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  • Futuro do arroz aponta para a diversificação, diz Federarroz

    Tema da 33ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz, que ocorre de 14 a 16 de fevereiro de 2023, foi lançado na 45ª Expointer

    Alternar culturas e consolidar as multisafras nas propriedades de arroz, esse é o caminho apontado para o setor, que vê a área plantada e as intenções de semeadura diminuírem a cada ano.

    Além de enriquecer o solo e facilitar o manejo, a diversificação de culturas também proporciona mais rentabilidade ao produtor, que há anos sofre com os baixos preços pagos pelo produto e o custo elevado dos insumos – situação que vem se agravando nos últimos dois anos.

    É sobre esse tema que deve tratar a 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que ocorre de 14 a 16 de fevereiro de 2023, na sede da Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS).

    O lançamento oficial aconteceu nesta segunda-feira (29), na 45ª Expointer. A promoção é da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

    Ao longo de três dias de evento, o tema será tratado por pesquisadores, representantes setoriais, produtores e indústria, que irão compartilhar conhecimento sobre o setor que gera mais de 20 mil empregos diretos em 205 municípios gaúchos.

    A expectativa da Federarroz é que esta seja a maior já realizada, com a participação esperada de 10 mil pessoas.

    “O produtor de arroz agora é um produtor de grãos, que também faz integração com pecuária. É dessa diversidade que virá o resultado econômico. Por isso, as propriedades têm que se adaptar”, afirma o presidente da Federraroz, Alexandre Velho.

    A expectativa do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) é que haja uma redução de 10% de intenção de semeadura de arroz para a próxima safra.

    Por outro lado, o aumento na intenção de semeadura de soja é de 19,7%. A área de soja plantada em terras baixas deve chegar aos 500 mil hectares, o que comprova a inserção do arroz nos sistemas de produção múltipla de grãos. As pesquisas apontam para possibilidades de integração do arroz com outras culturas como milho e trigo.

    “O objetivo é buscar soluções para a monocultura, diminuindo a dependência dos produtores de arroz”, destaca Velho.

    Para o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Domingos Velho Lopes, a 33ª Colheita representa o conceito de “multiprodutor”, já que não se trata mais somente de arroz, mas de culturas diversas como soja, milho, pasto e floresta. “Com isso, somos exemplo de agricultura sustentável no mundo”, salientou Lopes.

    Estreante como um dos correalizadores da Colheita, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) comemora a possibilidade de se aproximar de mais uma cadeia produtiva relevante para a economia rural do Estado. “Queremos nos somar à inteligência que é produzida pelas entidades setoriais e também pelos órgãos de pesquisa, como Embrapa e Emater, para que o evento seja maior e mais relevante”, comenta o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Pesquisadores desenvolvem capim que permite prolongar o pastejo

    A descoberta é importante pois o capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul

    Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma nova cultivar de capim azevém (Lolium multiflorum Lam.) com produtividade de folhas até 20% maior em comparação às tradicionais da mesma espécie.

    Trata-se de um avanço importante uma vez que esse capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul. Em produtividade de forragem, o material recém-desenvolvido gerou 2% mais do que as cultivares BRS Ponteio e a Fepagro, dois importantes materiais de azevém que estão no mercado. Chamada de BRS Estações, a nova cultivar ficou entre as mais produtivas em experimentos realizados no Paraná.

    Com lançamento agendado para 1º de setembro a BRS Estações apresenta ciclo produtivo longo, persistindo até novembro, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Andréa Mittelmann.

    “O capim permite prolongar o pastejo, contribuindo para o enfrentamento do vazio forrageiro de primavera”, destaca a pesquisadora.

    “Por ser proveniente de populações adaptadas à Região Sul do Brasil, a planta tem boa adaptação e sanidade, além de possuir alta produtividade de forragem, com excelente qualidade, devido ao florescimento tardio e à excelente relação folha/colmo”, relata a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado Fernanda Bortolini.

    A pesquisadora realça ainda a produtividade das sementes, por ter espigas densas e capacidade de ressemeadura natural. O analista da Embrapa Sérgio Bender diz que o capim se destaca, principalmente, pela boa produtividade das folhas, o que dá mais qualidade ao pastejo.

    Essa é a terceira cultivar de capim azevém desenvolvida pela Embrapa. A primeira, BRS Ponteio, ocorreu há uma década e foi considerada um sucesso pelo setor, com uma produtividade 7% maior que as concorrentes, na época. A segunda, BRS Integração, lançada em 2017, possui um ciclo mais curto (20 dias a menos), produzindo 5% a mais que a BRS Ponteio e se adapta bem aos sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILP).

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Brasil será autossuficiente em trigo em até 5 anos, diz presidente da Embrapa

    Depois que o Brasil adaptou a produção do trigo ao solo do Cerrado, o país passou a contar com a possibilidade da autossuficiência

    O Brasil vai ser tornar autossuficiente na produção de trigo em até 5 anos.

    A previsão é do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Luiz Moretti.

    “Esse ano nós temos uma demanda estimada de 13 milhões de toneladas, mas o Brasil já vai produzir 9 milhões de toneladas. Ou seja, nós acreditamos que com essa velocidade, com esse crescimento que estamos vendo nos últimos anos é possível que em 5 anos o Brasil seja autossuficiente na produção de trigo”, previu.

    Segundo o presidente da Embrapa, depois que o Brasil adaptou a produção do trigo ao solo do Cerrado, o país passou a contar com a possibilidade da autossuficiência.

    Tradicionalmente, o trigo é produzido em regiões mais frias, como no sul do Brasil, na Argentina, Canadá, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.

    O grão é uma das poucas commodities que o Brasil importa.

    “Há mais de 40 anos nós começamos a trabalhar com o melhoramento genético do trigo para fazer adaptação. E a partir de 2010, quando começamos a trazer o trigo ao Cerrado, começamos a desenvolver variedades adaptáveis. E isso tem crescido de forma bastante interessante, e que até impressiona as pessoas no mundo, que conhecem o trigo produzido em regiões frias. E a Embrapa mostrou que é possível produzir e colher trigo nos trópicos”, explicou.

