira, diz gerente da CNA

    Diante desse cenário, é importante que os produtores e exportadores brasileiros diversifiquem a pauta de exportação

    China busca alternativas para reduzir a dependência da soja brasileira e isso pode ter consequências preocupantes para os exportadores brasileiros.

    Segundo a gerente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na Ásia, Camila Chen, os chineses estão investindo em produtos alternativos, como proteínas artificiais criadas em laboratório, que possam substituir o farelo de soja na ração animal.

    Além disso, a China está comprando milho em volumes recordes do Brasil.

    Diante desse cenário, é importante que os produtores e exportadores brasileiros diversifiquem a pauta de exportação e busquem oportunidades em outros setores, como as frutas, por exemplo.

    Camila Chen destaca que o mercado chinês está aberto para todo tipo de alimento, como as frutas, e cita o exemplo bem-sucedido do melão brasileiro, que foi liberado para entrar no mercado chinês em 2019.

    Segundo a gerente da CNA, o mercado chinês é gigante e complexo.

    Ela dá três dicas para os produtores e exportadores brasileiros que desejam investir no país: conhecer o mercado e entender os hábitos de consumo dos chineses, estudar as políticas aplicadas pelo governo chinês que indicam tendências de setores a serem desenvolvidos e ter uma visão de longo prazo.

    Além disso, ela destaca a importância de investir na marca e persistir para obter o retorno esperado.

    Para os empresários e produtores brasileiros que desejam investir na China, Camila recomenda que consultem a CNA no Brasil, que oferece informações e ajuda na China.

    Em resumo, é fundamental que os exportadores brasileiros fiquem atentos às mudanças no mercado chinês e busquem novas oportunidades para garantir a sustentabilidade de seus negócios.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Área cultivada com arroz cai 12% no Rio Grande do Sul

    A área total semeada com arroz no estado foi de 839.972 hectares, uma redução de 12% em relação à safra passada

    A área total semeada com arroz no Rio Grande do Sul foi de 839.972 hectares, uma redução de 12% em relação à safra passada (957.185 ha).

    Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apresentou os dados da semeadura da safra 2022/2023 nesta terça-feira (14), na Abertura Oficial da Colheita de Arroz.

    “O corte foi maior que o estimado na intenção de plantio, que era de 10%”, diz a engenheira agrônoma Flávia Miyuki Tomita, diretora técnica do Irga. “Todas as regionais do Irga diminuíram a área nesta temporada. “A menor redução foi na Zona Sul, com 14,99%”, relata a diretora. Já a soja em terras altas foi prevista em 505 mil hectares no estado, alta de 19% em relação a 2021/22, quando atingiu 426 mil hectares. “A soja está bem estabelecida na rotação como o arroz”, complementa.

    A situação das lavouras gaúchas de arroz, em função da seca que assola o Rio Grande do Sul, também preocupa.

    A afirmação foi feita pelo presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.

    “Grande parte das lavouras está em fase reprodutiva, o que é muito preocupante”, explica Velho, acrescentando que o custo de produção também deve ter atenção total dos rizicultores. “A situação é mais crítica na parte Central e Fronteira Oeste gaúcha”, acrescenta.

    Conforme o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz, Rodrigo Machado, 12 mil hectares plantados com o cereal já foram abandonados na Fronteira Oeste. “Uruguaiana, Maçambará e São Borja são as cidades que têm a pior situação”, enumera. “Na Depressão Central, são mais 2,1 mil hectares abandonados”, frisa.

    De qualquer forma, mesmo com o déficit hídrico atual, ainda é cedo para estimar a produção de arroz da safra 2022/23, segundo Machado. “A colheita é muito incipiente”, pondera. “Qualquer estimativa agora é precipitada”, adverte.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Soja: manejo com bioinsumos auxilia no controle pragas e doenças nas lavouras

    Conforme especialistas, o uso de bioinsumos cresce pelo menos 90% ao ano nos últimos três anos e vai duplicar até 2030 no Brasil

    A utilização de bioinsumos para o controle de pragas e doenças nas lavouras, em especial de soja, cresce pelo menos 90% ao ano nos últimos três anos e deve duplicar até 2030 no Brasil na avaliação de especialistas. Um dos fatores para isso é a demanda mundial por uma agricultura sustentável.