    A produção mundial de trigo gira em torno 779 milhões de toneladas. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia — que respondem por 30% dessa produção — os preços aumentaram, e com o aumento da produção interna, o Brasil pode ter capacidade melhorada de importação e consumo interno.

    Embrapa premiada

    Especializada em desenvolver tecnologias que aumentem a produtividade, melhorem a qualidade e garantam a sustentabilidade da agricultura e pecuária, a empresa teve a pesquisadora Soja Mariangela Hungria incluída no ranking dos 100 principais cientistas em fitotecnia e agronomia do mundo.

    Hungria é a única cientista da América do Sul na lista. O ranking foi publicado pelo research.com, site com contribuições mundiais da ciência.

    O presidente da Embrapa lembrou que a pesquisa que levou Mariangela Hungria a fazer parte da lista, a fixação biológica de nitrogênio, foi desenvolvida pela empresa.

    “Foi uma tecnologia que começamos a trabalhar na década de 1990. É uma bactéria que é colocada junto com as sementes no solo, e como a maior parte do ar que nos circunda é nitrogênio, a bactéria captura o nitrogênio e entrega para a planta da soja. E isso reduz a necessidade do uso de adubo químico. Além de o produtor brasileiro economizar recursos, nos contribuímos para a redução de gases do efeito estufa”, disse.

    De acordo com Moretti, o Brasil vem se preparando com a ajuda da Embrapa para produzir com mais sustentabilidade, para ter uma agricultura digital, a partir do uso de drones, sensores, internet das coisas, inteligência artificial, e, por fim, a chamada biorevolução, que avança no uso da edição genômica das plantas e animais para ter produção mais produtiva, resistente e adaptada às mudanças climáticas.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Com demanda aquecida, produtores apostam na canola

    Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Canola, a área com a cultura avançou 45% no Rio Grande do Sul nesta safra

    Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola) a área com a cultura avançou 45% no Rio Grande do Sul nesta safra.

    Com preço bom, alta demanda e ótima opção na rotação de culturas, a canola pode expandir para regiões que não apostavam no cultivo.

    Essa é a época de floração da canola, período que dura uns 70 dias e dá um espetáculo na lavoura.

    Dessa maneira, a cultura ganha cada vez mais espaço, especialmente na rotação de culturas.

    “Pensando em aumentar a produtividade, e no sistema de produção como um todo, inserir culturas de inverno é vantajoso”, diz o engenheiro agrônomo Lucas Marin.

    Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área com canola cresceu 30% nesta safra no Rio Grande do Sul, passando de 38 mil hectares na safra passada para quase 50 mil hectares em 2022.

    Por outro lado, a produção é estimada em 70 mil toneladas.

    No Brasil, apenas Paraná e Rio Grande do Sul plantam canola e os produtores gaúchos estão motivados pelas oportunidades e incentivo à produção.

    Canola

    Associação Brasileira dos Produtores de Canola diz que a área é bem maior. Ela pode chegar a 70 mil hectares, alta de 45%, em relação a safra passada.

    O que motiva a expansão é uma combinação de fatores como o novo zoneamento climático da cultura (Zarc), que abriu mais possibilidades de áreas. Além disso, há o baixo custo de implantação da lavoura e preços semelhantes ao da soja, uma boa forma de rentabilizar o produtor que sofreu com a estiagem.

    “Os produtores que entram nos projetos integrados, que compram as sementes de empresas que fomentam, eles já têm a garantia de compra e essas garantias hoje estão atreladas ao preço da soja”, afirma Vantuir Scarantti, presidente da Abrascanola.

    Da canola saem produtos como óleo comestível, biodiesel e até ração animal.

    Hoje as industrias estão localizadas no noroeste gaúcho, região que detém a maior área, mas a perspectiva com a expansão da cultura é alavancar todo o setor.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Resposta imunológica de novilhas Nelore é maior em sistemas ILPF

    Aumento de linfócitos após inoculação de antígeno foi maior nas novilhas que estavam em sistemas silvipastoris

    A resposta imunológica de novilhas Nelore em integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) a um antígeno foi maior do que a resposta de animais em pastagem solteira. O resultado obtido em pesquisa realizada na Embrapa Agrossilvipastoril (MT) ajuda a entender a dinâmica de verminoses no rebanho em diferentes sistemas produtivos. Além disso, pode ser extrapolado para outras doenças e parasitoses.

    O trabalho, feito em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte), fecha um ciclo de pesquisas sobre a sanidade animal relacionada aos nematoides. Além disso, abre novas perspectivas sobre o manejo do rebanho nas propriedades rurais.

    “A fazenda pode ter módulos diferentes, para categorias de animais. Se não for de interesse arborizar a fazenda toda, que tenha uma área com árvores onde  pode-se deixar os animais mais jovens”, afirma o pesquisador Luciano Lopes, da Embrapa.

    Resultados anteriores obtidos no mesmo experimento já demonstraram que novilhas Nelore em sistemas ILPF ganham mais peso e possuem maior precocidade sexual. “Na parte reprodutiva, vimos que há diferença entre os sistemas. Então é um ganho triplo. O ganho de peso por si só, o ganho de peso influenciando a precocidade sexual e, paralelamente, a melhor resposta imunológica. Para as novilhas, principalmente, seria bem interessante usar sistema ILPF”, avalia o pesquisador.

    Benefícios de novilhas em ILPF

    Uma série de pesquisas comprovou vantagens importantes na criação de novilhas em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta:

    • Maior ganho de peso
    • Maior precocidade sexual
    • Melhor resposta imunológica

    O estudo mostrou que embora haja mais larvas de nematoides na fase de vida livre nos sistemas silvipastoris, as novilhas nesses locais apresentaram menor infestação de parasitos. Além disso, foi constatado que, quando se avalia a ocorrência de verminoses ao longo do ano, a alta ou baixa na incidência ocorre sem diferença significativa provocada pelo sistema produtivo. Dessa forma, animais criados em pasto a pleno sol ou em sistemas sombreados com árvores não precisam receber protocolos diferentes de vermifugação.

    Caminho da pesquisa

    O resultado obtido sobre a resposta imune do gado foi a última etapa de um trabalho que teve início analisando a ocorrência de nematoides (vermes) em pasto solteiro e em integração pecuária-floresta. A primeira constatação foi que a melhoria do microclima causada pela sombra das árvores favorecia a ocorrência de larvas de nematoides em fase de vida livre na pastagem.

    Porém, ao contrário do esperado, as novilhas que pastejavam em sistemas sombreados apresentaram menor contaminação do que aquelas que estavam em pastagem com menor carga de parasitas. Essa comprovação foi feita por meio da contagem de ovos dos nematoides presentes nas fezes dos animais.

    De acordo com Lopes, duas hipóteses foram cogitadas para explicação. A primeira era que a sombra também favorecia a ocorrência de coleópteros, como o besouro rola-bosta, que predam as larvas nas fezes depositadas no chão, impedindo a contaminação de um hospedeiro. A segunda está relacionada à resposta imune dos animais. A primeira hipótese foi refutada em pesquisas feitas no mesmo experimento da Embrapa Agrossilvipastoril, no qual não foi encontrada diferença na ocorrência de coleópteros nos sistemas.

    “Como as pastagens foram bem manejadas, tivemos maior carga de suporte de bovinos no pasto solteiro e maior quantidade de fezes. Isso favoreceu a ocorrência de coleópteros nesses locais. Além disso, a própria pastagem bem manejada já faz uma proteção, gerando melhor ambiência para os insetos. Assim, vimos que a abundância de comida tem maior impacto que a questão ambiental na população de coleópteros”, explica o pesquisador.

    Para avaliar a hipótese da resposta imune, parte das novilhas em três tratamentos diferentes (pasto solteiro, IPF com linhas simples de eucalipto e IPF com linhas triplas de eucalipto) foi desafiada por meio de uma vacina contra carrapatos. O objetivo era verificar a resposta imunológica aos antígenos entre os grupos de animais em diferentes sistemas e compará-los com as novilhas que não receberam o imunizante.

    Por meio de exame de sangue, verificou-se que a vacina teve efeito na proliferação de células de defesa e que as novilhas, nos dois sistemas com árvores, tiveram uma resposta celular mais eficaz, com maior proliferação de linfócitos, do que aquelas em pastagem sem sombra.

    “Linfócitos são células de defesa que produzirão anticorpos específicos para combater o antígeno. No caso de parasitose, a resposta celular é mais importante. Por isso, a gente olhou a proliferação dos linfócitos após a inoculação do antígeno por meio da vacina”, conta Lopes.

    De acordo com o pesquisador, a melhor resposta imune é o que explica a menor infestação de parasitos nas novilhas que pastejam no sistema silvipastoril.

    Verminoses

    As verminoses são responsáveis por grandes perdas na pecuária de corte, seja pela perda de peso ou pelo atraso no período reprodutivo. Dessa forma, o entendimento do ciclo dos parasitos em diferentes sistemas e das estratégias de controle são importantes informações para auxiliar o pecuarista.

    Nas pesquisas realizadas na Embrapa Agrossilvipastoril, observou-se que os bovinos estão mais vulneráveis às parasitoses do 6º ao 18º mês de vida. Após os 18 meses, o sistema imunológico já está mais bem desenvolvido e o animal, embora apresente o parasita, sofre danos menores.

    Outra comprovação foi a de que há variância ao longo do ano na carga parasitária dos animais, com maior incidência nos meses de fevereiro e março, fase final do período chuvoso, e em setembro, no fim da seca. Tal variação foi observada com o mesmo comportamento em todos os sistemas produtivos. Essa constatação reforça a recomendação de se fazer o controle estratégico, com vermifugação somente nos meses 5, 7 e 9, e não em todas as operações de manejo do rebanho no curral.

    “O pecuarista deve manter o controle estratégico, pois este é eficiente para manter o rebanho protegido. Assim ele evita vermifugações desnecessárias, reduz custos e atraso no processo de criação de resistência dos vermes ao princípio ativo usado no combate”, recomenda Lopes.

    Pela estratégia de controle, as vermifugações dos meses 5 e 7 ajudam a reduzir a parasitose, cujo pico se dá no fim das águas. Já a do mês 9 tem a função de diminuir a carga para o início das águas, fazendo com que a população do nematoide vá sendo reduzida ao longo do tempo.

    Publicação científica

    O resultado desta pesquisa está no artigo “Influence of silvopastoral systems on gastrointestinal nematode infection and immune response of Nellore heifers under tropical conditions” (Influência dos sistemas silvipastoris na infecção de nematoides gastrointestinais e resposta imune de novilhas Nelore em condições tropicais). O trabalho acaba de ser publicado pela revista Veterinary Parasitology.

    Além de Luciano Lopes (Embrapa Agrossilvipastoril), assinam a publicação Sheila Kamchen (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT), Fagner Gomes (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq-USP), Ulisses Natividade (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Luisa Magalhães (UFMG), Angelita Pimenta (UFMG) e Ricardo Araujo (UFMG).

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Pesquisadores desenvolvem cultivar mais produtiva de capim azevém

    A produtividade de folhas da nova cultivar é até 20% maior em comparação às tradicionais da mesma espécie

    Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma nova cultivar de azevém (Lolium multiflorum Lam.) com produtividade de folhas até 20% maior em comparação às tradicionais da mesma espécie. Trata-se de um avanço importante uma vez que esse capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul. Em produtividade de forragem, o material recém-desenvolvido gerou 2% mais do que as cultivares BRS Ponteio e a Fepagro, dois importantes materiais de azevém que estão no mercado. Chamada de BRS Estações, a nova cultivar ficou entre as mais produtivas em experimentos realizados no Paraná (veja tabela 1 abaixo).

    Com lançamento agendado para 1º de setembro (quadro abaixo), a BRS Estações apresenta ciclo produtivo longo, persistindo até novembro, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Andréa Mittelmann. “Isso permite prolongar o pastejo, contribuindo para o enfrentamento do vazio forrageiro de primavera”, destaca a pesquisadora ao detalhar que a cultivar apresenta altura média a baixa, com folhas largas e longas e uma inflorescência densa, com alto número de espiguetas por espiga.