    Flávio Medeiros, professor do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), comenta que, além do interesse do produtor por insumos de origem biológica, o aumento de empresas com produtos de qualidade, volumes necessários para atender a essa demanda crescente, auxiliaram para o incremento da adoção dos bioinsumos nos últimos anos.

    “Os biológicos são uma opção que somada à várias outras medidas – como escolha de cultivares, época de semeaduras, aplicação de fungicida, rotação de culturas – entra como mais uma ferramenta para agregar em relação a manejo de doenças, em relação ao aumento de produtividade das lavouras e produção mais sustentável”, apontou o pesquisador durante o Open Sky Soja realizado em três principais regiões produtora de Mato Grosso, pela Proteplan, empresa mato-grossense de pesquisa agrícola.

    Uso correto de biológicos traz ganho à produtividade

    Resultados de pesquisas agrícolas mostram que o uso correto de biológicos na lavoura podem proporcionar ganho de no mínimo uma saca por hectare de soja. Segundo Medeiros, os bioinsumos garantem mais flores à planta de soja, o que poderá gerar mais vagens, e com isso as plantas tendem a aumentar o potencial produtivo.

    Para garantir a eficiência do uso dessa tecnologia e do bom crescimento da planta da soja é necessário que produtor e equipe conheçam as particularidades da sua lavoura e de sua região. Só depois de informações nas mãos é que se decide qual, como e onde os organismos podem ser introduzidos na cultura.

    manejo integrado e a adoção de ações multidisciplinares são apontados pelo pesquisador como essenciais para a garantia da performance produtiva da planta de soja. Além de saber o momento certo de introduzir os microrganismos, também é importante criar o nicho favorável. Ou seja, o que é preciso fazer para que esse microrganismo tenha sua melhor performance.

    A presença de palhada, a rotação de culturas, a aplicação bem no início do ciclo, com umidade do solo são ferramentas apontadas por Medeiros como itens fundamentais para conciliar com a aplicação do produto biológico para maximizar a eficiência do produto em relação ao alvo que se deseja aplicar e com isso ter uma menor redução de produtividade decorrente das ocorrências de doenças radiculares.

    “Quando se aplica o microrganismo, ele tem ainda um efeito fisiológico na planta. Vimos resultados com relação a maior atividade antioxidante no teço inferior, por exemplo, de folhas. Isso vai reduzir os sintomas de doenças, mas também vai aumentar a retenção foliar, e com isso temos maior fotossíntese, maior enchimento de grãos e maior produtividade. Então há várias métricas que o controle biológico encaixou como uma ferramenta importante para trabalhar o manejo integrado”, explicou.

    Bioinsumos devem ser integrados ao manejo integrado

    Os bioinsumos disponíveis no mercado devem ser, segundo o pesquisador Flávio Medeiros, empregados para o manejo de doenças de plantas dentro de uma proposta de manejo integrado. Para as doenças radiculares tem produtos que são voltados exclusivamente para controle de nematoides, tem produtos específicos para controle de doenças fúngicas, e tem produtos que manejam os dois problemas.

    “Em relação a parte área, temos duas abordagens: uma é para patógenos necrotróficos, pensando na colonização dos restos culturais para evitar a esporulação do fungo e a outra a proteção do tecido foliar combinando com mecanismos diferentes dos fungicidas, ou seja, tendo um maior espectro de ação e através de mecanismo de ação diferentes para ter redução na severidade da doença”, disse o especialista.

    Na palestra realizada em Campo Verde (localizado na região sudeste de Mato Grosso), o professor explicou que os bioinsumos são tecnologias baseadas em bactérias e em fungos. Ambos agem no controle de pragas e insetos transmissores de doenças a partir da introdução de seus inimigos naturais no sistema.

    “Mas eles não devem ser usados isoladamente. São mais uma ferramenta que podem ser otimizadas às práticas de manejo integrado, que inclui o uso em conjunto com os produtos químicos. Quanto mais diversificado o sistema de produção, mais diversificado é o conjunto de microrganismos”, destacou.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/