    Lançamento na Expointer

    A BRS Estações, nova cultivar de azevém da Embrapa, será lançada em 1º de setembro, durante a Expointer, no Parque de Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS).

    A cultivar foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento de Azevém da Embrapa, que integra as Unidades Embrapa Clima Temperado e Embrapa Gado de Leite, com participação das Unidades Embrapa Pecuária Sul e Embrapa Trigo. O desenvolvimento ocorreu no âmbito do convênio da Embrapa com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e com a Associação Sul-Brasileira para o Fomento e Pesquisa de Forrageiras (Sulpasto).

    “Por ser proveniente de populações adaptadas à Região Sul do Brasil, a planta tem boa adaptação e sanidade, além de possuir alta produtividade de forragem, com excelente qualidade, devido ao florescimento tardio e à excelente relação folha/colmo”, relata a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado Fernanda Bortolini. A pesquisadora realça a produtividade das sementes, por ter espigas densas e capacidade de ressemeadura natural. O analista da Embrapa Sérgio Bender diz que a nova cultivar se destaca, principalmente, pela boa produtividade das folhas, o que dá mais qualidade ao pastejo (veja tabela 2).

    Essa é a terceira cultivar de azevém desenvolvida pela Embrapa. A primeira, BRS Ponteio, ocorreu há uma década e foi considerada um sucesso pelo setor, com uma produtividade 7% maior que as concorrentes, na época. A segunda, BRS Integração, lançada em 2017, possui um ciclo mais curto (20 dias a menos), produzindo 5% a mais que a BRS Ponteio e se adapta bem aos sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILP).

    As plantas são consideradas aptas ao pastejo quando atingem 18 centímetros de altura, segundo informa Carlos Eduardo da Silva Cardoso, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que especificou os protocolos de manejo (veja quadro no fim da matéria). Para que ocorra o máximo acúmulo de folhas vivas, o intervalo entre cortes deve corresponder ao tempo necessário para a expansão completa de duas novas folhas: em torno de 30 dias ou 300 graus-dia (cálculo da soma térmica em graus-dia “GD” realizada a partir da temperatura média do ar subtraída da temperatura base) durante o período vegetativo e em torno de 20 dias ou 230 graus-dia durante o período reprodutivo. “Para que haja alta colheita de folhas vivas, a cada pastejo as plantas devem ser rebaixadas até atingirem a metade da altura inicial”, recomenda o professor (veja tabela 3). O aparecimento das flores ocorre em meados de outubro, com a produção suficiente de sementes para que haja ressemeadura natural, formando-se nova pastagem de azevém na mesma área no ano seguinte.

    Forrageira de inverno

    O azevém é uma espécie forrageira de grande importância para a Região Sul do Brasil e, desde que irrigada, pode ser cultivada também em algumas localidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

    Uma das principais forrageiras de inverno cultivadas no Brasil, essa gramínea resiste bem a baixas temperaturas. Importante banco de proteínas para o gado no período de entressafra, a suplementação com apenas duas horas de pastagem em um campo cultivado com azevém é capaz de garantir a produção diária de cerca de dez litros de leite por vaca, reduzindo a necessidade de concentrado e, consequentemente, os custos de produção.

    A gramínea se adapta bem às condições climáticas do Centro-Sul brasileiro, onde, durante o inverno, as temperaturas são amenas. Um limitante, porém, é a necessidade de água. Ela exige o uso contínuo de irrigação. Por ser uma cultura anual, própria para o outono/inverno, o azevém não compete com outras culturas. A gramínea pode ser plantada nas mesmas áreas utilizadas para o cultivo do milho ou do arroz. O plantio ocorre em meados de março e final de abril, quando as áreas das culturas de verão já se encontram desocupadas.

    A forrageira possui sementes pequenas, do tamanho de um grão de arroz, e pode ser semeada em linhas ou a lanço. Pode-se, ainda, semear com o solo preparado de modo convencional ou sobressemeado em áreas de campo nativo ou pastagens cultivadas de verão.

    Como adquirir sementes

    Os produtores interessados poderão obter as sementes da cultivar BRS Estações a partir da próxima safra (2022/2022). Os licenciados em comercializar o produto estão vinculados à Sulpasto. Na página da Embrapa é possível acessar o contato dos sementeiros da BRS Estações. Ou então, o produto pode ser adquirido diretamente por meio dos contatos:

    Andreola & cia ltda

    Rua Henrique Scarpellini, 2077 – área industrial

    CEP 98270-000

    Pejuçara RS

    telefone: (55) 3377-1363

    e-mail: [email protected]

    Manejo recomendado

    As recomendações de manejo da BRS Estações foram desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O professor do Departamento de Fitotecnia da UFPel Carlos Eduardo da Silva Pedroso elenca os seguintes cuidados de manejo no cultivo:

    – Densidade de semeadura: 20 quilos por hectare (kg/ha) de sementes puras viáveis na semeadura em linhas e 25 kg na semeadura a lanço;

    – Correção do solo: solo corrigido quanto à acidez e fertilidade, conforme as recomendações da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo;

    – Adubação nitrogenada: 20 a 30 kg de nitrogênio (N)/ha na base e 150 kg/ha em cobertura, parcelados ao longo do ciclo, sendo a primeira dose no momento em que as plantas estiverem com três a quatro folhas.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Adoção de boas práticas pode aumentar produção de trigo em 1,5 milhão de toneladas no Brasil

    O método permitiu a identificação de locais onde o rendimento das lavouras de trigo está abaixo do potencial

    A colheita de trigo nas principais regiões produtoras do Brasil tem o potencial de crescer em mais de 1,5 milhão de toneladas, sem adição de áreas de plantio ou desenvolvimento de novas tecnologias. Um método inovador desenvolvido pela Embrapa (ver quadro abaixo) identificou locais em que o rendimento das lavouras está abaixo do potencial e poderia melhorar com a adoção de recursos já disponíveis. Ainda listou as principais causas das diferenças de produtividade entre os locais analisados.

    O trabalho abrangeu 457 municípios de 79 microrregiões nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, além do Distrito Federal. O estudo foi feito em conjunto com 29 cooperativas que atuam na produção de trigo, com o objetivo de guiar ações, principalmente de transferência de tecnologias, para incrementar a produção.

    Os resultados estão no documento “Lacunas de rendimento de grãos de trigo em áreas de atuação de cooperativas no Brasil”, disponível na área de publicações do Portal Embrapa. Na microrregião de Cascavel (PR), por exemplo, o aumento de produtividade poderia adicionar mais de 100 mil toneladas à colheita. Em Cruz Alta e Santo Ângelo (RS), melhorar o rendimento também faria as safras crescerem em mais de 90 mil toneladas.

    Mapa da Região Homogênea de Adaptação de Cultivares de Trigo 2 – Moderadamente quente e úmida.

    Os círculos representam, para cada microrregião, a quantidade produzida de trigo (parcela laranja) e a quantidade adicional (parcela azul) que poderia ter sido colhida se fossem superadas as lacunas de rendimento. Quanto maior o círculo, maior o volume total de produção que poderia ter sido alcançado.

    Esses números correspondem às chamadas lacunas de rendimento – ou folgas de produtividade. Elas são calculadas a partir da diferença entre a produtividade potencial, ou seja, o melhor resultado que se poderia obter, e o que foi efetivamente alcançado. Em conjunto com as cooperativas, a equipe da Embrapa levantou as principais causas dessas lacunas.

    Os resultados obtidos foram enviados às cooperativas participantes, acompanhados por um questionário. “Perguntamos quais seriam as causas daquelas diferenças encontradas e que ações poderiam ser encaminhadas para sanar essas lacunas”,conta o analista da Embrapa Trigo Adão Acosta.

    O desafio da adoção de boas práticas

    Entre as causas das lacunas, relatadas pelos entrevistados, estava o desafio na adoção de boas práticas relacionadas à promoção e à proteção do rendimento e ao manejo do solo. Elas reúnem ações como a mitigação de riscos climáticos, o manejo fitossanitário, rotação de culturas, fertilidade do solo e muitas outras. Segundo o gerente de Pesquisa da Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL), Geomar Mateus Corassa, a adoção dessas práticas pode fazer parte das estratégias das cooperativas para reduzir as lacunas.

    Para ele, um dos desafios a ser superado é o uso de um manejo único, sem considerar o sistema produtivo na propriedade. “Um exemplo está na escolha da cultivar de trigo. Um material é mais suscetível a uma doença e outro é mais tolerante. Enquanto algumas cultivares têm maior potencial de rendimento e exigem mais adubação, outras dependem de menor investimento para atingir o resultado máximo. O que ocorre hoje é que parte dos produtores costuma adotar um pacote de manejo padrão, com abordagem idêntica para cultivares diferentes, o que reduz a eficiência produtiva,” relata Corassa, que também participou do estudo.

    Por isso, o gerente destaca que é preciso observar as peculiaridades e fragilidades específicas de cada cultivar ou, ainda, para cada talhão na lavoura, fazendo um ajuste fino para depois definir o manejo mais adequado na área. “O acompanhamento da assistência técnica da cooperativa é fundamental para identificar o melhor manejo em cada parte da lavoura. Hoje o setor produtivo conta com muitas tecnologias e conhecimentos da pesquisa que precisam ser aplicados no campo para chegarmos a uma produtividade mais estável na triticultura brasileira”, afirma Corassa.

    O gerente ressalta, porém, que mesmo que o setor produtivo seja mais eficiente, preenchendo as lacunas identificadas no estudo, o que realmente define o aumento na área de trigo no País é a liquidez do mercado: “Não podemos focar apenas no aumento do rendimento, mas também na comercialização dos grãos e na rentabilidade do produtor. Por isso, a importância de a pesquisa trabalhar em conjunto com o setor produtivo, formando as bases que podem impactar toda a cadeia”, defende.

    O estudo contou com o apoio da Biotrigo Genética, COAMO, Fecoagro/RS, Sistema Ocepar e RTC.

    Método inovador indica metas alcançáveis

    Descobrir qual poderia ser a maior produtividade alcançada por uma lavoura em determinada área é o primeiro passo para estabelecer um patamar a atingir e estimar as lacunas de rendimento. Mas como se define essa produtividade potencial? Boa parte dos estudos sobre o tema utiliza modelos matemáticos que simulam o rendimento a partir de uma série de dados sobre o local e a cultura ou resultados de experimentos.

    Os pesquisadores da Embrapa Fernando Garagorry, da Superintendência de Estratégia, e Milena Yumi Ramos, da Gerência-Geral de Inteligência e Planejamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), desenvolveram um método inovador que utiliza dados de produção no campo. “As estimativas são baseadas no que já foi observado: são potenciais alcançáveis, resultados que já ocorreram em condições semelhantes”, ressalta Ramos.

    No caso do estudo com o trigo, foi analisada a série histórica de dados de produtividade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 a 2018, e comparadas microrregiões dentro da mesma Região Homogênea de Adaptação de Cultivares de Trigo (RHACT) (veja mapa abaixo). São quatro RHACTs no Brasil, que delimitam áreas com condições semelhantes de temperatura, chuva e altitude, fatores que condicionam o rendimento da triticultura.

    Limites originais das Regiões Homogêneas de Adaptação de Cultivares de Trigo, de acordo com Informações Técnicas para Trigo e Triticale – Safra 2019 (12ª Reunião RCBPTT)

    Em cada RHACT, a equipe da Embrapa identificou, a partir dos dados do IBGE, a microrregião com maior produtividade alcançada em um determinado ano, por meio das médias registradas em cada município. Esse valor foi estabelecido como produtividade potencial e utilizado para calcular as lacunas de rendimento nas demais.

    Por meio desse método observou-se, por exemplo, que, na região de clima frio e úmido do Rio Grande do Sul, agricultores da microrregião de Vacaria (RS) colheram, em média, 3,2 mil quilos de trigo por hectare (kg/ha). Em outras áreas de condições semelhantes, o rendimento foi de até 1.575 quilos menor.

    Identificar as diferenças de produtividade no território nacional foi o que motivou os pesquisadores da Embrapa a se debruçarem sobre o tema. Na média brasileira, o rendimento das colheitas, especialmente de grãos, alimenta gráficos com linhas crescentes. Mas, em um território tão extenso e diverso, era de se supor que houvesse diferenças significativas entre as localidades. “A intenção do nosso trabalho é diferenciar regiões no território, o que é importante para planejar ações de transferência de tecnologias, políticas públicas e outras formas de atuação”, pontua Milena Ramos.

    A equipe buscava um método que pudesse ser aplicado a diferentes culturas e à diversidade de condições encontradas no Brasil. Não haveria dados suficientes para alimentar modelos de simulação para essa diversidade de fatores. Foi, então, que decidiu recorrer às estatísticas geradas anualmente pelo IBGE. “As estatísticas oficiais são o que a gente tem de sistemático, com qualidade nos dados, algum nível de desagregação, e abrangência de muitos produtos”, explica a pesquisadora.

    Além de poder ser aplicado a diferentes culturas e locais e indicar produtividades potenciais mais próximas da realidade, outra vantagem desse método é que ele pode ser aplicado ano a ano. Quando se trabalha com modelos de simulação ou condições experimentais, a produtividade potencial permanece estática até que se refaça a simulação ou o experimento. Por utilizar dados estatísticos, os parâmetros podem ser revistos com mais agilidade.

    “É um método adaptativo, que leva em conta as observações ao longo do tempo. Se houve disseminação de tecnologias que aumentaram a produtividade naquele local, por exemplo, o potencial acompanha isso, não fica estático”, observa Ramos. A equipe já realizou trabalho semelhante ao do trigo para outros grãos e pretende atuar também sobre outras culturas.

    Justamente pela característica adaptativa, que permite a atualização periódica, o analista André Rodrigo Farias, da Embrapa Territorial (SP), acredita que esse é um método científico que pode ser adotado no contexto operacional e de planejamento das ações das cooperativas. “Por exemplo, uma cooperativa que atue em diversas regiões e reúna milhares de produtores rurais pode adaptar a ideia de lacunas de rendimento para realizar o monitoramento dos resultados de seus cooperados. Com isso, consegue identificar aqueles locais onde os rendimentos estão baixos em termos comparativos e, com isso, propor ações para melhorá-los, o que, entre outras coisas, tende a elevar o rendimento da cultura e a remuneração ao agricultor”, detalha.

     Onde está e para onde vai o trigo
    A abordagem territorial tem sido utilizada pela Embrapa para levantar as possibilidades de crescimento da produção brasileira de trigo, tendo em vista que, nos últimos anos, quase a  metade da quantidade que o País consome tem sido importada. Ainda em 2015, um estudo projetou cenários de crescimento das plantações nas quatro regiões homogêneas da cultura, analisando principalmente a participação do trigo em relação à área de soja e milho da safra de verão e a otimização de locais que historicamente haviam sido ocupados pela triticultura.

    Entre os resultados alcançados, o estudo apontou que o Brasil teria autossuficiência caso o trigo ocupasse 30% da área de verão cultivada com soja e milho nas regiões homogêneas, ainda que mantidos os rendimentos da cultura à época, ou seja, sem considerar possíveis aumentos de produtividade pela adoção de inovações tecnológicas.

    Um segundo trabalho, dois anos depois, avaliou como a triticultura se expandiu, ou se retraiu, nas diferentes áreas do território nacional, ao longo de 25 anos. Esse estudo da dinâmica espaço-temporal comparou as áreas de trigo entre 1990 e 2014 e demonstrou que o crescimento da cultura nas regiões tradicionais de produção se concentrou principalmente no noroeste do Rio Grande do Sul, centro-sul do estado do Paraná, além de expansões mais recentes, como o entorno de Brasília, leste de Goiás e o sul de Minas Gerais. Em contrapartida, em outras regiões, como o estado do Mato Grosso do Sul e o noroeste do Paraná, o trigo perdeu participação, sobretudo pelo crescimento da adoção do milho segunda safra nos sistemas de produção.

    A estimativa das lacunas de produtividade foi um terceiro esforço para compreender as diferenças que existem na produção do trigo conforme a localidade, mesmo em regiões com produção consolidada e condições ambientais semelhantes. “Nos dois primeiros estudos, nosso foco estava nas possibilidades de expansão da área ocupada com trigo em diversas regiões do Brasil. Na análise das lacunas de rendimento, as atenções estão voltadas para a produção e suas oportunidades de crescimento, sem necessariamente expandir a área cultivada”, comenta André Farias, da Embrapa Territorial.

    Para tornar possível o direcionamento do estudo das lacunas para a área de atuação das cooperativas, a equipe da Embrapa Territorial precisou adaptar os limites das regiões homogêneas. “O estudo precisava contemplar as características regionais da produção do trigo e a disponibilidade de dados oficiais, mas os limites das RHACTs não coincidem exatamente com a divisão político-administrativa das microrregiões. Tínhamos ainda esse terceiro fator: a área de atuação das cooperativas. Fizemos, então, a compatibilização do perímetro das RHACTs ao contexto das microrregiões”, explica Farias. Além dessa adaptação, cada cooperativa recebeu dados sobre sua região específica de atuação, para avaliar as causas da existência das lacunas e as possíveis medidas a serem adotadas para reduzi-las.

    Na avaliação do analista da Embrapa, a indicação das lacunas de produtividade nas principais regiões tritícolas completa um conjunto de informações sobre as mudanças e potenciais do cultivo do trigo no território nacional. “O incremento na produção tritícola que se espera pode vir de uma combinação de estratégias, que podem incluir a expansão das áreas de cultivo e a superação das lacunas de rendimentos. Os estudos que realizamos têm como objetivo subsidiar o desenvolvimento de ações e a aplicação de recursos para esse fim”, complementa.

    Novas pesquisas com inteligência territorial aplicadas à cultura do trigo estão sendo realizadas na Embrapa, focadas principalmente na expansão da produção na região tropical do Brasil Central, que compreende áreas dos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia.

    “Nesse trabalho, o objetivo é prospectar e categorizar municípios e regiões propícias à expansão do trigo tropical, envolvendo não apenas os critérios da produção no campo, mas também a integração com a indústria, a partir de dados como a localização e capacidade de moagem e infraestrutura logística disponível”, destaca Farias. O estudo, iniciado em julho, será desenvolvido durante os próximos dois anos.

    Fonte: https://www.agrolink.com.br/

  • Safrinha de milho leva agronegócio a recorde

    Segunda safra do cereal deve atingir 87,4 milhões de toneladas nesta temporada, 44% a mais que a anterior

    O Brasil vai bater mais um recorde no agronegócio neste ano, com a maior safra de grãos da história. Para isso, teve ajuda considerável da chamada “safrinha” de milho. Antes considerada uma espécie de “xepa”, apenas para manter o solo coberto, a safrinha ganhou importância à medida que a produção se sofisticou e agregou tecnologia.

    Espremida entre a colheita do verão e a entressafra do inverno, a safrinha deve atingir 87,4 milhões de toneladas, 44% a mais que a anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa será a maior colheita da série histórica da safrinha que, há vários anos, se transformou em um “safrão”, superando em área e volume de produção a safra de milho no verão.

    Analistas apontam que a virada da “xepa” abre perspectivas para o Brasil dobrar a produção de milho nos próximos anos e se aproximar dos líderes mundiais Estados Unidos e China. Além de ter campo para aumentar a produção do grão, que é a base da produção brasileira de proteína animal, o país passou a usar milho para fazer etanol.

    O Brasil vai produzir este ano 114,7 milhões de toneladas de milho, alta de 31,7% em relação à safra anterior. Com isso, vai ajudar a compor outra safra recorde de grãos, com 271,4 milhões de toneladas, acréscimo de 6,2%, ou 15,9 milhões de toneladas ante a colheita anterior.

    O resultado do milho poderia ter sido ainda melhor, não fosse a queda de 15,3% na produção da Região Sul na primeira safra por falta de chuvas.

    Crescimento da segunda safra

    “Temos muito espaço para crescer, tanto em área como em produtividade”, diz o CEO da Agroconsult, André Pessoa. Ele lembra que o Brasil levou 15 anos para passar de 100 milhões de toneladas de grãos para 200 milhões, mas, para chegar às 300 milhões de toneladas vai levar menos tempo.

    Pessoa destaca o crescimento da segunda safra do milho como um diferencial agrícola brasileiro, pois esse plantio já representa quase 50% da área de cultivo tradicional de todos os grãos no verão. Só neste ano, a safrinha de milho ocupou 1,64 milhão de hectares a mais, graças a um cenário favorecido pelos bons preços nos mercados interno e externo, e o calendário antecipado da soja.

    Quanto mais cedo ocorre a colheita da soja, melhor fica a “janela” para o plantio do milho safrinha, evitando que a lavoura avance no período mais frio e seco do ano. “Com o calendário favorável, a maior parte do plantio ficou concentrada em janeiro e fevereiro, período ideal”, diz Pessoa.

    Transformação da safrinha pela tecnologia

    Durante as décadas em que fez parte da rede extensionista da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva acompanhou a transformação da safrinha de milho no estado. “Antes o produtor plantava trigo no inverno e milho no verão. Com a entrada da soja, passou a investir no cultivo do milho na entressafra para plantar soja no verão”, diz Silva.

    Segundo ele, no início era uma lavoura de baixa tecnologia mas, com o tempo, o produtor percebeu que, caprichando na adubação do milho, conseguiria ganho maior na soja seguinte.

    Agora aposentado, Silva aplica os conhecimentos em sua própria lavoura. Ele plantou milho safrinha em fins de dezembro, em Itapeva (SP), e conseguiu uma produtividade próxima de 6 mil kg por hectare (ha). O resultado é superior à média estadual, de 5,2 mil kg/ha, mas poderia ser melhor.

    “Faltou chuva entre maio e junho, fase crítica para a lavoura, e tivemos o ataque da cigarrinha do milho”, afirma.

    Milho em Mato Grosso

    Em Mato Grosso, maior produtor nacional de milho, as condições foram favoráveis à safrinha, diz o produtor Egidio Batista, de Primavera do Leste. Ele fez o plantio em janeiro e está encerrando a colheita com média de 6,1 mil kg/ha.

    “Como as chuvas vieram na época certa, usamos um bom pacote tecnológico, com sementes de alta produtividade. Foi uma das melhores safras de milho que já colhemos”, afirma. O estado deve produzir 21 milhões de toneladas este ano.

    “Safra estendida”

    Em Capão Bonito (SP), o produtor Marcos Alberto de Souza conseguiu média de 132 sacas por hectare – 7,92 mil kg -, uma das mais altas do país. “Em 20 anos que faço a safrinha do milho, essa foi a melhor colheita que tive.”

    Souza fez o plantio após a colheita da soja, na época mais propícia, entre 20 de janeiro e 22 de fevereiro. Ele integra a Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, cujos cooperados cultivaram 15 mil hectares de milho safrinha neste ano.

    “Tivemos média de 103 sacas por hectare, pois as chuvas vieram na época certa. Aqui chamamos de safra estendida, pois o milho entra na sequência da colheita da soja para evitar as geadas do início do inverno”, diz o gerente da cooperativa, Luiz Carlos Mariotto.

    Paraná

    Segundo maior produtor nacional de milho, com 17,6 milhões de toneladas nesta safra – 14,6 milhões da segunda safra -, o Paraná vem batendo recordes de produtividade, conforme Edmar Wardensk Gervásio, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

    “A segunda safra do período 2021/2022 no Paraná é recorde em área plantada, com 2,7 milhões de hectares, 8% maior que a da safra anterior”, diz. “A produtividade média é de 5,4 mil kg por hectare, mas temos produtores com média de 6 mil kg.”

    Conforme Gervásio, a produção de milho perdeu espaço para a soja na primeira safra e, em consequência, a segunda safra ganhou espaço, competindo com o trigo. Ele diz que a segunda safra tem gerado renda maior para o produtor.

    Para um custo de produção de R$ 46,73, a saca de milho está cotada em R$ 80. Em Mato Grosso do Sul, a colheita do milho safrinha avança com produtividade média de 78 sacas por hectare, o que deve garantir 9,34 milhões de toneladas para a produção nacional.

    O problema é que falta armazenagem. “O milho está chegando, mas ainda temos soja nos silos. Estão sendo utilizados bags (grandes sacos) para colocar essa safra”, explica o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura, Jaime Verruck.

    Produção de etanol de milho

    A produção de etanol, novo mercado para o consumo interno de milho, deve consumir este ano 10,3 milhões de toneladas do grão no Brasil, alta de 30% em relação a 2021, de acrodo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

    Segundo o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, o setor de etanol de milho está em expansão.

    “O etanol de milho se consolidou como alternativa para a verticalização da produção de milho, agregação de valor e, desde a última safra, como importante equalizador no mercado de combustível.”

    Hoje, 17 usinas de etanol de milho estão em operação, sendo 10 em Mato Grosso, 5 em Goiás, 1 no Paraná e 1 em São Paulo.

    Desde o ano passado, usinas que já atuam no mercado vêm anunciando expansão de suas unidades. Além disso, pelo menos duas novas unidades deverão entrar em operação este ano, uma delas em Dourados (MS).

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • Mercado do trigo está apreensivo com efeito das geadas no Sul do Brasil

    Segundo o analista Élcio Bento, as informações ainda não são precisas, mas o consenso é de que as perdas no trigo foram pontais

    mercado brasileiro de trigo começou a semana com as atenções voltadas para as notícias em relação ao frio intenso nos últimos dias 19 e 20.

    Segundo o analista de Safras & Mercado, Élcio Bento, as informações ainda não são precisas, mas o consenso é de que as perdas foram pontais.

    No Paraná, as lavouras da região Sudoeste foram as mais atingidas, porém, os estragos devem ocorrem apenas em áreas mais baixas.

    No Rio Grande do Sul, as lavouras suscetíveis se localizavam próximas à fronteira com a Argentina. Mesmo assim, eventuais estragos devem ter atingido um percentual muito baixo delas.

    “Em suma, o sentimento é de que o evento climático não foi suficiente para frustrar a expectativa de uma safra recorde no país. Claro que, com praticamente toda a safra nacional no campo, o clima segue sendo um fator chave. Além do frio na fase de enchimento de grão e de floração, as colheitas que começam a ficar prontas para a colheita podem sofrer perdas pelo excesso de chuvas”, explicou.

    Trigo

    No norte do Paraná a colheita já iniciou. Ainda é incipiente, mas deve ganhar força a partir do início de setembro. “Com isso, e com os preços internacionais e câmbio acomodando, a pressão
    sobre as cotações tende a persistir”, analisou.

    No Rio Grande do Sul a safra velha é indicada por volta de R$ 1.840/tonelada.

    Para exportação, com pagamento em janeiro as últimas indicações foram a R$ 1.700/tonelada, porém, sem interesse de vendedor. A indicação no FOB para a safra nova fica entre R$ 1.630 e R$ 1.650 a toneladas, mas insuficiente para atrair o apetite do vendedor. No Paraná as indicações no FOB ficam próximas a R$ 1.850 a tonelada na compra.

    Chicago

    Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços acentuadamente mais altos. O mercado foi impulsionado pelos sinais de boa demanda pelo produto dos Estados Unidos.

    As inspeções de exportação norte-americana de trigo chegaram a 594.273 toneladas na semana encerrada no dia 18 de agosto, conforme relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mercado esperava 450 mil toneladas. Na semana anterior, as inspeções de exportação do cereal haviam atingido 389.914 toneladas. Em igual período do ano passado, o total inspecionado fora de 729.288 toneladas.

    No fechamento desta segunda-feira, os contratos com entrega em setembro de 2022 eram cotados a US$ 7,70 1/2 por bushel, ganho de 17,25 centavos de dólar, ou 2,29%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em dezembro de 2022 eram negociados a US$ 7,88 1/4 por bushel, baixa de 17,25 centavos, ou 2,23%, em relação ao fechamento anterior.

    Fonte: https://www.canalrural.com.br/

  • XII Dia de Campo CCGL debaterá tendências e tecnologias da produção de leite

    Evento terá como foco o Programa Mais Sólidos Maior Valor

    Com o objetivo de acompanhar as tendências e tecnologias da produção de leite, a CCGL, através do setor de Difusão de Tecnologia e Pesquisa, realizará o XII Dia de Campo, em 25 de agosto, a partir das 9h, no Tambo Experimental da CCGL em Cruz Alta/RS.

    O evento retorna de forma presencial, após a edição on-line devido à pandemia, e terá foco no Programa Mais Sólidos Maior Valor CCGL. O projeto inovador inicia um novo momento no sistema de precificação do leite, com base na quantidade de gordura e proteína entregues pelos produtores.

    Os temas da estação serão: manejo nutricional para Mais Sólidos, produtor do futuro, impactos da CCS no ganho do produtor, conforto animal ao alcance de todos, qualidade de forragem, ordenha robótica no Tambo Experimental e correção de solo.

    Conforme o Gerente de Suprimento de Leite da CCGL Jair da Silva Mello, os Dias de Campo são fundamentais para discutir, na prática, as tecnologias e recomendações aos produtores de leite atendidos pelas cooperativas associadas e Difusão de Tecnologias da CCGL. — Neste momento de retomada das operações presenciais, é muito importante a presença dos nossos produtores, pois inúmeros processos e tecnologias foram implantados nos últimos dois anos — explica Jair.

    Ele também salienta que o grande diferencial da CCGL e suas Cooperativas é o investimento em conhecimento aos técnicos e produtores, para fazer diante das dificuldades impostas pelo mercado, fazendo com que o produtor possa assegurar renda e ter qualidade de vida. — Nesse dia de campo, em especial, teremos o foco no Programa Mais Sólidos, implantado em julho deste ano, sendo inédito, inovador e pioneiro nessa modalidade no Brasil. Iremos, em médio prazo, mudar o perfil da produção de leite dos nossos produtores, com todos ganhando mais, de acordo com o leite produzido — ressalva o Gerente de Suprimento de Leite da CCGL.

    O evento é uma realização da CCGL, com patrocínio do BRDE e apoio da SmartCoop, RTC e Delaval, sendo exclusivo para produtores CCGL e com vagas limitadas. Para mais informações, entre em contato com o técnico de sua cooperativa.

    Fonte: ASCOM CCGL